‘Hitman 3’ — Análise

O Agente 47 foi-nos apresentado pela primeira vez há 21 anos atrás, tempo suficiente para que muitos dos que estejam a ler esta análise ainda nem tenham sido nascidos à data. O pragmático e meticuloso 47 deu vida a 12 jogos, variados e em diversas plataformas, sendo Hitman 3 o oitavo jogo do legado oficial do nosso assassino favorito.
Embora seja o oitavo jogo, chama-se Hitman 3 pois faz parte de uma trilogia de jogos — a World of Assassination Trilogy — que nos brindou com um Hitman em mundos semi-abertos, onde temos liberdade suficiente para atingir os nossos objetivos da forma que quisermos, da mais divertiva à mais furtiva e implacável.
47 é também um mestre do disfarce: pode vestir-se como segurança de um evento para aceder a áreas onde o seu alvo de encontra, ou meter uma peruca e soltar o palhaço que há em si, para se aproximar do alvo e deixá-lo com o nariz vermelho. Normalmente, conhecemos o Agente como um indivíduo de fato, de corte exímio, careca, deixando transparecer um código que barras na sua cabeça que termina em 47.

Ora, a maioria dos jogos não apresenta a personagem devidamente ao jogador e daí poucos conhecerem a razão do código de barras e de ele ser o Agente 47. O nosso Hitman é um clone, o 47º de uma vasta linha de assassinos. O código de barras serve para ser, claro, reconhecido digitalmente, e permitia que o clone se deslocasse no interior das instalações onde foi criado. Mas a história teve muitos argumentistas, ao ponto de ele até chegar a tentar cortar a tatuagem no jogo Hitman: Absolution — e, for no good reason.
For no good reason, Hitman chegou também a ser interpretado por estrelas de cinema como Sean Bean (o actor cujas personagens morrem em todos os filmes e séries) em Hitman 2, que volta agora a ser interpretado pelo actor que já lhe deu vida vezes sem conta e que tem uma voz de assassino mais… apelativa; e teve duas chances no cinema, em dois filmes que até são divertidos, mas desastrosos ao nível dos argumentos, realização e interpretações, para além dos sentidos que tomam para o nosso agente (abençoado seja o Timothy Olyphant). Mas não há duas sem três. Digo eu.
Hitman 3 segue a linha dos dois antecessores, mas com uma inteligência artificial mais aprumada, onde temos de ser incrívelmente inteligentes para desmontar os puzzles para matarmos o nosso alvo. Neste terceiro jogo desta trilogia passamos pelos mais exóticos cenários, destacando mesmo um que foi apresentado como flagship do jogo, no Dubai, que é de facto uma coisa incrível, recheado de pontos de viragem inesperados (o primeiro local no jogo).

Encontrei muitos bugs como este que apresento abaixo. Existem muitos problemas com os pontos de colisão, como é muito habitual neste tipo de jogos. Não é algo que prejudique a experiência do jogo para os fãs, mas pode ser um problema na jogabilidade pois esconder um corpo pode levar tempo e com bugs… esse tempo prolonga-se…
Hitman 3 permite também ser jogado em VR, mas por favor… não. Para além de ser um atentado aos pontos de colisão e de os ataques por vezes simplesmente não fucionarem, perdemos o mapa e perdemos a personagem pois acaba por ser apenas um POV. Tudo bem que a tecnologia permitiu uma adaptação para VR, mas esta é completamente desnecessária. Nem há comandos Move, controlar mãos com o DualSense é super weird. É uma opção do jogador e Hitman 3 jogado no modo normal é soberbo e não acho que deva ser prejudicado por uma versão opcional, em VR, cheio de problemas. Simplesmente fica a indicação de que se vão comprar o jogo para jogar em VR, não o comprem.
O meu teste foi realizado na minha shiny PlayStation 5, que me acompanha ainda antes de ter sido lançada internacionalmente por cortesia da Sony PlayStation. Por isso, sim, vou testar tudo o que for possível testar na PS5. No entanto, destaco o lançamento do jogo do Google Stadia ao qual também tive acesso. Continuo a dizer que a PlayStation Now é o melhor serviço de cloud gaming que existe, mas o Stadia está na direcção certa e o melhor de tudo é que podemos jogar em qualquer dispositivo. Claro que com a PlayStation 5 também o poderemos fazer no smartphone ou computador, mas tem mais passos a tomar que o Stadia que é click and go.

Resumindo, Hitman 3 é uma aventura absolutamente incrível para desbravar a nossa criatividade para atingir um objectivo, que pode ter várias formas de ser atingido e isso fica ao teu critério e capacidade de improviso quando algo que não estava previsto, acontece. Um excelente jogo, de uma trilogia brutal que pode ser importada para o Hitman 3 (todas as localizações, compradas em separado em pacote). Começamos 2021 em grande!