Boy Erased não foi censurado no Brasil!

Bruno Ferreira Botelho Lopes
oh, great! it’s bruno
4 min readMar 5, 2019

Mas isso não significa que não há MUITO a ser falado sobre o caso.

Entenda o caso:

Boy Erased, a adaptação cinematográfica do livro de memórias “Uma verdade anulada” do ativista gay Garrard Conley sobre as terapias de conversão sexual, estava previsto para estrear nos cinemas brasileiros em 31 de Janeiro de 2019.

Apesar disso, o filme não estreou na data prevista, motivando um usuário do twitter perguntar ao perfil da Universal Pictures (distribuidora do filme no Brasil) quando seria feito o lançamento, quando recebeu essa resposta:

Depois dessa informação tomar a mídia, o ator Kevin McHale (de Glee) foi até o twitter e falou que o filme havia sido banido no Brasil, citando o perigo que o atual presidente representa para a comunidade LGBTQ+.

O que foi replicado pelo escritor do livro original, que falou explicitamente em censura:

( Ele apagou o tweet original)

O que, obviamente, levou o nosso presidente de twitter a se manifestar também:

De fato, ele tem mais o que fazer mesmo.

Mas a pergunta que fica é: Afinal de contas, BOY ERASED foi censurado no Brasil?

E a resposta é: NÃO!

Evidência 01:

Não houve nenhuma análise prévia do filme pelos órgãos de governo que impedissem a exibição do filme no Brasil devido à temática! Na verdade, o filme irá chegar ao Brasil através do home video, como diversas outras obras que são lançadas diretamente para DVD/BLU-RAY no país.

Evidência 02:

Outro filme que também fala sobre a temática das terapias de conversão sexual está com a estreia confirmada no país, “O Mau Exemplo de Cameron Post”. E outro filme que seria distribuído no Brasil pela Universal — e que se saiu um pouquinho melhor nas bilheterias americanas que Boy Erased — também foi cancelado no Brasil!

Assim, porque Boy Erased não foi lançado no Brasil?

A distribuidora falou em uma inviabilidade exclusivamente financeira. Isso porque o filme, apesar da extensa campanha de marketing e da presença de atores conhecidos, foi um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos, arrecadando menos de 7 milhões de dólares.

Além disso, o filme foi completamente ignorado pelo Oscar, apesar da alta expectativa, não sendo indicado para nenhuma categoria — o que também não ajudou em sua reputação.

O que isso significa?

Isso significa que é bastante prematuro falar em uma censura oficial do governo, já que não há o MENOR indício de ter acontecido esse fato.

Entretanto, é inegável que o atual governo conservador e a homofobia institucionalizada e propagada por essa gestão representa sim um risco real para as artes e para o cinema LGBTQ+. Isso passando desde o corte de recursos para viabilizar produções culturais nessa temática até a promoção de valores LGBTfóbicos que vão, aos poucos, corroendo e invisibilizando a participação de artistas e personagens LGBTs em nossos produtos culturais.

É importante saber:

Polêmicas como essa são válidas para nos lembrar da importância do engajamento de nossa comunidade para a concretização dos nossos anseios de visibilidade, representatividade e promoção da cultura queer.

Sabendo da importância dessa discussão, diversos grupos já estão articulando para a exibição pública do longa-metragem, bem como está rolando uma petição online para demonstrar que a audiência nacional tem interesse em assistir o produto nos cinemas!

Isso porque, apesar dessas discussões serem eminentemente políticas, para algumas pessoas…é só business.

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Curtiu o bate-papo? Esse conteúdo foi disponibilizado em primeira mão no meu instagram @ohgreatitsbruno. Você pode conferir mais conteúdo queer nos meus destaques!

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