Análise a ‘The Cuphead Show!’

João Pardal
oitobits
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3 min readMar 5, 2022

★★★★ — Uma contínua homenagem aos períodos dourados de animação.

Fotografia: The Cuphead Show! / DR: Netflix

The Cuphead Show! é a adaptação em desenho animado do videojogo que é ele próprio inspirado em desenhos animados dos anos 30 e 40 do século XX.

Confusos? Passo a explicar então: Cuphead começou por ser um projeto de paixão dos irmãos Chad e Jared Moldenhauer que, inspirados pelo estilo de desenhos dos estúdios Walt Disney e Fleischer dos anos 30, decidiram criar um videojogo que prestava tributo a esses tempos e, em simultâneo, piscava o olho aos jogos ‘run-and-gun’ do passado como Contra e Metal Slug.

Desde o primeiro protótipo de 2010, passando pelo trailer na E3 de 2014 e sucessivos adiamentos, Cuphead foi lançado primeiramente na consola Xbox e no PC em 2017. Ficou disponível na Nintendo Switch e Playstation em anos posteriores.

Apesar do longa espera, Cuphead foi aclamado pela crítica e pela comunidade. Até hoje, estima-se que tenha vendido mais de seis milhões de unidades e, no presente ano, o DLC ao jogo original — intitulado brilhantemente como The Delicious Last Courseserá disponibilizado em junho de 2022.

Mas até lá, os fãs podem experienciar a adaptação em desenhos animados de Cuphead. Produzida e disponibilizada na Netflix, The Cuphead Show! é constituída por 12 episódios e cada um deles tem cerca de 13 minutos, ou seja, são curtas metragens com uma história distinta.

A voz do Cuphead… é “estranha”

O primeiro grande impacto que os fãs do videojogo irão notar quando meterem um dos episódios de The Cuphead Show! a reproduzir, será a voz dos protagonistas. Tru Valentino e Frank Todaro dão vida a Cuphead e Mugman respetivamente e confesso que foi algo que, no início, "estranhei” mas depois “entranhei”.

Nos videojogo, Cuphead e o seu parceiro foram heróis mudos que, contrastava, com a vivacidade dos diferentes níveis através das cores e da banda sonora. Por isso, ouvir vozes a sair das suas boquinhas foi um processo de difícil habituação. No entanto, a química entre ambos é inegável, fazendo recordar até as dinâmicas entre o Ren e o Stimpy da Nickelodeon.

O tipo de humor faz recordar outros tempos de animação com bastante fisicalidade à mistura. Por outras palavras, há bastante ‘slapstick’ entre os personagens deste universo.

Em termos de produção, a adaptação da Netflix mantém a fasquia despoletada no videojogo e cada episódio evidencia um lado diferente de cada personagem. Um pequeno pormenor que mostra a vertente de paixão deste projeto é o facto dos episódios terem o chamado ‘film grain‘, dando um toque vintage a um produto feito no século XXI exibido numa plataforma de streaming.

No derradeiro episódio, há a aparição de Miss Chalice, uma das novas protagonistas e futura estrelas do conteúdo DLC do videojogo, fazendo com que se “abra o apetite” para o conteúdo extra que chegará, ao que tudo indica, em junho.

Para quem jogou Cuphead (ou então tenha, pelo menos, assistido alguns vídeo de gameplay) irá reconhecer alguns personagens e cenários ao longo dos episódios em pequenos momentos de ‘fan-service’. No entanto, não é fundamental ter esse conhecimento prévio para apreciar as peripécias que são apresentadas

De forma resumida, The Cuphead Show! é um produto de excelência vindo de uma franquia que tem tudo para se expandir a olhos vistos. É uma homenagem aos tempos de ouro de animação vindo de uma equipa que nutre uma paixão por esta indústria.

Ideal para quem fazer binge-watch ou, então, para quem procura pequenas doses de animação para descomprimir.

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João Pardal
oitobits

Podcaster no Piado do Pardal. Melómano musical e apaixonado pela cultura pop.