Será que estou querendo repetir o passado?

A hidrodinâmica do corpo psíquico imerso no poço.

Jean Prestes
Onirika
4 min readApr 4, 2022

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Photo by Gary Meulemans on Unsplash

Tempos atrás eu saí de uma baita crise existencial, o ponto mais fundo do poço da existência onde eu já toquei (e ainda não tinha chão) e consegui criar uma estratégia para sair de lá. Imaginei que eu estava morto e, meio que na forma de um espírito, olhava para a Terra e me perguntava:

O que eu gostaria de ter deixado lá?

A resposta me veio como uma história, que eu criava quando era criança e brincava de bonecos, que eu continuei criando em pensamento na hora de dormir quando brincar de bonecos se tornou constrangedor ao início do meu primeiro namoro na adolescência, e que eu decidi continuar criando através da escrita na minha suposta vida adulta.

Eu queria ver essa história publicada no planeta, então todas as minhas ações se voltaram para isso. Inclusive a criação desse meu espaço no Medium, assim como a produção do podcast Radio Terra, fazem parte disso.

Voltei a sentir vontade de viver, acordar cedo, fazer coisas, me dedicar, ter compromissos, cumprir horários, metas, tarefas etc. Estava tão bem que me permiti sair dessa estratégia de emersão do poço depois de alguns meses através da seguinte constatação:

Essas coisas não dão dinheiro, preciso buscar o que dá dinheiro.

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Resumindo, passei a rodar em torno do próprio rabo que eu não tenho, em busca sei lá de quê, e meu ser psíquico voltou a afundar um pouco mais.

E aí veio a lembrança:

Na época que eu estava vivendo aquela estratégia da Onirika, da Radio Terra, e do canal no Youtube que eu queria criar, eu estava me sentindo bem.

Vou fazer a mesma coisa.

Por isso estou escrevendo esse texto. Ele voltaria a fazer parte da minha impecável produção semanal de textos. Assim como já estava programado para quarta o início das gravações da terceira temporada da Radio Terra e para sábado o início da minha dedicação à criação de um projeto no Youtube. Mas, dessa vez eu iria me dedicar bastante a tentar monetizar essas coisas, através de Apoia-se e outras buscas por financiamento.

A segunda chegou, que é hoje, e foi eu olhar para o calendário e pareceu que eu estava voltando no tempo. Querendo repetir o passado. E aí eu desisti de começar a produzir o texto que eu deveria produzir, e logo depois pensei:

Vou produzir um texto justamente sobre isso.

E aí agora você me pergunta:

Eu tenho alguma resposta?

Não, tenho não.

Aliás, tenho.

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Realmente estou numa busca sem sentido de tentar repetir algo que funcionou no passado, em vez de encontrar algo que funcione hoje, no presente, na conjuntura da minha vida agora.

Isso é um pouco frustrante, porque até ontem eu achava que eu havia encontrado o caminho e esse caminho era seguir a estratégia passada que eu havia interrompido.

E, embora no penúltimo parágrafo antes desse eu pareça ter chegado a uma conclusão de que eu não devo fazer isso, nesse parágrafo eu já estou em dúvida de novo.

O que me leva a fazer uma nova pergunta:

O que está brincando com a minha mente?

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O que cria essa dualidade, esse ping-pong, essa inconstância maluca?

Será que a mente como um todo não é digna de confiança ou será que alguma dentre essas dezenas de vozes merece ser ouvida e seguida?

É bastante difícil viver a vida sem saber o que usar como guia.

Na verdade, viver é fácil, o problema está nas ações.

O que fazer?

Se não está claro o porquê de eu estar fazendo cada coisa, ou se está claro mas é algo que não faz sentido para mim, eu me paraliso.

E o trabalho em geral… Olha, deixa quieto, vou parar por aqui. Já ficou claro que mergulhar nessas questões e nessas dúvidas existenciais só acaba pesando meu corpo psíquico e ele se afunda ainda mais no tal poço.

Eu estava mais feliz antes de começar esse texto.

E por que mesmo assim irei publica-lo?

Porque perceber que alimentar questões existenciais é um peso que me afunda me fez cortar o fornecimento de atenção para elas e agora meu corpo vai subir um pouco mais novamente.

Vou ali ficar mais feliz longe desse texto.

Tchau.

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Jean Prestes
Onirika
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Produzo conteúdo para humanos, não para algoritmos.