6 grandes momentos na história LGBTI para além de Stonewall

Bruno Ferreira Botelho Lopes
oh, great! it’s bruno
6 min readJun 28, 2018

Durante o Mês do Orgulho, homenageamos nossas origens no bar Stonewall Inn, em 1969. Mas o que não ouvimos com frequência são as outras ações políticas e revoltas que avançaram o movimento pelos direitos LGBTQ+ desde os anos 1920 até hoje.

Por Elyssa Goodman

Você está familiarizado com Stonewall, é claro, mas e os movimentos ativistas ao longo da história que não receberam tanta atenção? Ações queer políticas e inovadoras têm sido uma parte ativa da história moderna, com quase 50 anos de valor antes daquele dia fatídico em 1969. Hoje, antes das celebrações do Orgulho LGBTI deste mês, vamos dar uma olhada em algumas das mais obscuras ações políticas que também mudaram o curso da história queer.

1920 A Sociedade pelos Direitos Humanos
Quando o soldado do exército americano Henry Gerber esteve na Alemanha entre 1920 e 1923, ele viu o surgimento de organizações homófilas, como os grupos de direitos gays já foram eram chamados.
Gerber foi inspirado pelo trabalho do Dr. Magnus Hirschfeld, fundador do Comitê Científico-Humanitário, uma organização dedicada a anular as decisões anti-homossexuais da Alemanha. Gerber acreditava que deveria haver uma organização como essa na América e, ao retornar a Chicago em 1924, dedicou-se a desenvolver uma.

O grupo se reuniu em dezembro de 1924 como a Society for Human Rights, a primeira organização de direitos dos gays nos Estados Unidos. Eles produziram o primeiro boletim sobre direitos dos homossexuais no país, chamado “Liberdade e Amizade”. Pouco depois de o boletim ser disseminado, a casa de Gerber foi invadida pela polícia. Ele foi preso, seus documentos foram confiscados, ele perdeu o emprego e as economias da vida. A sociedade se desfez. Mais tarde, Gerber mudou-se para Nova York e começou a escrever novamente trabalhos de ativistas, desta vez sob o pseudônimo de “Parisex”. Ele continuou seu ativismo até sua morte — na década de 1970.

1950 A Sociedade Mattachine
A Mattachine Society foi formada no início dos anos 1950 por Harry Hay. Tudo começou no sul da Califórnia, mas rapidamente se espalhou pelo estado e pelo país, proporcionando um espaço para gays e lésbicas se reunirem e discutirem suas experiências como homossexuais. Este era um conceito radical em uma época em que poucos americanos eram assumidos e em alguns lugares era ilegal que os homossexuais se reunissem. A organização iniciou a reivindicação de que os homossexuais eram uma minoria oprimida, que desenvolver uma comunidade era essencial para superar a opressão e que a legislação anti-gay nos EUA precisava ser anulada. No entanto, em 1953, os ideais radicais do grupo foram trocados por outros mais acomodatistas, que afirmavam que os homossexuais deveriam se adaptar — e não combater — aos estilos de vida heterossexuais para obter igualdade. Os historiadores de hoje discordam sobre a eficácia da organização depois disso, variando entre a alegação de que ela floresceu e ajudou a fazer mudanças na legislação, ou que a associação declinou, levando ao seu fracasso. Os Mattachines se dissolveram no final dos anos 60, quando o ativismo pelos direitos dos gays se tornou mais agressivo.

1950As filhas de Bilitis
A Daughters of Bilitis foi formado em 1955 em São Francisco por Phyllis Lyon e Del Martin. Foi batizada em homenagem às Canções de Bilitis, de Pierre Loues, em que Bilitis era uma amante do poeta grego Safo. A Daughters of Bilitis foi uma das primeiras organizações lésbicas já estabelecidas nos Estados Unidos, espalhadas por todo o país e até mesmo na Austrália, durante os anos 1950. Originalmente reunido como um local de encontro para lésbicas, o grupo também realizou fóruns públicos para ensinar as pessoas sobre a homossexualidade e deu apoio a lésbicas solteiras e casadas, bem como mães lésbicas. O grupo acabou evoluindo para promover os direitos das lésbicas e políticas feministas lésbicas. A Daughters of Bilitis foi encerrada no início dos anos 70, mas se tornou conhecida por seu compromisso de promover a compreensão dentro e fora da comunidade lésbica e estabelecer um exemplo bem-sucedido para inúmeras organizações lésbicas que estariam por vir.

