Seguir carreira de especialista ou gestão, eis a questão

Designers, a dúvida sobre carreira é igual boletos, pode ter certeza que um dia ela irá chegar

Andressa Siegel
olist
7 min readFeb 10, 2022

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Decidir qual caminho seguir gera muita ansiedade porque é uma grande decisão na vida. A angústia que você sente quando chega nessa encruzilhada pode ser por conta do turbilhão de perguntas que passam na cabeça como "e se eu tomar a decisão errada?" ou "e se eu falhar"?

Primeiro, se você tomar a decisão errada, ainda há formas de remediar.

Segundo, se você falhar… você vai falhar! Seja especialista, seja cargo de gestão, você vai falhar muitas vezes. Aceita que dói menos.

O que você deve evitar, independente do caminho, é terceirizar a decisão. Sei que é comum buscarmos respostas com outras pessoas, perguntando "o que você faria no meu lugar?", mas assim você joga a responsabilidade da sua própria carreira nas mãos de outra pessoa.

Então a primeira dica para ajudar na sua decisão é…

conhece-te a ti mesmo, do tio Sócrates.

Nos meus primeiros meses de olist conversando com Andrei Maxwel Mülbauer e adri quintas eu conheci a Janela de Johari. Eu já sou a doida que ama aprender coisas aleatórias, principalmente sobre autoconhecimento, então minha cabeça explodiu.

adaptei o segundo quadrante de "eu cego" para "eu às escuras"

Como tem muito material sobre o tema eu não vou aprofundar como construir a janela na prática, mas o objetivo final é você coletar feedbacks de pessoas próximas a você para reduzir as áreas desconhecidas sobre si. Assim, você descobre quais são as suas forças, as suas fraquezas e vai tateando se tem potencial para se tornar líder de pessoas.

Ser uma boa pessoa na operação não necessariamente significa que será uma boa liderança, por isso conhece-te a ti mesmo.

a transição para especialista é, em teoria, mais fluida

Eu coloco aqui em teoria porque como tudo na vida de designer, a resposta é "depende". Cada empresa é uma empresa. Digo que a transição para especialista é mais fluida do que para gestão de pessoa porque se você é sênior e quer subir mais um degrau na vida, tornando-se especialista, você já provavelmente está se comportando como especialista, certo? (Se não está, você deveria rs).

Agora a transição para gestão pode ser mais turbulenta. Você se lembra a primeira vez que tentou andar de bicicleta? Que você sentou no selim e não fazia ideia do que fazer? É quase isso pra muitas pessoas. O comum, infelizmente, é caírem sem paraquedas na posição de gestão, o que gera uma série de desafios tanto para quem se torna líder do dia pra noite quanto para as pessoas lideradas.

então quais são os caminhos para que a transição para gestão seja menos turbulenta?

No olist sabemos da importância tanto de contratar pessoas gestoras com experiência de mercado quanto valorizar pessoas internas que têm potencial para gerenciar, por isso existe o programa de treinamento de lideranças chamado Leadership Experience.

Como nem toda empresa possui um programa nesse sentido, você precisa buscar alternativas que te coloquem em posição de líder pra sentir tanto se você curte quanto para ir se acostumando com situações desafiadoras.

Livros e cursos ajudam, mas são muitas vezes inspiracionais. Busque soluções que você consiga exercer na prática, como mentorias, voluntariado, às vezes até abrir o próprio negócio, por que não?

O que também ajuda na escolha é ter clareza da jornada de design dentro da empresa onde você atua (ou pretende atuar). No olist nós temos o Playbook Jornada de Design. A adri quintas, nossa gerente de design, conta mais sobre o playbook neste artigo.

comparativo entre atuação de especialista e coordenação de pessoas

Liderança direta próxima, com plano de desenvolvimento claro, pode te ajudar com direcionamentos sobre qual caminho faz sentido seguir tanto do ponto de vista pessoal quanto o momento da empresa. É importante ter transparência e comunicar à pessoa gestora sobre suas dúvidas e vontades, assim em conjunto vocês podem estruturar planos de ação para você exercer liderança sem ter o cargo. Você vai colocando o pé na água em um universo completamente novo, o que é um desafio, mas que te tira da zona de conforto de uma forma saudável.

Mesmo que você descubra que não é a sua praia, ainda assim você vai levar aprendizados pra vida que te tornarão uma pessoa especialista muito melhor.

Inclusive não sei se te contaram, mas especialistas também exercem liderança de certa forma. São pessoas altamente influenciadoras de quem está ao seu redor, tanto pro bem quanto pro mal. Quando você está nesta posição você também tem muitas responsabilidades e uma delas é garantir que o time de design está caminhando em coesão, em prol do mesmo objetivo.

