UX com cara de dúvida.
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O quê, como e porquê: quais as diferenças entre UX Design e UX Research

Rômulo Azevedo
OPANehtech
Published in
5 min readSep 19, 2019

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Nos últimos meses, pude participar de alguns eventos da área de UX e desenvolvimento de produto, englobando todo tipo de assunto, desde ferramentas para otimização de prototipagem até conversas sobre quais habilidades, nós designers, precisamos aprimorar para lidar com diferentes interesses de negócios.

Nesses encontros sempre temos alguns assuntos recorrentes, entre eles um dos mais populares é sobre quais são as atribuições, motivações e entregáveis do UX Researcher, principalmente por UX Researchers iniciantes ou UX Designers interessados em fazer a transição para a área de pesquisa, assim como eu fiz.

É muito comum UX Designers terem dificuldades para identificar diferenças no seu dia a dia para o de um pesquisador. Durante os primeiros meses, atuando como UX Researcher, após já ter trabalhado muito tempo como Product Designer, tive certa dificuldade para conseguir entender as diferenças entre um e outro, já que nos dois casos, temos pesquisas de descoberta, validações e inputs obtidos diretamente com os usuários (ponto que define o que é ser um UX) como tarefas da rotina diária.

Fazer essa distinção fica ainda mais difícil levando em consideração que muitas ferramentas são compartilhadas como: a abordagem do Design Thinking, entrevistas com usuários, workshops, alinhamento com stakeholders…

Mas estamos aqui para citar as diferenças entre pesquisa e produto, um bom ponto de partida é:

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O enfoque

UX Designers além de identificar problemas e desejos dos usuários, através de pesquisas, trabalham para desenvolver soluções alinhadas à essas necessidades, já UX Researchers estão focados em compreender esses problemas e desejos dos usuários.

A partir disso, podemos pensar em como esse enfoque reflete na atuação de cada um, relacionar quais perguntas cada um precisa responder no dia a dia imagino ser uma boa forma de exemplificar essa diferença.

“O quê” e “porquê”, as perguntas do UX Researcher

UX Researchers trabalham, coletando evidências, para responder O QUÊ traz dificuldades no dia a dia dos usuários, para com isso entender suas motivações e o PORQUÊ de suas decisões.

Essas informações servem de insumo para que o negócio possa criar soluções, a partir de problemas realmente experienciados pelos usuários, aumentando potencialmente o sucesso destas ações.

“Como” a pergunta do UX Designer

UX Designers estão preocupados em COMO facilitar a vida dos usuários, por exemplo: criação de novos produtos, melhorias em fluxos e correção de problemas do produto.

Com isso, garantir a satisfação dos usuários durante todo ciclo de vida do produto, através de experiências de uso que encantem os clientes ao ponto de fidelizá-los e fazê-los recomendar seu produto, resultando em valor para o negócio.

A abrangência

Embora possa ter diferentes visões sobre a abrangência do UX Researcher e do UX Designer na construção do produto, no Banco PAN esse é outro ponto que conseguimos ver diferenças entre um e outro:

Embora ambos se relacionem com clientes, squads e diferentes áreas da empresa, UX Designers conversam com esses atores buscando respostas para resolver problemas no contexto de uma squad ou produto específico.

Já UX Researchers conversam com eles buscando entender o comportamento e motivação dos clientes, descobrindo desafios que muitas vezes extrapolam o universo da squad, por vezes até mesmo do produto, implicando em ações na empresa como um todo.

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O consumidor

Com esses pontos levantados já fica fácil enxergarmos quais são as entregas de cada um e quem consome tais entregas:

UX Researchers em suas pesquisas entregam validações e insights através de evidências, que servem de insumo para que squads e empresa como um todo tomem decisões em relação ao produto no dia a dia, atingindo o cliente final de forma indireta.

UX Designers, no entanto, tem suas entregas consumidas diretamente pelo cliente final, através dos pontos de contato, resultando em uma atuação bem mais próxima da forma de utilização do produto, buscando melhorá-la constantemente através dos dados que direcionem essas mudanças, estas podem ter sido geradas de insights levantados pelo UX Researcher.

Conclusões

Não devemos nos enganar e imaginar que um seja a evolução do outro,
já que ambos representam papéis igualmente fundamentais para o desenvolvimento de experiências encantadoras, objetivo de todo profissional de UX.

Levar em consideração as respostas das perguntas: O quê, Porquê e Como no momento da tomada de decisões é o que realmente podemos chamar de design centrado no usuário.

Aqui no Banco PAN, temos a figura do UX Designer e do UX Researcher coexistindo, pois garante que cada um possa atuar com foco total na resposta da sua pergunta, porém não impede o diálogo entre os dois.

Acho importante frisar que este é o formato que temos aqui no Banco PAN e que contextos diferentes podem exigir outras configurações.

Por exemplo, em uma estrutura enxuta, um único profissional de UX possa ser o responsável por responder as três perguntas: O quê, Porquê e Como, usando as ferramentas específicas para responder cada uma delas. Porém, talvez a tarefa mais árdua seja mudar a forma de ver as coisas dependendo de qual pergunta você está buscando responder.

Eu mesmo, no começo tinha o costume de cair na tentação de “produtar” muito cedo durante o processo de pesquisa, correndo o risco de obter apenas resultados para validações de hipóteses, ao invés de abrir espaço para novas descobertas, até então, ainda não mapeadas.

A partir do momento que fui entendendo qual o novo papel que deveria desempenhar, as perguntas que deveriam respondidas foram ficando mais claras.

Se antes, como UX Designer, estava engajado em buscar soluções para os problemas, agora como researcher estou muito mais focado em explorar e entender a origem dos problemas, quais os sentimentos dos usuários e a importância para o negócio.

Espero que esta postagem ajude a entender um pouco mais do dia a dia de um pesquisador, mas ainda temos muito o que discutir nos próximos artigos.

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