Retrobits Especial — O melhor de 2020

Começar um artigo com “O melhor de 2020” tem muito que se lhe diga, pois foi um ano que dificilmente alguém poderá considerar “bom”. Como se não bastasse a pandemia, a produção cinematográfica foi muito afetada, a estreia de vários filmes muito aguardados, como Dune ou o novo 007, foi adiada para tempos melhores, e até mesmo as séries não passaram incólumes a tudo o que se passava. Já no mundo dos videojogos, a história foi um pouco diferente: houve atrasos, mas o teletrabalho possibilitou que fossem terminadas algumas das grandes produções que já estavam em desenvolvimento. Assim, escolhemos alguns dos melhores videojogos que saíram este ano e passamo-los em revista. Claro que não é uma lista completa, nem muito menos uma lista de todos os que foram efetivamente melhores, pois tentámos incluir alguns que poderão ter passado despercebidos à maioria dos jogadores, que aqui terão sugestões para ajudar a passar para o Ano Novo num confinamento menos duro. Que 2021 seja tão bom como 2020 quanto aos novos videojogos, e muito melhor que 2020 em tudo o resto!

Sem qualquer dúvida, o remake mais aguardado de sempre, de tal forma que a Square Enix teve que voltar atrás com uma afirmação feita há anos, declarando que não estava nos seus planos fazer qualquer remake de qualquer jogo seu.
Final Fantasy VII Remake corresponde à primeira parte do jogo original, na cidade de Midgar, e expande-a com vistas fabulosas, melhor desenvolvimento das personagens, novas personagens e localizações, e uma das melhores bandas sonoras de que há memória (valendo-lhe o prémio nesta categoria das “The Game Awards 2020”, por muitos considerados os Óscares dos videojogos). O sistema de combate, algo que assustou a início todos os velhos jogadores, revelou-se o ponto mais forte do jogo. Imperdível.

O lançamento de um único port para PC de um jogo com quase uma década foi o suficiente para convencer a Sega a começar a lançar mais jogos da série para esta plataforma (como o futuro Persona 5 Strikers, a 23 de fevereiro, para PS4, PC e Switch), dado o meio milhão de cópias vendidas numa semana. Persona 4 é um dos mais amados da série, talvez por ser o que tem o tom menos sombrio, e também o que teve direito a mais reencarnações e spin-offs, como jogos de luta ou de dança. O preço também é apelativo, mais ainda nos saldos do Steam que agora decorrem. Se têm um PC, joguem-no!

Continuamos nos JRPG, e continuamos na série Persona. Persona 5 Royal fez o que muitos achavam impossível e melhorou amplamente o já fantástico Persona 5, o que lhe vale a muito respeitável classificação de 95 no Metacritic, que agrega a média das pontuações de inúmeras publicações. Não teve o mediatismo que merecia, muito por culpa de ter sido lançado quase ao mesmo tempo de Final Fantasy VII Remake e por culpa de as atenções de todo o mundo estarem viradas para a COVID-19 naquela altura.
Está atualmente em promoção na loja online da Playstation. Persona 5 Royal é um simulador social durante o dia, levando-nos a acompanhar a vida de um estudante do ensino secundário e todas as suas relações sociais e amorosas, e um JRPG clássico durante a noite, na qual vestimos a pele de um grupo de super-heróis improváveis que exploram diferentes masmorras em combates por turnos. Perfeito a nível técnico, com uma história envolvente e personagens memoráveis, é um jogo obrigatório em qualquer coleção.

Mario Kart Live: Home Circuit destaca-se acima de tudo pela sua originalidade. Resumidamente, transformamos a nossa casa num circuito do Mario Kart, e transformamos a nossa Switch num comando para o carrinho telecomandado com o Mario ou o Luigi, conforma e versão. Finalmente, a câmara instalada no pequeno kart transmite as imagens em realidade aumentada para o ecrã da consola ou da televisão de casa. Tem apenas o defeito de ser caro (mais de 100 euros, a não ser que consigam uma boa promoção) e de não permitir multijogador, a não ser que tenham duas consolas e dois carros, o que seria ainda mais dispendioso. No entanto, para as crianças, esta foi das prendas de Natal mais aguardadas um pouco por todo o mundo.

A nova versão do simulador de voo da Microsoft esteve em desenvolvimento durante uma série de anos, mas o seu resultado não desiludiu: estamos perante um jogo cujo mapa é o mundo inteiro, à escala real, baseado em mapas pré-existentes, que depois são renderizados tridimensionalmente para representar todo o mundo. Algumas localizações estão também já feitas com mais detalhe, como alguns aeroportos e cidades, e a infindável comunidade de modders continua a produzir conteúdo incansavelmente.
O jogo está disponível no Game Pass Ultimate desde o dia em que foi lançado, pelo que nem precisam de o comprar para jogar, basta fazer uma assinatura (a Microsoft está a oferecer três meses por 1€, caso não tenham assinatura ativa, mais que suficiente para jogarem a este e muitos outros títulos).
Recentemente, foi-lhe adicionado o modo VR. Caso tenham um Oculus Rift, um Vive, um Windows Mixed Reality, este jogo é uma das melhores experiências que poderão ter em realidade virtual. O seu único defeito são os requisitos de sistema, deverão ter um PC bastante potente, mas a experiência vale a pena.

Antes de existir o Call of Duty, já o Doom era velho. Doom Eternal segue os passos do remake de Doom de 2016 e apresenta-nos um remake de Doom II, também conhecido como “Hell on Earth”. Passamos dos cenários marcianos do primeiro jogo para as ruas terrestres neste segundo, infestadas de demónios, claro.
Doom destaca-se da concorrência, como o já citado Call of Duty, pelo seu estilo. Se em COD devemos ser cuidadosos na abordagem aos inimigos, em Doom somos encorajados a libertar o Rambo que há em nós e avançar freneticamente por entre hordas de inimigos, ceifando tudo ao nosso redor. Se gostam de ação, este é o vosso jogo de Ano Novo.

Terminamos com aquele que foi, ao mesmo tempo, um dos mais aguardados e polémicos de 2020: Cyberpunk 2077. O hype era imenso, ainda mais com os jogadores cientes do trabalho da Cd Project Red na série Witcher, em particular com o fabuloso Witcher 3. O resultado? Sucessivos adiamentos que não foram, claramente, suficientes para polir o jogo, ao ponto de este ter sido removido da loja da Playstation na semana passada e de estarem a ser oferecidos reembolsos tanto para a PS4 como para a Xbox. As versões nativas para a PS5 e para as Xbox Series ainda não estão prontas, e a versão de PC, repleta de bugs, só é desfrutável com um equipamento bastante potente.
Quanto ao jogo em si, poderia ser bom, mas a experiência está minada com estes problemas. A esperança de todos é que Cyberpunk 2077 seja outro No Man’s Sky ou Final Fantasy XIV: mau no lançamento, mas muito bom alguns anos depois com todo o trabalho que os programadores deveriam ter tido tempo de fazer antes do lançamento. Esperemos!
Retrobits é uma rúbrica mensal que tenta recuperar parte da história dos videojogos. Desde grandes sucessos a joias escondidas, tentaremos deixar-vos neste espaço algumas sugestões de jogos perdidos no tempo.