Quem tem culpa quando estou mal?

Não temos grande clareza sobre as emoções — estas entidades invisíveis que nos surgem por dentro e para os quais nem temos nome. E quando temos (como “raiva” ou “ciúme”) não sabemos como é experimentar a emoção e olhar diretamente para ela.

Fabio Rodrigues
o lugar (blog aberto)
3 min readApr 26, 2017

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“Fazer essa prática com frequência me levou a perceber coisas muito interessantes sobre nosso mundo emocional. Por exemplo, alguma situação que me irrita ou gera raiva num dia, ocorre de novo, igualzinha, num outro dia, e não gera nada disso. A situação externa é idêntica, porém a resposta emocional é outra, completamente diferente.

Isso parece até uma coisa natural, afinal, um dia estamos assim, outro dia assado, mas se observarmos bem, por trás desse fato aparentemente trivial há uma prova de liberdade muito grande.

Estamos exercendo essa liberdade diretamente ao concebermos os gatilhos de modos variados a cada vez que nos deparamos com eles. Ou seja, nunca é apenas a situação objetiva que determina nossa resposta emocional, é como se nunca existisse culpados para estarmos nos sentindo bem ou mal.”

“Sr. Morris, que cor é esta?” “A cor dos cabelos dela” | Tirinha do incrível pbfcomics.com

“Esse é um aspecto que eu observo há algum tempo: por que essa situação me perturbou tanto na semana passada e hoje consigo sorrir para ela? No começo, pra não entregar os pontos, eu arranjava desculpas, tentava descobrir diferenças sutis entre as situações. Mas depois de várias reincidências isso não cola mais. Que bom!”

“Ler o que você escreveu me fez lembrar de quando tive um tumor no seio. Logo depois da cirurgia eu estava descansando na cama e, de repente, senti como se algo estivesse se aproximando de mim. Sabe aqueles filmes de suspense em que a tomada de câmera leva o espectador a suspeitar que o monstro está por perto? Foi bem isso! E um pouco depois eu reconheci nitidamente: o monstro era a depressão. Ela chegou bem perto, assustadoramente perto. Parecia que eu podia sentir o seu bafo quente. E eu só observando, quase sem fôlego, e aconteceu que de repente ela foi embora… Parece louco, eu sei, se não tivesse acontecido comigo, até eu duvidaria. Mas foi aí que eu descobri o poder de se observar uma emoção.”

Estes são trechos da bela conversa que está acontecendo no fórum do lugar sobre a prática “Espreitar uma emoção” (baseada em um modelo desenvolvido por Paul Ekman, Eve Ekman e Alan Wallace para o treinamento “Cultivating Emotional Balance”) que nos ajuda ficar mais conscientes das oscilações emocionais.

Quer colocar isso em prática? olugar.org

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