Como embarquei na gestão de produto

Luiz Davi
olist
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6 min readJan 4, 2017

Sempre que me perguntam sobre meu trabalho fico feliz em explicar por alguns minutos um pouco de gestão de produto e como cheguei nessa área. Quase sempre, eu consigo entusiasmar meu interlocutor com a satisfação que tenho em trabalhar em produto e o com o desafio que recebi do Tiago para iniciar essa área no Olist. Essa oportunidade me permite hoje consolidar o conhecimento que vinha adquirindo há algum tempo aplicando-o em uma das start-ups que mais crescem em Curitiba.

Em uma dessas conversas em que fui indagado sobre gestão de produto, me desafiaram a escrever e compartilhar com mais pessoas, conhecidas ou não, os passos eu trilhei até chegar na área de produto e como tudo funcionou pra mim. É um desafio legal. Eu quero, pelo menos, pincelar alguns pontos que considero importantes para compartilhar. Boa leitura! :)

Eu sempre tive bastante interesse em computadores, hardware e software. Durante meu ensino médio, além de estudar no CEFET lá de Natal, eu cursei o técnico em desenvolvimento web. Foi lá que fiz meus primeiros sites em ASP e PHP conectados primeiro no MySQL e depois no Microsoft SQL Server. Essas tecnologias e produtos se tornaram nomes comuns no meu dia a dia. Eu sei que a tecnologia de hoje já evoluiu bastante, mas os conceitos de lógica, os princípios tecnológicos e as diversas conversas com clientes dos projetos que desenvolvi durante o curso me ajudaram a subir o primeiro degrau de produto. Um dado que poucos sabem é que fui aluno por um ano (2004) do curso de Ciências da Computação na UFRN, lá me aprofundei um pouco em Linux e no mundo do software livre. No entanto, mudamos para Curitiba no final do ano e acabei tendo que trancar o curso.

Seis meses após a mudança, passei para engenharia eletrônica na UTFPR. Se você perguntar para meus amigos do curso, provavelmente alguns deles vão lembrar que eu sempre estava antenado nos novos dispositivos, novos softwares e lançamentos de tecnologia nos mundos do Linux, Windows, Android, Apple, smart & mobile devices e a lista continua. Eu sempre gostei muito de acompanhar as últimas novidades da área, assinei info exame por alguns anos, mas mesmo após cancelar, eu era um visitante assíduo do site deles. Sempre quis entender e testar (quando viável) produtos de tecnologia.

Sim, eu sou early adopter. E isso faz muito sentido pra quem deseja trabalhar com produto. Pelo menos eu penso que sim. O que anteriormente fazia sem muito interesse profissional, hoje faço quase todos os dias. Eu instalo novos aplicativos no meu celular, assino trials de produtos digitais, crio contas em fintechs para aprender sobre o onboarding deles e o fluxo de uso do produto... Dessa maneira, eu acabo aprendendo sobre muitos produtos e invisto tempo para entender como eles atendem (ou não) as dores dos seus usuários.

Em algum momento depois de me formar na engenharia, comecei a estudar o famoso BMC, ou simplesmente “O canvas”, Lean Startup e outros artigos da área. Percebi que se seguisse os princípios que aprendi na engenharia, como projetos bem definidos desenvolvidos utilizando o modelo waterfall, dificilmente conseguiria chegar em soluções e produtos inovadores que tanto sonhava em um dia produzir.

Comecei a assimilar que eu posso aprender com o usuário de maneira muito mais relevante que modelos de projetos e desenvolvimentos tradicionais onde o cliente pode acabar em segundo plano. Esse aprendizado através de testes e iterações me parece que é como se deve alimentar o desenvolvimento de produtos e do negócio propriamente dito.

No começo de 2014, quando me aproximei ainda mais de abrir meu próprio negócio, após sair de uma multinacional onde trabalhava, eu participei do Start-up Weekend realizado pelo Ricardo Moraes e equipe na PUC-PR. Aquele evento foi um divisor de águas pra mim. Como eu já estava estudando sobre o assunto há algum tempo, consegui contribuir num projeto de start-up que ganhou o prêmio de honra pela execução e validação da idéia.

