Aleumxs!

Viagem ao Inconsciente Coletivo

Jean Prestes
Onirika
6 min readJul 28, 2021

--

Arte de Mari Paint

Aleumxs é uma palavra inventada. Surgiu num dos meus maiores momentos de introspecção na vida, quando estava passando uns dias sozinho num sítio na região de Nísia Floresta, no interior do Rio Grande do Norte, sem acesso a internet, afastado quilômetros de qualquer centro urbano, distante de tudo.

As primeiras letras que surgiram foram “eu”. Logo, desse “e”, formou-se um “ela”, mas indo da direita para a esquerda, dando origem a “aleu”. Então, adicionou-se um “m”, para formar “um”. Mas, “um” é masculino, por isso o “x” logo depois. E como precisava ser plural, um “s” para finalizar. Aleumxs. Eu, ela, um, x, s.

Hoje, é o título de um livro que escrevi. Na verdade, o título de uma série, que contém uns 4 ou 5 volumes que ainda serão escritos. “Viagem ao Inconsciente Coletivo” é o primeiro.

No sítio em Nísia Floresta

Eu sempre gostei de brincar de bonecos, para inventar histórias. Como assistia a muitos animes, YuYu Hakusho, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z, era esse o estilo que sustentava minhas criações.

Depois dos 15 anos passou a ficar feio brincar de boneco, em especial quando comecei a namorar. Então, passei a assistir a esses animes que eu criava dentro da minha própria cabeça, antes de dormir. Fechava os olhos, dava início mental ao episódio, via a história acontecendo, as imagens, os personagens, sem fazer o mínimo esforço, até adormecer. Na noite seguinte, continuava de onde havia parado.

Por isso demorei tanto para começar a escrever essa história. Ela sempre me veio em imagens, cenas, ações. Imagine que você está assistindo a um episódio de Dragon Ball Z e tem que escrever o que você está vendo, em tempo real, enquanto o episódio acontece. “Lá vem Goku, solta um kame-hame-ha, Freeza desvia, Goku fica chateado”. Eu gostava de assistir na minha mente, não de escrever. Mas alguma força maior me impeliu a começar a escrever. E justamente quando tirei um ano e meio para viver como artista de rua, viajando pelo Brasil, passei a escrever essa história. Começou em algum dia que eu tive que passar muito tempo na rodoviária de Salvador esperando um ônibus. Não tinha o que fazer e não seria muito agradável ficar de olhos fechados para ver o anime na minha mente. Muito barulho. Então, usei a escrita para me concentrar. E lá veio os primeiros traços formando palavras para dar vida escrita àquela história imagética.

Então, para a minha surpresa mas nem tanto, comecei a me dar conta que, durante a viagem, a história que eu escrevia passou a se manifestar na minha realidade. Juro. Quando eu dava conta, estava vivenciando encontros parecidos com os encontros dos personagens. Conceitos que eu inventava, acabava encontrando em livros que fui lendo pelo caminho. Como a meditação para criar a “Alma Triangular” que eu achava que havia inventado e vi essa mesma expressão, usada no mesmo contexto, em um livro relacionado ao Sincronário da Paz. Lembrei daquela história de “O Segredo”, um cena em que uma mulher explica para o rapaz pintor que ele não está conseguindo vivenciar um relacionamento harmônico porque só está pintando imagens de mulheres indiferentes. Quando ele passou a mudar o estilo de pintura, passou a encontrar outros tipos de mulheres. Isso de acordo com “O Segredo”. Mas sempre me pareceu fazer sentido. Como minha história não era feita só de cenas felizes e agradáveis, e como mesmo as desagradáveis estavam se manifestando para mim, parei de escrever. Comecei a sentir medo de escrever histórias, veja você que coisa maluca. Como alguém pode criar com medo? Como alguém pode criar apenas cenas felizes? Qual a graça?

Mas talvez também assim fosse com a vida. Qual a graça de uma vida sem acontecimentos desagradáveis? Foda-se, vou escrever minha história.

