Desbravando o Processo de Transição de Carreira para Tecnologia

Rafaela O. Marques
OPANehtech
Published in
8 min readJan 15, 2024

Antes de tudo, atire a primeira pedra quem não pensou em desistir no processo de transição de carreira. É um processo desafiador, e justamente pensando nisso que decidi compartilhar o que vivi e aprendi durante o meu processo de transição de carreira para tecnologia. Espero ajudar outras mulheres a perceberem como podemos vencer nossos medos e obter sucesso nessa jornada e driblar a síndrome da impostora.

// O início

Iniciar um processo de transição requer muito mais que galgar novos rumos. É necessário disposição e entusiasmo para perseverar no processo, adaptação e flexibilidade para fluência na mudança e aprendizado, curiosidade para conhecer e experimentar, coragem para se necessário dar alguns passos para trás e evoluir lá na frente, persistência para não permitir que a síndrome da impostora, os medos e as dificuldades te impeçam de avançar e gentileza para que não sejas dura consigo mesma nas cobranças.

Algo que pensei no início: “Estou começando do zero e não sei de absolutamente de nada”, e foi um dos primeiros aprendizados que tive: entender que nunca estamos começando do zero em um processo de transição. Nossos conhecimentos, habilidades técnicas e/ou softskills são úteis e aproveitados na nova jornada e isso nos possibilita inclusive estar um passo à frente. Então devemos ter esta bagagem como nossa aliada no processo, apropriando-se e utilizando-a para ajudar na criação de conexões, mapas mentais e gerar contribuições onde estiver e a partir disso assumimos um papel mais multidisciplinar. E saiba que a multidisciplinaridade é algo saudável. Esteja disponível para contribuir e colaborar agregando ainda mais valor em suas atividades.

No início precisei basicamente de duas coisas: curiosidade para empreender absorver os aprendizados e vontade de imergir nesse novo mundo da Tech. Sim, decidir começar algo novo é um investimento de altíssimo valor e possuí riscos, que precisam ser analisados e mitigados. Um dos meus desafios foi à gestão de tempo. O dia só tem 24 horas e tem tanta coisa bacana e interessante para se aprender, então como gerir isso e otimizar tempo sem desperdiçá-lo com algo que não irá trazer benefícios ou não constituirá uma base de conhecimento útil? Aprendendo sobre gestão de tempo, técnicas de estudos e de gerenciamento do tempo como o Pomodoro e aplicando-as.

Em paralelo, é importante reconhecer e evidenciar o que você mais gosta no que está aprendendo. O brilho nos olhos é algo que facilita o processo de migração e de apropriação dos novos conhecimentos e tende a reduzir a possibilidade de ocorrer frustração.

Nesse momento, é fundamental realizar a gestão do tempo para estabelecer prioridades e definir para onde os seus esforços serão direcionados. Podemos fazer isso com auxílio de técnicas e ferramentas de foco e produtividade, por exemplo. Lembrando que o planejamento não é inflexível e imutável, podendo ser adaptado de acordo com as mudanças que ocorrerem no decorrer do caminho. Por isso não se prive de conhecer, experimentar e aprender, dizendo sim ao novo, mas também compreenda que é importante dizer alguns nãos nesse percurso.

Para avançar na nova carreira foi necessário investir tempo nos estudos. No meu caso, por já possuir graduação decidi fazer uma pós em Engenharia da Qualidade de Software mas também senti a necessidade de voltar um pouco atrás e fazer uma nova graduação especifica para a área: Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Realizei também alguns cursos e formações em tecnologia por plataformas de ensino como Alura, DIO, Devaria, Descomplica, Udemy, Centro Paula Souza, CelLep, entre outros além disso veio a necessidade de aprendizado prático, então busquei estágios para iniciar na nova área. Estas decisões e escolhas foram assertivas e adequadas para o meu contexto, dedicação e entusiasmo me ajudaram a evoluir pouco a pouco de forma contínua.

