Análise a ‘The Last of Us Parte I’ (Remake, PS5)

★★★★★ — Uma das mais extraordinárias recriações de um videojogo de sempre!

Bernardo Pinto Candeias
oitobits
4 min readAug 30, 2022

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A arte é feita de experiências. Umas das coisas que eu mais gostaria de fazer era formatar a minha memória de forma a sentir, de novo, como se fosse pela primeira vez, uma música, um filme, um livro, sem saber o que esconde a página seguinte ou a sequência de fotogramas. Gostava de ter a oportunidade de ver de novo O Padrinho, mas sem saber nada do que acontece nem conhecer as personagens.

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Os remakes não são, em nenhuma área do entretenimento, necessariamente maus. Consequentemente, acabamos todos por ser remakes disto ou daquilo, um misto de experiências traduzido numa criação nova. Mas os remakes têm um problema recorrente: não serem tão bons quanto os originais. Na maioria das vezes, são meras tentativas de aproximação e só isso lhes confere uma certa inferioridade. Nós não lidamos bem com os remakes porque não nos fazem sentir o mesmo que os originais.

Os remakes não são, em nenhuma área do entretenimento, necessariamente maus. Consequentemente, acabamos todos por ser remakes disto ou daquilo, um misto de experiências traduzido numa criação nova. Mas os remakes têm um problema recorrente: não serem tão bons quanto os originais. Na maioria das vezes, são meras tentativas de aproximação e só isso lhes confere uma certa inferioridade. Nós não lidamos bem com os remakes porque não nos fazem sentir o mesmo que os originais.

The Last Of Us, o primeiro, foi lançado em 2013 para a PlayStation 3, num momento no tempo em que eu estava dividido em tantos projetos que o jogo não teve uma grande importância no meu dia a dia. Pouco me lembro de ter jogado o jogo nessa altura, se é que de facto o testei quando foi inicialmente lançado. Foi no remaster para a PlayStation 4 que me aproximei mais do argumento e da dramaturgia do jogo. Ao longo do tempo, esta aventura tornar-se-ia num dos maiores estandartes da Sony PlayStation, culminando, mais recentemente, em The Last of Us Parte II, esse sim que acompanhei de perto e me apercebi do significado desta aventura para tantos jogadores: mais de metade da experiência é a história. As personagens marcaram profundamente os jogadores e essa é uma das razões fundamentais do sucesso desta aventura, para além, claro, de toda a extraordinária componente técnica desenvolvida pela Naughty Dog.

Nove anos depois, duas gerações de consolas depois, The Last of Us Parte I regressa para assinalar a sua presença na PlayStation 5, totalmente refeito para uma consola tão mais poderosa que a PS3 do jogo original. Mas será que este jogo de 2013 tem lugar nas nossas bibliotecas de hoje e pode fazer aquilo que poucos remakes fazem: atrever-se a fazer-nos sentir de novo a experiência do original?

A produção deste remake é notável. Este é o original que conhecemos capacitado de todos os mecanismos disponíveis hoje em dia na PlayStation 5, incorporados da engrenagem do jogo, a começar pela belíssima utilização do DualSense. Se The Last of Us Parte I fosse feito pela primeira vez para a PlayStation 5 — seria precisamente assim. Já joguei incontáveis remakes de outras aventuras e é fantástico como sinto que este é um jogo que já conheço, que já vivi, mas é uma experiência nova, mais emotiva e realista, mais profunda, ajudada pelos artifícios altamente avançados de uma consola como a PlayStation 5 e sinto também por isso que este não é um remake normal. Esta é uma das mais extraordinárias recriações de um videojogo de sempre! Talvez fosse escrever o melhor para a consola da PlayStation 5, que definitivamente é, mas não faria sentido deixar de avaliar o conceito da produção em si e o nível de detalhe e cuidado prestado à obra original em relação ao remake. Posso falar de todos os aspetos técnicos que envolvem refazer um videojogo que, se está a ser refeito, as condições tecnológicas serão à partida muito mais avançadas destacando-o do seu predecessor. Quando digo que, na minha opinião, este é de facto o melhor, para além desta combinação tecnológica, existe uma coordenação ao nível da realização e narrativa com a produção e desenvolvimento para nunca deixar de afastar o original, uma fidelidade que se apresenta como o mais importante elemento deste novo jogo. É espantoso e admirável o carinho que a Naughty Dog tem para com The Last of Us, refletido neste remake que é obrigatório para os jogadores que conhecem a aventura ou para aqueles que agora a iniciam.

Com o aproximar da estreia da série da HBO, a Naughty Dog aproveitou este remake para enquadrar, em conjunto com os realizadores dos episódios e diretores de fotografia, os cenários, os ambientes e o som de forma que sintas que a série é também o retrato mais fiel do jogo.

The Last of Us Parte I (Remake, PS5) chega dia 2 de Setembro de 2022

The Last of Us Parte I (Remake, PS5) chega dia 2 de Setembro de 2022

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Bernardo Pinto Candeias
oitobits

Marketing & Communications | PR, Brand & Digital Media Strategist | Filmmaker and Scriptwriter