Mapeamento de cenário: a trilha segura para quem busca resultados de sucesso.

Beatriz Stein
OPANehtech
Published in
3 min readSep 2, 2024

O propósito da atuação de profissionais de Change Management, ou Gestão de Mudanças Organizacionais, é realizar o engajamento de determinado público para que resulte na adoção sobre algum novo cenário. Mas, como construir planos de adoção para adultos em ambientes complexos e em constantes mudanças compulsórias?

É muito comum que profissionais de Change tenham um arcabouço ferramental que fica cada vez mais robusto conforme suas experiências em projetos de naturezas diversas. E é bem verdade que, quando aprofundamos nos estudos sobre comportamentos humanos e neurociência, encontramos padrões e tendências. No entanto, é um grave equívoco acreditar que aplicar frameworks sobre um público desconhecido será o suficiente para alcançar resultados de sucesso.

Vamos partir do pressuposto que uma empresa é um sistema que orienta sobre determinados valores, composta de subsistemas (áreas diversas) que buscam praticar tais princípios, cada um à sua forma. O que faz com que as práticas culturais variem é exatamente o ativo mais importante que existe: a subjetividade. Por mais que a instituição entregue uma linha de pensamento a ser seguida e sugira ritos que estimulem comportamentos, é a singularidade que diferencia cada indivíduo, detentor de sua própria bagagem, crença e opinião. É nesse detalhe que mora o impedimento para aplicação de fórmulas prontas que tenham dado certo em outros projetos, mesmo que seja na mesma organização. E também é aqui que entram as práticas de diagnósticos.

As características contextuais influenciarão no formato e na aplicação da investigação, mas é possível definir boas práticas aderentes a qualquer cenário. Escrevi para um livro cerca de trinta ações muito importantes para mapeamentos de cenários de qualidade, mas aqui trarei apenas algumas das principais considerações para atingirmos resultados fidedignos:

· Defina o público-alvo e seus objetos de investigação. Quais informações precisa ter e por quais motivos. Quais perguntas devem ser respondidas. Quais percepções você precisa identificar nas pessoas. Quem é seu público-alvo, como serão impactados pela mudança, onde estão inseridos na organização e quais canais de comunicação os alcançam. Importante calcular o tamanho mínimo da sua amostragem para que sejam dados que se aproximem à realidade do todo.

· Estabeleça o método de mapeamento. Avalie qual é o esforço necessário para mobilizar as pessoas e se ele trará as respostas que precisa. Às vezes, um único encontro colaborativo com o público certo trará um alto volume de respostas com qualidade. No caso de formulários, analise se o esforço em responderem cinco perguntas abertas pode ser convertido para dez fechadas e duas abertas, por exemplo, que otimiza o tempo de e aumenta a qualidade da coleta.

· Tenha um patrocinador. Pesquisas quando bem patrocinadas geram maior engajamento e podem trazer uma visão mais profunda. Muita gente entende patrocínio como disponibilização financeira, mas aqui consideramos também como disponibilização de tempo, envolvimento e interesse.

· Tenha um plano de conscientização. As pessoas precisam entender o porquê suas participações são importantes, quais percepções serão coletadas e qual o propósito. Conte se a pesquisa é anônima ou não e faça a devolutiva quando tiver o resultado.

· Integre dados qualitativos e quantitativos para uma melhor apuração. Pesquisas fechadas via formulário terão maior alcance, maior diversidade de dados e permitem levantar muitos itens de uma vez só. Perguntas abertas e entrevistas individuais ou em grupos fornecem maior riqueza de detalhes.

· Cuidado com o viés. Tanto no momento de construir as perguntas quanto na hora de coletar as respostas. Estar aberto ao que virá e ter um segundo olhar pode evitar julgamentos e aumentar sua imparcialidade. Mesmo que surja uma colocação que lhe pareça isolada, é importante considerá-la. Ignorar algum sinal pode se tornar uma barreira posterior para o movimento de mudança, e quanto mais amostras, melhor poderá aferir uma informação e gerenciar possíveis resistências.

Mais importante do que ter os dados é saber o que fazer com eles e sempre lembrar que qualquer mapeamento é situacional. Diagnósticos recorrentes mostram a evolução das pessoas ao longo de uma jornada, ajudam a identificar onde estão em suas curvas da mudança e o quanto as ações vêm sendo efetivas. Manter a leitura dos cenários atualizada é retroalimentar os planos de Change dando foco na melhoria contínua e na antecipação de problemas que impactem os processos de mudanças, além de manter um olhar aproximado entre as lideranças e a camada operacional, apoiando para uma maior coesão de pensamentos e de soluções.

--

--