//Mudança, flexibilidade, adaptabilidade, antifragilidade e definição de metas

Não se amedronte diante das novidades e das mudanças. É desafiador começar em uma nova carreira, ainda mais se a área for uma que necessita de atualização constante, motivação para estudos e leituras técnicas, e disposição para aprender. São diversos desafios, mas foi buscando compreender cada um que consegui avançar. Aprender e desenvolver essas competências trouxeram ganhos ao meu processo e a minha carreira, algo semelhante ao processo Double Diamond do Design Thinking no qual estágios de divergência e convergência são realizados para entregar aos usuários uma solução que atenda sua necessidade, no processo de transição de carreira a construção de um PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) ajuda a explorar uma oportunidade de forma mais ampla, e então focar em ações mais específicas.

Até então, nunca havia elaborado meu PDI. A minha primeira experiência foi durante mentorias de carreira, e logo em seguida pude dar continuidade a ele (PDI) aqui no Pan. E assim como a técnica dos OKRs possibilita definir as metas e objetivos que se deseja atingir, o PDI atua como uma bussola guiando nossa carreira. O meu PDI me ajudou demais nisso, e sempre que eu começava a perder o foco, olhava meu PDI e retomava a minha direção. Por isso, invista seu tempo para entender o que é e como fazer um PDI, aprenda e pratique. Converse com seus colegas de estudos e de trabalho sobre carreira. E siga evoluindo.

// Pedindo ajuda, aprendendo e evoluindo

Aqui no PAN acredito que eu “pentelhei” muita gente (risos) e todos me acolheram de uma forma incrível, carrego comigo conselhos, dicas, ensinamentos de diversos colegas, fico até com receio de falhar a memória e não citar alguém, mas saibam que tenho uma profunda gratidão. Mas então, por que isso foi possível? Porque eu ousei em buscar ajudar. Pessoas que não eram do meu time? claro, por que não!? Algo muito presente no Pan é que todos estão disponíveis e com seu teams aberto para te acolher e ajudar, e isso é genuíno. E foi com essa coragem em pedir ajuda que me fez receber tantos sins dessas pessoas PANtásticas. Com isso reforço: não se sinta só, e busque ajuda sempre; converse com colegas da área, converse com colegas de outras áreas, conecte-se, troque experiências e conhecimentos, peça mentoria de carreira e técnica; recordo-me inclusive que em uma mentoria que recebi na qual o mentor me sugeriu o seguinte: “converse com colegas e peça que sejam seus tutores e mentores, para te ajudar a traçar o percurso e te apoiar nesse processo”.

É importante compreender seus conhecimentos, suas habilidades e suas aptidões e quais precisam ser desenvolvidas para atuar na nova carreira, e buscar aprender e desenvolvê-las, com uma visão multidisciplinar ir além, mas e isso não quer dizer que a gente não possa ser uma especialista em algo, pelo contrário, é pensar em ser especialista, mas disposta e disponível a aprender e colaborar com outras frentes, gerando valor a si e à empresa na qual estiver. Não se limite.

// Meu estágio no PAN

Quando obtive a oportunidade de iniciar meu estágio no Pan, foi um momento de muita alegria da minha vida. Ter essa oportunidade de atuar em uma empresa na qual os valores culturais dão match com os meus e poder realizar a consolidação da minha transição de carreira, foi sinônimo de perfeição. Iniciei na Squad Recepção do Open Finance, a qual atuo até hoje, e poder desde o início sentir e reconhecer que: Sim, estava e estou em uma empresa incrível, que possibilita aos colaboradores muitos ganhos pessoais e profissionais, que reconhece, incentiva, capacita e acolhe; e aprender dia a dia com profissionais competentes e ímpares, está sendo um privilégio.

