Revelando o panorama global da Open GLAM

Douglas McCarthy
Open GLAM
Published in
5 min readJul 14, 2020
Mission Manufacturing Co., ‘’Miss Mission’’ series, 1944. Robert Yarnall Richie. DeGolyer Library, Southern Methodist University. No known copyright restrictions.

Quantas instituições de patrimônio cultural disponibilizam gratuitamente suas coleções para serem reutilizadas? Como fazem isso, e onde o acesso aberto é predominante? Há doze meses, eu e Andrea Wallace saímos em busca de algumas respostas.

No primeiro artigo de uma breve série, eu reconto as origens e motivações da pesquisa Open GLAM.

Detail of ‘Melkeveien’ (The Milky Way) tapestry, 1898. Frida Hansen (1855–1931). Museum für Kunst und Gewerbe Hamburg. CC0

Por mais de uma década, o movimento Open GLAM (Galeria, Biblioteca, Arquivo e Museu) tem defendido a causa do acesso aberto ao patrimônio cultural salvaguardado em instituições de memória, para promover a troca de ideias e possibilitar a equidade do conhecimento.

O acesso aberto tem sido adotado por um número crescente de museus e bibliotecas ao redor do mundo, da Nova Zelândia à Noruega. Então, qual é o panorama global?

Uma lacuna de informação

Tweet by Simon Tanner, 7 March 2018

No início de 2018, à despeito da abundante bibliografia científica sobre Open GLAM, não havia um recurso sequer que disponibilizasse um panorama atualizado das políticas e práticas de acesso aberto.

Impelido à ação por uma conversa no Twitter com Simon Tanner e outros, Andrea e eu começamos a imaginar como a lista se pareceria. Para nós, parecia óbvio que um recurso compartilhado para visualizar, adicionar e atualizar informações relevantes seria valioso para pesquisadores, formuladores de políticas públicas e profissionais de patrimônio cultural.

Assim como havia uma lacuna de informação, parecia haver também um viés implícito na Open GLAM em favor de grandes instituições europeias e norteamericanas: o Rijksmuseum, a National Gallery of Art, a British Library etc. Mesmo injusta, essa percepção aumenta o risco de que acesso aberto seja visto como algo “somente para os grandes museus dos países desenvolvidos” e considerado menos relevante ou acessível para pequenas instituições.

Motivado a revelar o real panorama global da Open GLAM, Andrea e eu decidimos elaborar uma pesquisa.

Detail from a Catalan world map, 1375. Världskulturmuseet. Public Domain Mark.

Tudo começou com uma planilha

Para começar, fizemos uma simples planilha Google listando informações básicas, como o nome da instituição, país e que tipo de licença aberta a instituição estava usando. Com o apoio de colegas como David Haskiya e Sarah Powell, em pouco tempo listamos mais ou menos 40 instituições.

OPEN GLAM PARTY 1.0, the first survey iteration, March 2018. Note the early presence of NC and ND licences, excluded once the Open Definition had been chosen for the survey.

Muitas vezes não há consenso quanto ao significado exato de “aberto”; frequentemente é auto-definido e bastante obscuro. A definição de “aberto” empregada na pesquisa segue a Definição de Aberto da Fundação Open Knowledge International e a gama de instrumentos jurídicos que o compõe. Também considera os dados publicados sob a declaração de Copyright Desconhecido, desenvolvido por https://rightsstatements.org, e o Flickr Commons “sem restrições conhecidas de copyright”, (apesar dos autores da pesquisa reconhecerem a obscuridade do último).

“Aberto significa que qualquer pessoa pode acessar, usar, modificar e compartilhar livremente para qualquer fim”. A Definição de Aberto

Licenças com restrições de uso não-comercial e/ou seus derivados não são elegíveis para inclusão nesta pesquisa. (Material com copyright está, naturalmente, fora do escopo)

O escopo da pesquisa

O foco principal da pesquisa é a reprodução digital de objetos de domínio público, onde as condições de copyright para o material já tenham expirado ou nunca tenham existido. A pesquisa cobre objetos e dados que os GLAM disponibilizam em seus próprios websites e plataformas externas, como Wikimedia Commons, Europeana, German Digital Library e Github.

The Large Plane Trees (Road Menders at Saint-Rémy), 1889. Vincent van Gogh (Dutch, 1853–1890). The Cleveland Museum of Art, Gift of the Hanna Fund 1947.209. CC0

Castanha → carvalho

De posse de uma estrutura clara, do escopo da pesquisa e da Definição de Aberto, Andrea e eu aceleramos nosso alcance na comunidade global de GLAM, predominantemente via Twitter (comprovadamente uma excelente ferramenta de crowdsourcing).

Survey outreach by Douglas McCarthy on Twitter, 4 April 2018

A resposta positiva à pesquisa nos encorajou a seguir em frente. Contribuições úteis via Twitter, emails e comentários diretos na planilha possibilitam que a pesquisa seja atualizada regularmente com novas instituições e informações.

Nós também aproveitamos os recursos e comunidades on-line como Flickr Commons e Coding Da Vinci. Consultas aos dados da Europeana usando seus APIs (obrigado, Jolan Wuyts) revelaram muitas ocorrências de acesso aberto em escalas menores, mas não menos valiosas.

Desde a fase de prototipação da pesquisa, nós aumentamos sua sofisticação, adicionando links diretos para fontes de dados, APIs e repositórios do Github. Listamos itens da Wikidata para cada instituição, quando disponível.

Um ano após iniciarmos a pesquisa, mais de 550 instituições em todo o mundo estão listadas, englobando vários continentes, muitos idiomas e uma ampla tipologia de instituições. O verdadeiro panorama global da Open GLAM começa a aparecer.

Explore a pesquisa da Open GLAM

Survey of GLAM open access policy and practice, Andrea Wallace and Douglas McCarthy, accessed 4 April 2019

Quer ler mais?

Esta é a próxima história desta breve série:

Se você tem alguma pergunta sobre a pesquisa, por favor comente aqui ou entre em contato comigo ou com Andrea no Twitter.

Publicado originalmente em inglês em https://medium.com em 4 de abril de 2019. Este artigo foi atualizado em 30 de maio de 2019 para esclarecer a definição de acesso aberto utilizada na pesquisa. Este artigo foi traduzido por Leticia Fernandes e está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).

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Douglas McCarthy
Open GLAM

Museums, digital & open access specialist | Editor of Open GLAM Medium | Co-author of bit.ly/OpenGLAMsurvey