O Globo: 16/09/2013

Manifestantes são rotulados de vândalos

Roney Belhassof
Ocuppy Brasil
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2 min readOct 17, 2013

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Minha opinião publicada no FB:

Ainda não entendi muito bem o que está havendo. Os cidadãos que tem lutado por seus direitos nas ruas ou dando apoio online se satisfazem com “a Globo apóia a ditadura”. Eu não… Por que ela apóia? Por que a maior parte da mídia apóia? Por que apoiam mesmo que as manchetes contradigam o conteúdo das matérias (será uma forma de jornalistas dizerem que não concordam com a editoria?)? Até 15 dias eu achava que se tratava de receio de alimentar manifestações horizontais cujos movimentos são difíceis ou até quase impossíveis de prever, mas agora, dando sempre espaço privilegiado para a reação popular ignorando a violência do estado a mídia passa a estimular o crescimento da revolta popular inclusive contra ela. No meu clipping (clippingRoneyb no bitly) tem um artigo do observatório da imprensa que apresenta uma explicação convincente, mas começo a achar que é insuficiente. Com certeza o que está em jogo é dinheiro e/ou poder. Boa parte da mídia pode ser comprada por pouco, alias boa parte dela é sustentada por pequenos grupos religiosos ou ruralistas por exemplo, mas A Globo é outro caso. Uma única novela de sucesso pode render um bilhão de reais. Nem Cabral, nem Paes, nem os Barata juntos teriam condições de comprar a Globo (em termos de custo / benefício) e nem a Globo está agindo assim por ser “do mal” ou, como nos tempos da ditadura, num tipo de auto-censura para evitar atrito com um governo que poderia fechá-la arbitrariamente. A pergunta que devemos nos fazer (ou pelo menos a que faço a mim mesmo) é “quem é o inimigo? Sim. Há um inimigo quando manifestações pacíficas e com claras reivindicações não conseguem mais do que notas de rodapé, quando as agressões do Estado a essas manifestações são praticamente ignoradas, quando a reação popular é tratada como vandalismo (mas não os arrastões lacrimogêneos da polícia) a despeito de todos os fatos amplamente divulgados pela própria mídia (basta ler o conteúdo das matérias) e online por uma população que se converte em mídia preenchendo o vazio que se formou. Sim, há um inimigo, mas duvido que seja a Globo, o resto da mídia, empresas de ônibus, prefeitos, governadores ou a federação. Um fantasma assombra o reino de Hamlet…

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Roney Belhassof
Ocuppy Brasil

Consultor em gestão do conhecimento desde 1993. Atualmente estuda as mudanças sociais, culturais e geo-políticas da sociedade hiperconectada.