Invasão russa acende medo na comunidade LGBTQIA+ da Ucrânia.

Bruno Ferreira Botelho Lopes
oh, great! it’s bruno
3 min readMar 3, 2022

“Eles não nos permitirão existir pacificamente”:

Autor: Conor Clark Tradutor: Bruno Ferreira

Membros da comunidade LGBTQIA+ da Ucrânia estão com medo do que o futuro pode reservar se a Rússia assumir o controle do país. Durante meses, autoridades ocidentais relataram que a Rússia planejava uma invasão da Ucrânia que poderia começar a qualquer momento — algo que Vladimir Putin negou veementemente. Nas primeiras horas do dia 24 de fevereiro, entretanto, autoridades ucranianas afirmaram que a Rússia havia lançado um ataque total ao país com tropas cruzando as fronteiras.

Também houve relatos de explosões e tiros em todo o país, inclusive em torno de sua capital, Kiev. Algumas pessoas LGBTQIA+ que vivem lá disseram à CBS News que as ações da Rússia são “uma ameaça direta” à sua segurança. “Isso significaria uma ameaça direta para mim e especialmente, bem, para mim e para a pessoa que amo”, disse a estudante de direito de 18 anos Iulia à emissora.

A estudante explicou ainda que seu objetivo é usar sua graduação em direito para lutar pelos direitos LGBTQIA+ na Ucrânia, onde estuda para ser advogada. “Na Rússia, as pessoas LGBTQ são perseguidas”, acrescentou Iulia.

“Se imaginarmos que a Rússia ocupa toda a Ucrânia ou apenas uma grande parte do país, eles não nos permitirão existir pacificamente e lutar por nossos direitos, pois podemos fazer isso na Ucrânia agora.” A estudante também afirmou que na “muito mais seguro do que na Rússia”, apesar da Ucrânia não permitir o casamento gay. “Ainda temos muitas coisas a fazer sobre nossos direitos e nossas liberdades, mas na Ucrânia você pode se expressar plenamente”, disse ela. A Rússia tem um longo histórico de perseguição a membros da comunidade LGBTQ+.

No ano passado, a Rússia baniu constitucionalmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo — apesar deste nunca ter sido legal. Em 2013, o país proibiu a “propaganda” homossexual dirigida a menores com uma nova lei, algo que acabou se tornando motivo para a proibição das marchas do Orgulho LGBT e da exibição de bandeiras do arco-íris.

“A Ucrânia é um país europeu”, explicou Edward Reese, assistente de projeto da Kyiv Pride. “Temos uma história de 10 anos de marchas do Orgulho LGBT e, como você sabe, na Rússia, a situação é oposta.” Reese também disse à CBS News: “Os países tem caminhos totalmente diferentes. … Vemos as mudanças nos pensamentos das pessoas sobre direitos humanos, LGBTQ, feminismo e assim por diante. … Então, definitivamente, não queremos ser conectados à Rússia … e não seremos”.

O porta-voz disse que membros da comunidade LGBTQ+ estão se preparando para ajudar o exército ucraniano, oferecendo cursos de primeiros socorros para quem quiser.

“Temos medo, é natural, mas não entramos em pânico. Nós doamos para o exército. Eu sei que ontem, o fundo de apoio ao exército ucraniano, que está ajudando nosso exército, atingiu o máximo de doações em sua história. E o Kyiv Pride [organização LGBTQIA+ local] também postou o link para as doações e eu sei que as pessoas LGBT doaram. Eu mesmo doei também para os batalhões médicos”, disse o representante do Kyiv Pride.

“Nós não acreditamos que [a ocupação russa] vai acontecer, mas se acontecer, , tenho certeza que muitas pessoas LGBTQIA+, inclusive eu, não iremos fugir do país: ficaremos para defendê-lo e destruir [as tropas russas].”

Esta é uma tradução do artigo ““They won’t allow us to exist peacefully”: Russian invasion sparks fear for Ukraine’s LGBTQ+ community”, de Conor Clark, para a gaytimes.uk

--

--