O que o Bitcoin tem a ver com a Teosofia?

A relação entre Blockchain e Registros Akashicos

Jean Prestes
Onirika
5 min readJan 12, 2022

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OBS: Esse texto é um cuspe de várias ideias originalmente desconectadas que foram conectadas pela capacidade associativa e imaginativa da mente desse que vos escreve. Se nada for entendido, agradeça, sua mente deve estar funcionando de acordo com os padrões da normalidade.

O psiquiatra Carl Gustav Jung construiu uma parte importante do arcabouço da Psicologia Analítica baseado em seus estudos sobre a Alquimia. Os mesmos processos que os alquimistas utilizavam para descrever a transformação da matéria em ouro (nigredo, albedo etc) Jung utilizou para descrever a transformação de um indivíduo condicionado pela sociedade em um indivíduo original, em contato íntimo com o seu próprio ser, ou “self”. Ao fazer isso, Jung trouxe uma enorme contribuição não só para a Psicologia, mas para a Ciência como um todo.

Já já você vai reparar o que isso tem a ver com Bitcoin e Teosofia.

Carl Gustav Jung

É que Jung percebeu que toda construção teórica sobre o que quer que seja nasce da mente do construtor e, sendo assim, descreve mais a mente do elaborador teórico do que o objetivo da elaboração em si. Aquela história de “Quando João fala sobre Pedro, sei mais sobre João do que sobre Pedro”. Quando, por exemplo — e isso é uma conjuração minha — Karl Marx descreve o Estado, pode-se criar uma relação com o conceito freudiano de “superego”, de modo que, talvez, estudar o Estado possa ajudar a entender o superego, assim como estudar o superego pode nos ajudar a entender o Estado.

Tal modo de pensar também está presente no Hermetismo, através do princípio “O que está no alto é como o que está embaixo”.

Sendo assim, é impossível não associar os conceitos de “Blockchain” e “Registros Akashicos”. Então, vamos entender um pouco de cada um, antes de realizar a alquimia entre ambos.

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Blockchain é, simplificadamente, a tecnologia que dá base para a criptomoeda Bitcoin, mas também para diversas outras aplicações, como metaversos, NFTs, contratos inteligentes, outras criptomoedas e por aí vai. É considerada um “livro-razão público”, um registro aberto e confiável, validado pela própria comunidade, sem a necessidade de um intermediário. Por exemplo, todas as transações que já foram realizadas — e que ainda serão — com o Bitcoin estão registradas, aberta e publicamente, na blockchain do Bitcoin. É um registro confiável de tudo o que aconteceu, está acontecendo e ainda acontecerá, com um potencial de tornar obsoleta a existência de bancos, cartórios e outros agentes intermediários de trocas financeiras, contratos etc.

Vídeo do canal UseCripto bem explicadinho sobre blockchain

Os Registros Akashicos, de acordo com a Teosofia (doutrina espiritualista fundada no século XIX por Helena Blavatsky), são um compêndio de todos os eventos universais que já aconteceram, estão acontecendo e ainda acontecerão. Desde explosões estelares distantes até o seu último café-da-manhã. Todas as ações, pensamentos, palavras, tudo. É como um livro com todos os registros universais que está presente em um outro plano existencial, mas que pode ser acessado, e esse acesso explicaria alguns fenômenos como premonições, conhecimento de vidas passadas, conexões telepáticas etc. O próprio Jung também traz um conceito bastante parecido, que ele chama de Inconsciente Coletivo. Ou seja, é a blockchain da realidade.

Mas, o que é realidade?

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Elon Musk, CEO da Tesla Motors e da SpaceX, traz uma linha de raciocínio que aponta que a probabilidade de que não estejamos em uma realidade simulada é infinitamente pequena. Para isso, ele nos lembra do rápido desenvolvimento da imersividade na indústria dos games, desde o surgimento do Pong (um jogo que era apenas um traço e uma bolinha, criado em 1972), até os jogos em Realidade Virtual de hoje. Para Musk, mesmo que esse desenvolvimento aconteça a uma taxa muito mais reduzida daqui para frente, em algum momento seremos capazes de criar uma realidade indistinguível da “original”. Então, fica o questionamento:

Quem garante que estamos na realidade original?

Entrevista na qual Elon Musk fala sobre a possibilidade de vivermos em uma simulação

Assim como a tecnologia da blockchain tem sido base para metaversos como Decentraland e Sandbox, seriam os Registros Akashicos a base para o metaverso da nossa realidade? O que representam nossos corpos e personalidades? Avatares dentro dessa simulação? E os itens que possuímos, tais quais carros e casas, são nossos NFTs? Seriam o Dólar e o Real exemplos de criptomoedas desse metaverso?

Obviamente são apenas elucubrações filosóficas e existenciais, mas, utilizando-se do próprio pensamento junguiano, a ideia da tecnologia blockchain saiu de dentro da mente de alguém (o tal Satoshi Nakamoto) e, como tal, tem um potencial enorme para explicar o funcionamento da mente. Dada a profundidade do avanço tecnológico que ela representa, é razoável acreditar que seu simbolismo possa ser uma erupção não apenas do inconsciente de seu desenvolvedor, mas do inconsciente coletivo como um todo. Ou seja, além de trazer a tecnologia de um livro-razão público que valida com confiabilidade tudo o que acontece na rede do Bitcoin, Satoshi Nakamoto pode ter nos trazido pistas sobre os Registros Akashicos, o livro-razão público que valida com confiabilidade tudo o que acontece na rede do universo. Afinal, como a ideia de “unidade psicofísica dos fenômenos” do próprio Jung sugere: mente e matéria são a mesma coisa. Talvez, entender a blockchain pode nos ajudar a entender a nossa própria realidade e existência.

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Jean Prestes
Onirika

Produzo conteúdo para humanos, não para algoritmos.