Salvador, 475 anos: O que fazer em uma tarde em Itapuã?

Roberto Aguiar
okacultural
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5 min readMar 29, 2024

Passar uma tarde em Itapuã / Ao sol que arde em Itapuã / Ouvindo o mar de Itapuã / Falar de amor em Itapuã”. Difícil você nunca ter escutado esses lindos versos da canção ‘Tarde em Itapuã’, um clássico da Música Popular Brasileira, uma parceria entre Vinicius de Moraes e Toquinho.

Hoje (29/3), Salvador festeja 475 anos. Para comemorar essa data importante e como morador do bairro, quero convidar você a passar uma tarde em Itapuã, o bairro da poesia, da música, do acarajé e de lindas praias com coqueirais e piscinas naturais.

Itapuã encanta com seu lindo mar azul, a cultura pulsante e a culinária maravilhosa | Foto: Divulgação

‘Um mar que não tem tamanho’
Já venha vestido com o ‘velho calção de banho’, biquíni ou maiô. Pois a primeira parada do nosso roteiro é o mar que inaugura ‘um verde novinho em folha’. Para ficar com o pé na areia e aproveitar as deliciosas praias de Itapuã, indico dois lugares que costumo ir, no sentido do Farol.

— Alambic Praia Inn: com acesso pela Rua do Romance, a barraca conta com música ao vivo, cerveja gelada e um cardápio com o melhor da gastronomia baiana. Todas as informações no Instagram: @alambicpraiainn.

— Cabana do Juvená: com características mais rústicas e simples, em meio às árvores que sombreiam o calçadão, pertenceu a Juvenal Silva Souza, mais conhecido como Juvená, um dos barraqueiros mais famosos de Salvador, que nos deixou em março de 2021. A barraca mantida pela família serve diversos tipos de cervejas, com um cardápio variado de petiscos e drinks. O acesso se dá pela Rua do Teatro. Mais informações pelo Instagram: @barracajuvena.

Farol, coqueiral e Vinicius
Depois de curtir a praia, seja no Alambic ou no Juvená, caminhe pela areia em direção ao farol. Na paisagem, avista-se os barcos dos pescadores, estacionados nas águas mansas, aguardando a hora de partir. Itapuã tem uma das mais antigas e mais ativa comunidade de pescadores da capital baiana. Personagens presentes nas canções marítimas de Dorival Caymmi.

Após a área dos barcos, faz-se uma pequena curva à esquerda, quando passamos a avistar o farol e o coqueiral de Itapuã. Construído em 1873, o farol continua sendo útil na orientação dos navegadores durante a noite, com um alcance de 14 milhas e emitindo uma forte luz branca a cada seis segundos. O local inspirou composições de artistas, já foi cenário de filmes e de diversas propagandas televisivas. É lugar respeitado pelas religiões de matriz africana. Um ponto de encontro de casais de namorados no final da tarde para apreciar o lindo pôr do sol.

Registrou seu momento no farol, atravesse a avenida e conheça a praça em homenagem a Vinicius de Moraes, o carioca mais baiano que existiu. Faça uma foto à mesa sentado ao lado do poeta e leia alguns do seus poema-canções espalhados pela praça. Em frente, está a casa onde ele morou e compôs muitas de suas canções, incluindo a clássica ‘Tarde em Itapuã’. No local funciona um museu em sua homenagem e um dos restaurantes mais famosos de Salvador, a Casa di Vina.

A Praça Caymmi
Depois de visitar a praça do poeta, o caminho segue em direção à praça que homenageia o compositor que mais cantou Itapuã, suas belezas e seu povo: Dorival Caymmi.

Esse pedacinho pode ser considerado a atmosfera mágica do bairro. Aí estão localizados os bares mais agitados da orla, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, o mercado municipal e um quiosque do Picolé Capelinha, o mais famoso de Salvador. São cerca de 20 sabores, das mais variadas frutas regionais. O de coco é sensacional. Com esse calor todo que estamos sentido, um picolé cai muito bem. O Picolé Capelinha faz entrega a domicilio. Todas as informações estão disponíveis no Instagram: @capelinhaoriginal.

Após saborear o picolé, é obrigatório tirar aquela foto na estátua de bronze em homenagem a Dorival Caymmi. Ele e seu violão, tendo como fundo o mar azul de Itapuã. O mar que ele tanto cantou.

Em 2018, o Acarajé de Cira recebeu o prêmio de ‘Melhor Comida de Rua’ do Brasil | Foto: Roberto Aguiar

Acarajé ou beiju: a escolha é sua
Depois da Praça Caymmi, seguimos ao Largo de Itapuã, também chamado de Largo da Cira. Para deixar o final de tarde agradável nada melhor que um acarajé ou um beiju com café. A escolha fica por conta de você, já que as duas opções estão disponíveis no local.

O tradicional e famoso Acarajé da Cira é a marca do bairro. Jaciara de Jesus Santos, a Cira do Aracajé, foi uma das quituteiras mais famosas de Salvador. Ela morreu em dezembro de 2020. Hoje, a família dá continuidade ao seu legado. Além de Itapuã, onde morava e vendia seus quitutes, Cira abriu quiosques em Piatã e no Rio Vermelho. Sua fama lhe rendeu o título de ‘Rainha do Acarajé”. Em 2018, recebeu o prêmio de ‘Melhor Comida de Rua’ do Brasil, concedido pela revista Prazeres da Mesa, uma das maiores premiações da gastronomia brasileira. O Acarajé da Cira abre de segunda a quinta-feira, das 10h às 22h; sexta-feira e sábado, das 10h às 00h; e domingo, das 10h às 22h. Mais informações no Instagram: @acarajedeciraitapua.

Mas se você gosta de beiju acompanhado de um café quentinho, pare no quiosque ao lado do Acarajé da Cira, a Tapiocaria Beiju de Itapuã, que foi eleito o melhor da capital baiana pela Veja Comer & Beber. São diversos sabores, desde a clássica apenas com manteiga até a recheada com salame e queijo coalho, a minha preferida. O cardápio com todos os sabores está disponível no Instagram: @beijudeitapua.

Com o sabor das delícias de Itapuã, a tarde se despede. Fica o gostinho de quero mais. E tem mais coisas a conhecer. Uma tarde é pouca, é apenas uma pequena mostra do que um dos bairros mais potentes de Salvador tem a revelar aos visitantes.

Mas se você quiser ficar um pouco mais, vá ao Restaurante Caranguejo do Pascoal, localizado Rua Olhos d’Agua, 128, um pouco mais adiante do Largo da Cira. Pratos autorais maravilhosos, premiados pelo Comida di Buteco e pela Veja Comer & Beber, em um ambiente aconchegante. Veja mais informações no Instagram: @caranguejodopascoal.

E assim, terminamos nosso roteiro pelo ‘Principado de Itapuã’, como dizia Vinicius. E fica o convite: se for de paz, venha!

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Roberto Aguiar
okacultural

jornalista; morador de itapuã (salvador/bahia); torcedor do bahia; 'minha carne é de carnaval' - https://twitter.com/roberto_jornal