Você verá que há algumas sobreposições na atuação que irão te tirar da zona de conforto de qualquer forma. Por isso, explico abaixo algumas semelhanças entre os papéis que percebi ao longo dos meses e pode te ajudar a se certificar de que está escolhendo caminho X pelas razões certas.

quais as semelhanças?

Quem está no papel de especialista ou coordenação tem o dever de direcionar, inspirar e que o time de design irá se espelhar, por isso gerências precisam se certificar de que essas pessoas saibam para qual direção a empresa está indo. Se c-level fala uma coisa, gerência outra, especialista outra… meu amigo! Ninguém sai do lugar.

Independente do caminho que você pensa seguir precisa ter clareza de qual a estratégia da empresa pra então você entender seu papel nisso tudo.

Se você gosta muito de Figma, talvez se decepcione com a quantidade de apresentações, reuniões e planilhas que irá se deparar sendo especialista. Isso porque faz parte do que é esperado da sua posição que você seja a pessoa que desdobre iniciativas estratégicas da empresa, contribuindo com a visão de design dentro de negócios. Assim como acontece sendo lead.

Seja especialista, seja papel de coordenação, você precisa de conexões. Isso significa conversar com pessoas fora do cercadinho de design. Você será a pessoa representante nos fóruns que irá atuar como pessoa facilitadora, ouvindo diferentes pontos de vista e entendendo como isso impacta a experiência como um todo. Há muito tempo designers deixaram de ser a pessoa que fica isolada no canto por dias e sai com uma obra de arte.

Indo nessa linha, outra semelhança é que por mais que seu cargo seja especialista, definitivamente você não é a pessoa com mais conhecimento na sala. Você deve envolver outras especialidades pra construir a melhor solução. Isso significa saber pedir ajuda às pessoas certas. Repito: saber pedir ajuda.

É comum quando começamos em design nos sentirmos a última bolachinha do pacote, vai. Queremos mostrar serviço, "deixa comigo". Mas chega um momento que você percebe que quanto mais sozinho/a, mais lentas são as suas entregas e menos assertivas. É um vai e volta infinito! Por isso é esperado de especialistas e pessoas que cuidam da gestão de outras pessoas que saibam quando e quem procurar quando precisam de apoio pra destravar situações.

Entenda que eu digo apoio. Isso não significa esperar do outro as respostas e tampouco que você precisa do aceite de todo mundo. Quanto maior sua maturidade, mais você precisa saber por conta quando é momento de abrir o diamante, ouvir opiniões e então tomar decisões.

Questione, questione, questione. Acima de trazer respostas, entenda o porquê das coisas. Quando somos júnior, pleno, nós esperamos que as pessoas de cargos acima tenham todas as respostas, mas é muito pelo contrário. Tanto especialistas quanto coordenadores/as querem abrir espaço para ouvir os demais e então trazer contrapontos. É importante esse senso de time, parceria, estamos juntos do que superioridade de cargo.

A forma como você se comunica é diferente quando está em posição de especialista ou coordenação. Geralmente designers se empolgam com as suas criações e querem contar cada detalhe do processo de descoberta até chegar a solução final. Porém negócios não se importa com o tempo de velocidade na transição entre o artboard A para B. Desculpa, mas é a verdade. A semelhança aqui é que esses papéis precisam ter empatia por stakeholders e entender o que importa para essas pessoas. Quais são as dores? Quais são as oportunidades? Quais os resultados esperados? Quais os riscos se isso não for entregue à tempo? Designers precisam aprender a vender.

Costurar a narrativa e moldar a linguagem para quem está ouvindo faz parte, independente de qual caminho planeja seguir como designer. Quanto maiores os degraus, mais as pessoas esperam que você aprimore suas habilidades relacionais acima das técnicas.

pra fechar…

Se você está na dúvida se deve ir para A ou B, escreva em um papel o que te dá energia e o que te tira energia no dia a dia. Por exemplo, se você responder que prefere trabalhar individualmente, é um ponto de atenção independente de qual caminho você opte seguir na jornada como designer.

Uma reflexão que serve para ambos caminhos: eles não são o fim. Ouço muito frases como "eu quero ser especialista" ou "eu quero ser lead", mas parta primeiro pelo porquê dessa motivação, como você imagina que vai ser o dia a dia, descubra como é na prática para então escolher pelo motivo certo. Sua motivação não deveria ser voltado ao ego em alterar cargo no LinkedIn.

e as diferenças?

São algumas! Vou contar mais no próximo artigo como é meu dia a dia no papel de coordenadora porque definitivamente é uma agenda muito diferente de quando eu atuava como especialista no olist.

Quem sabe o próximo artigo faça você ver liderança com outros olhos!

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