Pulso#5

Lucas Barone
Oniversidade
Published in
7 min readJul 21, 2017

Dia 08/07/2017 na Multiversidade

"Que sorte a minha em ter me candidatado a fazer este registro!" Pensei durante todo pulso, sem saber o trabalho que iria me dar…

Esperava apenas mais um encontro, mas foi muito mais do que isto. Iniciamos um novo capítulo da nossa jornada com uma verdadeira experiência repleta de autoconhecimento e apreciação. Uma ata desta reunião, feita pela Katlen, saiu tão boa e cheio de trocadilhos ruins (típico dela) que me pareceu obrigatório integrar a este registro.

Fazia uma manhã fria e ensolarada, a falta de nuvens era compensada com um lindo céu azul-anil, que já em nossa primeira hora de encontro revelou-se ser uma inspiração para check-in.

[Kat: O dia começou com aquele silêncio único que só a prática de meditação pré-pulso pode proporcionar para aqueles corações ansiosos em compartilharem e saberem o que ia acontecer naquele dia.

O check-in em seguida trouxe em palavras todos aqueles batimentos pensantes que formulavam frases e compilações sobre como havia sido a sua própria semana, enquanto se abria para uma escuta ativa, ouvindo com o coração, a semana da voz que se ouvia.]

Eu percebi um check-in diferente! Não só pela falta do nosso objeto-da-fala original, mas devido à grande quantidade de tarefas, foi recomendado desembuchar em apenas 2 minutos. Mas isto não atrapalhou, a qualidade do que foi expresso em nossas palavras, foi ainda maior.

Sim, tivemos um Chapolin-da-fala! Talvez despertando nossa “linguagem clown”.

O silêncio deu espaço para um som de sanfona vindo da rua. Discreto, ao ponto de não conseguir reconhecer se era uma fanfarra cigana ou resquícios da festa junina.

Neste mesmo tom, posso enfim resumir nosso check-in: Dualidade e conexão, estamos todos achados e perdidos, em controle e descontrole, com medo e coragem, convergindo e divergindo…

Logo fomos para a primeira atividade do dia, orquestrada pelo facilitador Jorge Leite:

ONDE ESTÁ O SEU CENTRO?

Uma proposta de caminha por alguns lugares da República.

A proposta: Formamos grupos de 3 a 5 aprendizes, diferentes pontos do centro da cidade foram sorteados para cada grupo, chegando no lugar devíamos mandar uma selfie para o Jorge e ele nos responderia com um áudio nos encaminhando ao próximo destino.

O desafio: Cada grupo para um lugar diferente, e a cada audio um novo destino seguido por uma provocação. O ritmo da nossa caminhada era regida por reflexões incitadas pelo Jorge sobre cada espaço que havíamos visitado.

Isto vale um registro a parte de cada grupo!

Grupo visitando construção do "Arquiteto Não Formado" Artacho Jurado

[Kat: Mas não era apenas caminhar até um lugar enquanto scrollava cada um a sua timeline. N-e-m-c-e-l-u-l-a-r-l-e-v-a-m-o-s! Isso mesmo, apenas 1 integrante podia levar o celular e esse nos auxiliaria para saber qual o próximo ponto que devíamos ir, depois de terminarmos a missão de chegar a 1 lugar e pensar sobre as perguntas e questionamentos que "Jorge Harrison" nos enviava. Com certeza Jorge gravou os áudios enquanto segurava um crânio e interpretava Hamlet ao dizer a frase: Ser ou não ser. eis a questão. Digo mais, eu diria que ele estava dizendo: Centro ou não Centro, eis a questão!

Voltamos para a NAUve mãe _(eu avisei dos trocadilhos!)_ e *compartilhamos* em roda tudo o que vivemos e sentimos com essa prática. Muitas coisas não puderem ser ditas em palavras, porque nosso vocabulário ainda não contempla tantos sentimentos que só o centro, com sua beleza e cruel realidade pode proporcionar.

Ufa. Ainda só era meio-dia!]

Quer saber o que a caminhada tem a ver com aprendizado? Encerramos esta excitante atividade, respondendo a algumas perguntas e brisando sobre o insight de que "andar nos ensina a desobedecer" do filósofo Frederic Gros. Confira nesta reportagem.

Retornando do almoço, extasiado com o primeiro round, confesso que pensava em voltar para casa. Ainda haveria experiência à mesma altura do que um passeio ao centro?

Claro! Uma aula da aprendizagem auto-dirigida do facilitador Alex Bretas. Nem meio kilo de bife a parmegiana pode conter meu entusiamo!

Mas antes… uns minutinhos para levantar e se alongar ao som de "Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar". =D

Começamos destrinchando a aprendizagem auto-dirigida, através de 4 conceitos:

  • Liberdade: Escolher, aprender, estudar ou praticar algo porque é interessante, importante ou significativo para você.
  • Responsabilidade: Assumir a responsabilidade final pelo resultado dos seus esforços.
  • Autenticidade: Definir o sucesso da aprendizagem nos seus próprios termos.
  • Proatividade: Buscar de forma proativa, recursos, parceiros e demais ajudas que você precisa ao longo do caminho.

