Educadores não podem ignorar estudantes trans. Nossos futuros dependem disso.

Bruno Ferreira Botelho Lopes
oh, great! it’s bruno
3 min readFeb 8, 2018

Sejamos honestos: aulas de biologia, anatomia e educação sexual são estressantes para alunos trans.

Por Nate Fulmer.

Eu pessoalmente me recordo de estar sentado na aula de biologia do primeiro ano, que eu precisava para me formar, como um recém-assumido homem trans. Eu tive que lidar com disforia de gênero enquanto meu professor constantemente dizia “meninos tem…” e “meninas tem…” quando se referia à partes do corpo. Eu não conseguia parar de pensar sobre as formas como o meu corpo não eram tradicionalmente masculinas. Foi de um peso emocional tremendo, sobretudo com os comentários transfóbicos por parte dos meus colegas de sala. De alguma forma, eu precisei tentar e aprender o conteúdo.

Em parte devido à minha experiência com biologia no primeiro ano, eu estou entre os 75% de estudantes transgêneros que se sentiram inseguros na escola devido à sua identidade de gênero. É responsabilidade dos educadores criar um ambiente onde estudantes trans podem se sentir seguros e podem aprender, o que inclui garantir que a cultura em sua sala de aula e o currículo sejam inclusivos para pessoas trans.

Não é surpresa que a pesquisa do GLSEN demostrou que alunos vestibulandos LGBTQ cujo currículo escolar STEM ( Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) incluía conteúdo positivo à LGBTQs tenham o dobro de interesse em se aplicar para uma faculdade neste campo. Nossas experiências na sala de aula realmente fazem a diferença em como vivemos nossa vida no futuro.

Minha experiência como um aluno trans não me deixou apenas inseguro, mas especificamente me fez decidir não assistir aulas de biologia no ano seguinte, criando uma barreira no aprofundamento da minha educação nos campos de Ciência. Se alunos trans como eu são constrangidos à sair das aulas de biologia, careceremos de representatividade no meio médico, já que os estudantes de biologia hoje serão os profissionais do sistema de saúde amanhã.

Atualmente, médicos são severamente despreparados para cuidar de pacientes trans. De acordo com uma pesquisa nacional (americana) sobre discriminação à pessoas transgêneras, 19% dessas pessoas já foram recusadas à receber tratamento médico devido à transgenereidade ou não-conformidade de gênero, 28% já sofreram abuso verbal no consultório médico, sala de emergência ou outro espaço clínico e 50% afirmou ter que ensinar à seus médicos sobre cuidados com pacientes transgêneros.

Criar o ambiente para que futuros estudantes trans se tornem profissionais da área médica inicia-se na escola. Pela saúde emocional dos estudantes trans, suas aspirações profissionais e pelo futuro dos serviços de saúde, educadores — sobretudo das áreas de ciências — devem trabalhar para transformar suas salas de aula e seus currículos em inclusivos para pessoas trans. Isso pode se iniciar com a mudança da linguagem utilizada em classe.

A linguagem neutra de gênero é transformadora para mim e outros alunos trans. Após me sentir tão frustrado com meu professor de biologia no primeiro ano, eu chamei para mim a responsabilidade de trabalhar com meu professor de anatomia e fazer sua aula sobre reprodução sexual utilizar linguagem inclusiva no segundo ano. Implementar a linguagem neutra de gênero substituiu minhas estressantes experiências por uma revigorante paixão por biologia. Utilizando as dicas deste guia (em inglês), educadores podem incorporam linguagem neutra de gênero em qualquer aula de biologia, anatomia ou educação sexual. Educadores também podem dar um passo à frente e ver as outras políticas do GLSEN para apoiar alunos trans (em inglês).

Tomando a iniciativa e tornando as aulas de ciências mais inclusivas para pessoas trans, educadores criam a base para um futuro melhor para todos.

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Esta é uma tradução do artigo “Educators Can’t Ignore Trans Students. Our Futures Depend on It”, de Nate Fulmer, para a GLSEN.

This is a GLSEN original content.

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