Conversas significativas sobre os novos caminhos da economia

Miriam Cruz
Oniversidade
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4 min readJun 7, 2018

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A economia como conhecemos está com os dias contados. Como podemos criar espaços de reflexão e criação coletiva para criarmos futuros econômicos desejáveis? Um caminho é o World Café, uma abordagem de diálogo e cocriação que surgiu em 1995 nos Estados Unidos.

Você já foi a um evento e sentiu que seria muito mais produtivo se as pessoas presentes pudessem conversar entre si, mais do que assistirem a palestras? O World Café estimula justamente esse tipo de interação. Pode-se propor um Café sobre qualquer assunto, desde que o grupo que esteja presente no encontro o considere importante. Criada por Juanita Brown e David Isaacs, a técnica é muito útil para estimular a criatividade das pessoas por meio de interações significativas e, assim, gerar (ou trazer à tona) sua inteligência coletiva.

A metodologia de conversas proposta pelo World Café caracteriza-se pelos seguintes elementos:

  • É baseada em perguntas poderosas que estimulam as pessoas participantes a refletir juntas e trocarem conhecimento entre si;
  • Há a formação de pequenos grupos de quatro a cinco pessoas em mesas no estilo de um Café ou Pub;
  • São realizadas rodadas de conversa de 20 a 30 minutos e, ao final de cada uma delas, as pessoas “viajam” para outra mesa. As trocas de mesa originam o fenômeno da “polinização cruzada”, isto é, a conexão coletiva de ideias e pontos de vista entre os participantes;
  • Escolhe-se livremente um “anfitrião” para cada mesa, isto é, alguém que permanecerá sentado durante as rodadas e atualizará as pessoas que chegarem sobre os principais insights da rodada anterior;
  • As pessoas são encorajadas a escrever, desenhar e rabiscar as ideias em cartolinas, post-its e até nas próprias toalhas de mesa;
  • Há ao final um momento de compartilhamento — chamado de colheita — com todos as pessoas juntas, geralmente dispostas num formato circular, em que se conta o que mais chamou atenção nas conversas das mesas e os aprendizados decorrentes.

O coletivo 3C, grupo de prática de World Café, promoveu em abril um encontro baseado nessa metodologia cujo tema foi novas economias no dia-a-dia. O evento ocorreu no Ateliê Flux4D, espaço de encontros de colaboração para todas as pessoas que querem se conectar e criar futuros desejáveis. O intuito foi provocar as pessoas participantes a refletir sobre como essas ideias podem ser aplicadas na prática nos diferentes contextos que habitamos.

Foram propostas perguntas para guiarem as conversas das mesas, e nos parágrafos seguintes há um resumo do conteúdo desenvolvido pelos diálogos a partir dessas questões:

  • Uma questão importante relacionada às novas economias é a mudança de paradigma da competição para a colaboração. Como se libertar da centralização e da busca por reconhecimento apenas individual? Ao tentarmos ser o número 1, nos esquecemos que, com esse pensamento, só há vaga para uma pessoa. É possível encontrarmos mais satisfação e bons resultados em realizações feitas coletivamente, como é o caso da Wikipedia, editada em conjunto por mais de 130.000 voluntários, e plataformas de inovação aberta como a IdeaScale, que permite a associação de um grande número de pessoas interessadas em propor ideias para desafios propostos por organizações.
  • Podemos criar grupos de compartilhamento de utensílios domésticos e ferramentas nos condomínios. Em vez de possuirmos vários utensílios iguais e poucos utilizados, como por exemplo uma furadeira, por que não pegar emprestado em caso de necessidade? Esse tipo de iniciativa está ganhando força, porém há resistências derivadas da falta de confiança entre as pessoas. Algumas alternativas para driblar essa questão são fortalecer os vínculos entre vizinhos e vizinhas por meio de encontros informais e dividir igualmente o custo do conserto em caso de dano.
  • Plataformas como o Tem Açúcar permitem o empréstimo de coisas entre pessoas que moram perto.
  • Outra ideia são os bazares de troca de roupas, como por exemplo o projeto Butique Sustentável, uma metodologia diferente de troca onde as peças não são monetizadas.
  • Nesse sentido, o Gambiarras para Vestir é uma iniciativa da Lixiki com o Ateliê Ourela para repensar o modo que interagimos com as nossas roupas. O projeto promove encontros para troca de roupas e oficinas de práticas manuais de reparo para gerar o mínimo de resíduo têxtil.

Se queremos mudar a forma como encaramos a economia, precisamos também transformar a maneira pela qual construímos conhecimento. O World Café sobre novas economias foi uma ação concreta nessa direção.

E você, tem interesse em criar um Café para gerar inteligência coletiva sobre um tema? Então dá uma olhada no material elaborado pela comunidade global do World Café voltado para quem quer aprender a facilitar esses encontros.

Facilitação gráfica de Fernanda de Paula

Texto com acréscimos e revisão de Alex Bretas

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Miriam Cruz
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