1960 O motim da cafeteria de Compton
A revolta na Cafetaria Gene Compton, no bairro Tenderloin de São Francisco, aconteceu em agosto de 1966. Um policial agarrou uma drag queen, na tentativa de prendê-la, e ela jogou uma xícara de café na cara dele. Um motim começou quase imediatamente, com janelas de vidro esmagadas, mesas arremessadas e talheres jogados. Não era para menos: policiais costumavam prender drag queens, prostitutas, gays e transgêneros regularmente no restaurante por eles estarem se vestindo de acordo com o gênero oposto, por obstruírem a calçada ou por qualquer motivo que pudessem encontrar para jogá-los na prisão . Não ajudava o fato dos proprietários de Compton desaprovarem a presença das drags, das prostitutas e das mulheres trans, retirando-as do local ou ligando para que os policiais fosse expulsá-las. Após o incidente, o restaurante proibiu as mulheres trans de frequentar o local e a comunidade queer rebelou-se, atacando o estabelecimento e quebrando suas novas janelas. A revolta de Compton não recebeu nenhuma cobertura em nenhum dos jornais de São Francisco, mas hoje é reconhecida por sua importância como um dos primeiros levantes queer contra a brutalidade policial.

1970 As Irmãs da Indulgência Perpétua
O Sisters of Perpetual Indulgence surgiu pela primeira vez em 1979, quando quatro homens gays entediados com a mesmice do bairro de Castro, em São Francisco, adotaram as vestimentas de freiras aposentadas. Percebendo que sua presença poderia trazer alegria e iniciar uma mudança social, eles formaram uma ordem de freiras queer, O Sisters of Perpetual Indulgence. Hoje, vestindo versões drag das vestimentas das freiras, elas chamam a atenção para a discriminação e a hipocrisia religiosa, promovem o sexo seguro e educam contra os efeitos perigosos do uso de drogas, enquanto arrecada dinheiro para a AIDS e causas relacionadas à comunidade LGBTQ+. Desde então, o grupo expandiu-se pelo mundo.

1970 Ação revolucionária de travestis de rua (STAR)
A Street Travestie Action Revolutionaries, ou STAR, foi organizada por ícones queer históricos e drag queens, como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera. Ambas estiveram presentes em Stonewall, atuaram no GLF — Frente de Liberação Gay — e decidiram organizar jovens trans sem teto, drag queens, profissionais do sexo, imigrantes e pessoas de baixa renda em Nova York. Rivera e Johnson também estavam desalojadas e viram a STAR como uma maneira de ajudar e fornecer abrigo para as pessoas que elas reconheciam como seus filhos. Elas compraram um prédio, consertaram, deram abrigo e roupas para as pessoas que passaram por lá. A STAR cresceu de Nova York para Chicago, Califórnia e mesmo na Inglaterra, durando aproximadamente três anos antes de ser desativada.

Embora a rebelião de Stonewall seja obviamente importantes, sua história começa décadas antes e continua até hoje. Graças a pessoas como Henry Gerber, Phyllis Lyon, Sylvia Rivera, Larry Kramer e inúmeros outros, o ativismo queer ainda tem uma voz forte dentro e fora da comunidade. Nós devemos muito ao legado deles. Continuaremos a falar em homenagem aos avanços que fizeram por nós e às vidas que esperamos mudar no futuro.

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Esta é uma tradução do artigo “6 Major Moments in Queer History BEYOND the Stonewall Riots” de Elyssa Goodman, para a them.

This is a them. original content

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