Poesias do 3o Sarau da Oficina da Palavra

Cyntia Silva
Oficina da Palavra

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O 3o Sarau da Oficina da Palavra foi, mais uma vez, um encontro de poesia, música, fotografia, cinema e amig@s.

Aconteceu no primeiro sábado de primavera de 2016, na atmosfera do bar Armazém do Córrego, onde se transpirava poesia em cada pedacinho daquele aconchegante espaço.

Com máquinas de escrever antigas espalhadas por todos os espaços (até no banheiro), sentimo-nos em casa. Iniciamos com a exibição do curta “Chacal Palavra Filme”e prosseguimos com leitura de poesias pelos participantes.

Destaque da noite foi a mostra dos “poemagens” que resultaram de nosso desafio literário juntando poesia e fotografia.

Os textos vieram de Florianópolis, Brasília, Rio de Janeiro e Recife (Isadora da Silveira, Paulo Paniago, Marcelo Labes, Piu Gomes, Getúlio Vargas e Cyntia Silva).

Confira a poesia dos que se fizeram presentes, em carne e osso ou de forma remota:

O poeta Marcelo Labes estava presente e compartilhou algumas de suas poesias de seu livro Trapaça.

Ouça-o aqui

O escritor e poeta Paulo Paniago, de Brasília, nos brindou com seu livro de poesias Nocaute do qual destacamos uma em especial:

Coração desafinado
Se fosse fazer balanço de amores perdidos
empregos de que não gostei
livros que não li
amigos relegados
negligências sentimentais
olha vou dizer
por isso não gosto de economia
nada sei sobre equilíbrio
na balança comercial dos afetos
e essa dorzinha de cabeça que não passa

Paulo Paniago, Brasília — DF

POEMAGENS

SUICÍDIO

quando eu
quiser
eu pulo
da janela
aquela
da altura
de um
paralelepípedo

Piu Gomes — Rio de Janeiro

Is’adorando
Me pego te pensando
E se não te penso (tão raro)
Até desejo
Me diz pra não rir do vento
Do vento que tudo leva
Que sopra sobre a vida
E do vento que chama
-tempo-
Fica só tu
(que é eterno)

Isadora Silveira — Florianópolis

Foi assim,

Dias passaram,
A lembrança fala com voz suave
Que o futuro me espera
E ela fala comigo
Como um velho e conhecido amigo
E ela sopra
Devagarosa me pede
Que eu seja novamente
E para sempre; porto seguro d’suas memórias

Isadora Silveira — Florianópolis

Pescando Palavras

Folha em branco

Ideias no infinito

Na esperança de alcançar

palavras e ideias,

lanço o papel ao mar

Depois da tormenta,

pesco histórias.

Cyntia Silva — Florianópolis — SC

Balaio de Carapebas Mortas

Ante o passado
Pisando estás pedras disformes,
A lama, as ostras, os mariscos,
Vejo-me marchando de uniforme cáqui,
Criança, Olhando o rio….
Era o sonho de partir….
Agora, Aqui estou!
Dissecando ao vento
Feito avoadores nos palanques,
Cansado de lembranças juvenis…
Aqui estou,
Ante o novo, o moderno,
Feito o lume oscilante de um flash light
Na escuridão de ruas ermas…
Aqui estou, Ferindo os olhos
De intenso verde mar, Salitrado de peixes e búzios,
Feito barragens Sangrando salinas….
Feito salinas Sangrando vidas…
Aqui estou, Vivendo o extraordinário das lembranças,
Das visões,
Posto e exposto,
Assustado,
Feito um menino perdido em uma procissão…
Aqui estou,
Transmudando-me como dunas,
Entranhando-me feito o açúcar das Algarobas,
Dos camapuns,
Singrando-me entre gamboas…
Aqui estou,
Olhos embaçados,
Chorando a tristeza do que fizeram de ti,
Feito a dor da impotência
Ante a maldade dos insensatos,
Feito a dor da ausência
Latejando em um coração
Abarrotado de saudade…
É tristeza….
Feito o brilho quase opaco
De um balaio de Carapebas mortas…

Getúlio Vargas, Pernambuco — RN.
Para Macau -RN (
*Enviado pós-sarau).

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