Gostaria muito que houvesse um estatístico particular na minha mente. Para que ele pudesse me fornecer a informação de quantas vezes comecei a escrever esse livro desde o começo. É que sempre me vinha uma ideia melhor. Vou escrever em primeira pessoa. Vou escrever em terceira. Vou começar de quando os moranos estão realizando a experiência de projetar o ego de uma mente para outra mente, para ver o que acontece com uma mente com dois egos. Não, vou começar já a partir de quando Vidgar chega na mente de Adim. Ou a partir da perspectiva de Gronk, que é um ser que já existe na mente de Adim, um astrofísico que se torna um xamã entre os Yamanati, a única tribo indígena sobrevivente de uma massacre no planeta Norium.

Entende a sedução das infinitas possibilidades de recomeço? Assim é com a vida. Eu sou viciado em resets. Eu amo destruir para apreciar o vazio e começar do zero.

O exato momento em que fui embora do sítio.

Foi aí que, mais recentemente, eu tive uma baita crise sem saber o que estava fazendo da vida. Parei para me perguntar o que eu gostaria de deixar nesse planeta quando morresse. Me imaginei como um espírito, vendo o planeta de longe, e me perguntando “O que eu deixei lá que faz com que eu me sinta realizado?”. E me vinha a materialização dessa história. Então, Aleumxs surgiu como um novo sentido para viver.

Me comprometi com a história. Sentei e escrevi esse primeiro livro, do começo ao fim, sem recomeçar. Me comprometi muito com isso antes de começar. “Não importa se vai ficar bom ou não, se é a melhor forma de começar ou não, eu preciso escrever um livro do começo ao fim, publicar e foda-se. Eu preciso”.

“Viagem ao Inconsciente Coletivo” é fruto desse objetivo. Escrever um livro do começo ao final.

O problema foi que, logo depois de publicar, passei a estudar o livro “Story: Substância, Estrutura, Estilo e os Princípios da Escrita de Roteiro”, de Robert McKee. Aprendi que escrever uma história sem aprender as técnicas de história é como tocar um trompete sem aprender as técnicas do trompete apenas por gostar de trompete e já ter ouvido trompete. Ou seja, você pode até desfrutar da experiência de estar assoprando um trompete pela primeira vez na vida, mas dificilmente as outras pessoas que ouvirem terão uma boa experiência musical. E é importante, para mim, tocar as outras pessoas com essa história. Porque ela está sendo canalizada por mim desde o mesmíssimo inconsciente coletivo, e eu preciso ativá-la no máximo de mentes e corações que eu puder, senão ela não ganha vida. É a minha missão.

Por isso demorei tanto para divulgar esse livro. Como poderia eu divulgar um álbum com músicas de trompete sem nunca ter aprendido a tocar trompete?

Depois que eu passei a estudar os ensinamentos de Robert McKee, percebi que tenho muito a aprender.

VIC é o livro zero. É a pré-história. O anime mesmo começa a partir do segundo livro, cujo nome é “Vidgar em Adim”.

Mas, se você tem interesse em descobrir o que surgiu na minha mente quando eu me perguntei:

Como seria uma sociedade em um mundo que não recebe a luz do Sol e vive no escuro? Para onde a Ciência deles se desenvolveria? E se os sonhos fossem coloridos e cheios de formas e nitidez, tornariam-se os sonhos a realidade principal? A Ciência seria voltada para a matéria psíquica ao invés da física? Que tipo de melhorias sociais uma civilização tão avançada em compreender a mente poderia ter em relação à nossa? E se na verdade houvesse um único foco de luz, escondido a sete chaves por uma Ordem Secreta?

“Aleumxs, Viagem ao Inconsciente Coletivo” está aí disponível. É meu mundo imaginário despido e exposto para vocês.

Para acessar o link de compra da versão para Kindle é só clicar aqui.

Obrigado por ter lido esse texto até o fim :)

--

--

Jean Prestes
Onirika
Editor for

Produzo conteúdo para humanos, não para algoritmos.