Análise a ‘Cyberpunk 2077’

Bernardo Pinto Candeias
oitobits
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3 min readDec 28, 2020

Há 3 semanas que estou a tentar decifrar o problema de Cyberpunk 2077. Não é fácil de engolir esta escarpeada, especialmente pela desastrosa gestão de expectativas da CD Projekt Red que resultou num make up muitíssimo apelativo que esconde uma empreitada ainda com os tijolos à vista.

Cyberpunk 2077 não é tão mau quanto se diz nem tão bom como se esperava.

O grande problema de Cyberpunk 2077 é também um dos seus maiores aliados — uma poderosa e criativa equipa de marketing que ao longo de anos fez crescer um hype que, a certo ponto, descontrolou-se. Alguém que contrata o Keanu Reeves para promoção ao jogo e fazer um sign off aos trailers, sabe que a jogada vai dar certo, esquecendo-se que, uns andares abaixo, a equipa de developers transpirava para atingir as expectativas de desempenho.

O adiamento do jogo na primeira metade do ano, além de algum receio do que a pandemia iria trazer, foi um sinal de alarme para a developer que em grande parte dos seus lançamentos apresentava conteúdos de alta qualidade e com um brio singular — vendo-se então uma comunicação efectiva, cativante, com um produto que não iria corresponder às expectativas. Ou seja, aquilo que se compra não é bem aquilo que nos chega às mãos. O lançamento de Novembro, que passou para Dezembro, já começou a estranhar aos jogadores, e este foi o resultado, culminando com um tiro no pé, quando a Sony PlayStation decide retirar o jogo da sua loja online.

Mas será o jogo assim tão mau? De fora, quem ainda não jogou mas ouve toda este chit chat em torno do jogo, fica logo de pé atrás. Mas na realidade…

Cyberpunk 2077 não é tão mau quanto se diz nem tão bom como se esperava. Estão novos fixes para chegar? Sim — e grandes — em Janeiro e Fevereiro. Vão mudar integralmente o jogo de forma a corrigir todos os problemas? Não, não vão. A realidade é que Cyberpunk 2077 procura ser um Grand Theft Auto futurista e como first person, não conseguindo nem atingir a concepção gráfica, técnica e física de GTAV nem a originalidade que um FP em mundo aberto poderia trazer. E falo de GTAV pois Cyberpunk 2077 esforça-se demasiado para seguir os seus passos — um jogo que não para de lucrar à Rockstar Games, anos a fio, e cuja capacidade gráfica é difícil de igualar.

Comparação pela Bear Gaming Asia

Apesar de tudo, toda a vertente tecnológica do jogo é muito interessante, num futuro estranhíssimo e hiper-conceptual, com um argumento bem pensado e uma banda sonora também impactante. A mecânica do jogo flui bem, conseguimos compreender os controlos e toda a disposição gráfica, HUD, logo bem no início do jogo. O mapa é muito grande, as possibilidades também são muitas. Mas quem está habituado a jogar mundos abertos e jogou GTA, não se consegue distanciar. É um jogo minimamente competente, mas isso não é suficiente.

Resta-lhe limar todas as arestas com os próximos fixes que deverão ser muitos ao longo dos próximos meses. Quem sabe, tenhamos um update a esta review em 2021. Para já, fica encostado prateleira.

‘Cyberpunk 2077’ — ★★★☆☆

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Bernardo Pinto Candeias
oitobits

Marketing & Communications | PR, Brand & Digital Media Strategist | Filmmaker and Scriptwriter