A partir daí fomos conduzidos a exercitar nossas faculdades intelectuais…

Logo de início, levamos uma rasteira da máxima de Krishnamurti sobre "O que é a liberdade?" (aconselho uma busca para ver no que nos metemos). Prosseguimos com uma explicação sobre a direção à autenticidade na visão de Max Stiner, na qual passando por 3 fases, alcançamos uma percepção de que somos o princípio de nosso próprio mundo e, portanto, o árbitro de nossa existência. Este caminho se dá pela superação das alienações, evoluindo da fase Hedonista (onde estamos apegados a objetos físicos e materiais), seguida pela Iludida (dedicação excessiva a idéias e fundamentos) e finalmente conquistada pela fase Egoísta (na qual temos plena consciência dos meios pelo qual escolhemos na busca de nossa realização pessoal. Ainda teve a cereja do bolo, descida goela abaixo com uma provocação de Schopenhauer. Sem saída, papeamos sobre a ótica do livre-arbítrio e domínio das vontades, de maneira suave, sem sentir o peso de nos obrigarmos a sermos democráticos… mágica do Alex, por conduzir a polêmica destas perspectivas de forma muito imparcial.

E tudo isto para entendermos a Autonomia! (Do quê? Quem? Como? Porquê?) Respectivamente, da capacidade de lidar com a liberdade de aprender, interagir livremente com qualquer coisa, tendo coragem necessária para escolher os métodos e as próprias motivações.

Chegamos até a ligação entre liberdade e relações de poder de Foucault, o que rendeu uma discussão calorosa sobre as diferenças entre regras e normas, a pressão exercida pela sociedade frente nossa capacidade de agir, a partir da nossa liberdade de escolha. Sem deixar de pensar em como a falta de equilíbrio entre liberdade e estrutura pode ser uma armadilha. Foi libertador…

Possível moral da história? Aprender para realizar o que te faz feliz é aprender a ser feliz.

Esta conclusão, só veio depois de assistirmos a um trecho do TEDtalks do Mihaly Csikszentmihalyi sobre a FLUIDEZ. Me causou arrepios!

Inspirado por Carl Jung, e posteriormente buscando entender as raízes da felicidade, Mihaly inicia um estudo a partir de uma pesquisa feita durante mais de 40 anos, apontando que um aumento extravagante de renda de uma população não pareceu afetar o quão felizes estas pessoas são. Nesta lógica, ele busca compreender como, na vida cotidiana, se encontra prazer e satisfação, estudando pessoas criativas (artistas e cientistas) e analisando o que faziam com que sentissem valer a pena viver suas vidas, fazendo coisas que muitos deles não esperavam que fossem trazer fama ou riqueza, mas davam significado e valor às suas vidas.

Cita em especial o relato de um famoso compositor descrevendo seu estado de êxtase, como uma viagem á uma realidade alternativa de prazer transcendente, ao conseguir compor sem esforço, de forma espontânea e intuitiva. Porém, Mihaly reforça que a "qualidade epifânica", depende da concentração plena e de uma técnica muito desenvolvida. Arrisca até em dizer que não se pode criar nada com menos de 10 anos de imersão técnica e de conhecimento num campo específico. Denominando isto como "experiência de fluidez".

Isto me faz questionar, se o propósito de se desenvolver seja alcançar o "estado de arte", de forma que a prática não seja apenas uma eterna busca para a auto-realização. Mas também um jeito de compartilhar a razão de ser.

Alex nos elevou ao limite! Foi lindo presenciar sua fugacidade em transformar uma aula (inclusive com powerpoints) em uma contemplação coletiva de aprendizado. As reflexões permeavam pela intimidade de que cada palavra significava para cada um. E bem do fundo, de dentro para fora, aprendemos. Ou melhor, sentimos na pele a vivencia do aprender.

[Kat: Depois dessa aula, fizemos uma prática b e m d o i d a que os facilitadores Alex e Camila propuseram. Era pra pensarmos: _o que você faria — qualquer coisa — se você pudesse passar 1 ano com uma capa de invisibilidade onde ninguém poderia te ver — e nem te julgar?_ Você pode fazer esse exercício aí, utilizando:
a) nada, só usando o poder da sua imaginação!
b) uma mantinha de casa — Eu a Nat fizemos isso e foi de-mais!
c) a própria capa de invisibilidade! Vou colocá-la aqui para você:]

Ainda tivemos tempo para apresentar o conteúdo que eu, a Isabela e a Amanda, aprendemos com nossa mentora Adriana Costa sobre Curadoria Digital. Uma incrível metodologia criada por ela para extrair uma essência produtiva das zilhões de coisas espalhadas na internet, se utilizando dos passos de filtrar-condensar-catalisar.

Logo em seguida eu vazei, mas ainda teve um tempinho para os grupos de prática se reunirem para discutirem pautas internas e decidirem novas diretrizes para por a mão-na-massa!

[Kat: Fizemos um check-out final para nos comprometermos com as coisas que gostaríamos de fazer em 15 dias até o próximo pulso. E transbordando de tantas coisas vividas, nos despedimos da NAUve mãe 😃]

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