Meu incrível time Open Finance Recepção, que me recebeu e me acolheu muito antes de eu iniciar meu estágio (gratidão em especial a Aninha, Kelly e Iago), e foram decisivos no meu processo e na minha evolução. Sei que muito dependia e depende de mim, da minha flexibilidade, adaptabilidade, dedicação, vontade de aprender, entusiasmo, mas vocês foram sensacionais. Não foi fácil, iniciar em tecnologia, sair da zona de conforto e buscar novos caminhos e aprendizados, é algo que te desafia diariamente e te põe em dúvidas e dilemas, mas algo que pode mudar esse cenário é a motivação e o incentivo recebido; e meu estágio me ajudou pra caramba nesse processo. Meu super Tech Leader, sempre paciente, desprendia seu tempo precioso para me ensinar, orientar, explicar, apoiar, e muitas vezes me escutar. Pude experimentar e aprender sobre sustentação, testes, qualidade, automação, desenvolvimento, atividades criativas e de pesquisa, foram muitos estudos, pedidos de feedbacks frequentes o que é essencial para evoluirmos, corrigirmos nossas falhas, melhorarmos e minimizarmos nossos gaps, e sabermos nossas qualidades. Meus colegas sempre estiveram disponíveis e dispostos a me ajudar e a compartilhar seus conhecimentos, e um detalhe muito importante, dispostos a me ouvir e tenho uma gratidão imensa por isso. Foram mentorias, treinamentos, acompanhamento, direcionamento, e é claro, nosso papo do café, que é algo que faz parte e é necessário. Estar em um time com profissionais de gabarito me motivou ainda mais a aprender e a investir nas capacitações.

// O inimigo: Síndrome da impostora

Ahhhh…não pensou que eu havia esquecido dela né? Pois é, a Síndrome da impostora existe e nos atinge de forma esmagadora. As minhas cobranças e expectativas quanto ao meu aprendizado e entrega no meu estágio, fez com que a síndrome da impostora me pegasse de jeito. Era dia sim e o outro também (risos) que o pensamento de incapacidade, inutilidade e má decisão sobre a migração, vinham a minha mente. Sentia-me burra, inapta, incapaz, inútil e achava que não entregava absolutamente nada de valor ao meu time, até que durante lives voltadas para mulheres em tecnologia, a exemplo das formações realizadas pela Candidate-se Mulher e pela WoMakersCode, conheci mais sobre a síndrome da impostora, mas ainda sim relutava a compreender que sim eu estava sendo vítima dela, até que um dia durante a sessão de mentoria de carreira que fiz com a Katia, ela me pediu o seguinte: “Rafa, escreve tudo que você já fez e vem fazendo no seu estágio, e o que você vem aprendendo e etc”, então comecei a escrever, e fui percebendo que sim eu vinha entregando valor, vinha evoluindo; e que também eu estava em muitos momentos sofrendo com a síndrome da impostora sem reconhecer. E a assim encontrei uma estratégia para lidar com isso: escrever tudo o que eu estava fazendo ou aprendendo. Além disso, foi necessário que eu fosse mais gentil comigo, tendo paciência com minha curva de aprendizagem e com minhas entregas, algo que meu time sempre me falava. Mas também foi nas mentorias de carreira que comecei a enxergar isso. Frequentemente eu pensava “não vou conseguir, não entrego nada, sou uma inútil”. E então vieram as mentorias de carreira e os feedbacks e me ajudaram no processo de pertencimento que me faltava, e a passar a ser mais gentil comigo, algo que sempre me diziam “seja gentil com você”. Isso me ajudou inclusive na reconstrução do meu PDI e em diversas análises sobre a minha carreira. Poder compreender que apesar de desejar estar entregando como um sênior, a minha situação era de aprendizado e evolução, e que em meu ritmo eu estaria entregando com a senioridade que eu desejava e desejo (porque a evolução é contínua).

Transição de carreira não é algo fácil, mas também não é coisa de outro mundo. É um desafio no qual somos extremamente capazes de avançar, não existe uma receita pronta e muito menos um processo sucesso. Ainda sigo em meu processo de transição, e a dica que deixo é: seja sempre a protagonista da sua carreira, atreva-se a tentar, a falhar; seja persistente e não desista dos seus sonhos diante das dificuldades que surgirem.
Que a sua migração seja repleta de desafios, conquistas, aprendizados e evoluções. E que ela seja consolidada com sucesso.

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