Naquele mesmo período, tive uma situação familiar que me inspirou a fundar com 3 amigos da engenharia uma start-up no modelo SaaS com hardware desenvolvido pelo próprio time que mais tarde virou a Poapy Tecnologia LTDA. Nós desenvolvemos uma pulseira conectada a nuvem para monitoramento remoto dos idosos que utilizam o produto 24 horas por dia.

Investimos praticamente 2 anos do desenvolvimento aos primeiros usuários. Eu assumi o papel de CEO e dedicava boa parte do meu tempo visitando clientes, usuários, entendendo suas dores e como eu poderia os ajudar com o nosso produto. Foi aí que aprendi que as perguntas certas, um bom sales pitch e a capacidade de conduzir uma boa conversa me ajudariam definir com o time a proposta de valor mais adequada ao nosso segmento.

Infelizmente, a start-up não teve sucesso. Mas as lições que aprendi na prática utilizo diariamente no Olist na área de produto. Após passar por um período rápido na área de operações, fui convidado para contribuir e construir a área de produto da start-up. Tem sido um aprendizado e desafio constante. Queremos fazer muitas coisas e sonhamos muito alto. Trabalho boa parte do meu tempo com o Tiago Dalvi, osantana e todo o time de desenvolvimento. A gente se diverte e produz freneticamente. Aprendo muito com conversas sobre UX e mockups com o nosso super product designer Jonatas Azzolini. E tenho reuniões semanais com todas as áreas da empresa. Sim, todas. :)

Como costumo dizer em todas as integrações para recém-chegados na empresa, nosso trabalho em produto está intimamente alinhando à missão e sonho da empresa. O famoso ‘porque’ do Golden Circle. Com a missão e sonho muito claros, saímos a maior quantidade de vezes possíveis da nossa zona de conforto para aprender com nosso usuários e clientes.

Não posso dizer que sempre seguiremos as sugestões ou soluções que nos falam. Vamos até nossos clientes para assimilar dos desafios cotidianos que têm, as tarefas que cada um realiza e assim conseguimos pensar no ‘como’ e no ‘o quê’ também, conforme modelo do Golden Circle. O quanto mais aprendo com eles, melhor consigo priorizar com o nosso time os próximos desafios.

E aqui vai uma recomendação: se você está interessado em embarcar nessa área também, eu recomendo o SPM da UALBERTA que está disponível via Coursera. Ele vale mais para quem já tem alguma vivência na área por permitir estruturar alguns dos processos e rituais de maneira orgânica com um projeto final avaliado pelo time da universidade. É um excelente material e me ajudou a consolidar alguns conceitos importantes.

Alguns dos ambientes mais ricos para troca de informação e boas práticas de produto são os diversos grupos de produto no slack. Existem os brasileiros e os internacionais. Um exemplo: produto.slack.com. Compartilhamos experiências, dificuldades e diversos artigos ricos produzidos por colegas da área ao redor do mundo. Foi através de conversas ali que pude trazer algumas boas práticas para nosso dia a dia aqui no Olist.

Conheci também o time do Product Tank, que estruturou um modelo de meetups da temática de produto. Hoje estou como co-organizer voluntário em Curitiba e já conseguimos fazer um happy hour em 2016. Quando conheci o Raphael Farinazzo, da Resultados Digitais, conversamos sobre os meet-ups em um dos nossos papos. Ele se organizou e realizou dois meet-ups em Santa Catarina junto com o Mateus e o Diego, dos quais tive o prazer de participar e trazer vários aprendizados para nosso time. Foi nesses meet-ups e conversas que comecei a vislumbrar como nosso time aqui também poderia se organizar em squads com metas de negócio bem definidas. E esse é um assunto que quero trazer num próximo post.

Se você leu até aqui, ficarei feliz em saber o que achou. Sua opinião é importante pra mim.

Abraços!

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Luiz Davi
olist
Writer for

Product Management, Machine Learning Enthusiast, Engineer.