Semanário OKBR #26: Os novos dados do desmatamento da Amazônia

Open Knowledge Brasil
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6 min readAug 2, 2019

Confira o que separamos para você ler esta semana sobre governo aberto, educação e ciência abertas, tecnologias cívicas e inovação política no Brasil e no mundo. Inscreva-se aqui para receber nosso semanário diretamente na sua caixa de entrada.

BOLSONARO DIZ QUE NOVOS DADOS SOBRE DESMATAMENTO SERÃO PUBLICADOS

#Governo #Dados #Desmatamento #MeioAmbiente

Dando continuidade às suas críticas ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Jair Bolsonaro afirmou que o governo divulgará novos dados sobre desmatamento na Amazônia. O presidente destacou novamente o impacto que os dados sobre meio ambiente podem ter em negociações internacionais, e disse que o caso não seria de revisar os dados, mas de apresentá-los de forma mais completa.

Em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira, Bolsonaro e os ministros Ernesto Araújo, General Augusto Heleno e Ricardo Salles contestaram os dados do INPE e anunciaram que o Ministério do Meio Ambiente contratará um novo sistema de monitoramento, mas que não abandonará o atual. Na coletiva, Augusto Heleno salientou mais uma vez que os dados prejudicam a imagem do país no exterior, e que, caso fossem considerados corretos, deveriam ser tratados internamente pelo governo.

Segundo Salles, o DETER, sistema que originou os dados contestados, apresenta uma imprecisão temporal que pode comprometer o dado real de desmatamento. O diretor do INPE, Ricardo Galvão, afirmou que o DETER não é um sistema para aferir desmatamento mensalmente, mas que ele tem auxiliado no processo de fiscalização e redução do desmatamento por meio da emissão de alertas.

A tensão entre INPE e Bolsonaro teve início quando o órgão publicou dados que apontavam que mais de 1800 km² da floresta amazônica teriam sido desmatados em julho, um aumento de aproximadamente 88% em relação a julho de 2018.

INVESTIGAÇÃO SOBRE USO DE WHATSAPP EM ELEIÇÕES AVANÇA LENTAMENTE

#Whatsapp #Eleições #PropagandaEleitoral #FakeNews

Em contraste com a Operação Spoofing que, em menos de dois meses de atividade, prendeu quatro suspeitos de hackeamento de celulares de autoridades do governo, caminha a passos lentos a investigação tocada pela Polícia Federal e o Ministério Público sobre propaganda eleitoral ilegal e fake news enviadas pelo WhatsApp, durante as eleições de 2018. Com inquérito iniciado há oito meses, a apuração que investiga as possíveis mensagens enviadas pelas campanhas de Haddad e de Bolsonaro ainda não conduziu nenhum procedimento de busca e apreensão, nem de quebra de sigilo, etapas importantes para a conclusão do caso, de acordo com um dos investigadores. Diferentemente da Operação Spoofing, que contou com reforço de fora de Brasília, esta investigação da PF e do MP (ainda) não foi priorizada. Mais detalhes no UOL.

HACKEAMENTO DE AUTORIDADES FAZ ANATEL PROIBIR LIGAÇÕES PARA PRÓPRIO NÚMERO

#Hackers #Telegram #Anatel #SegurançaDigital

Após a Operação Spoofing ter revelado que os supostos hackers teriam invadido celulares de autoridades por meio de uma prática pouco sofisticada, a Anatel corrigiu a falha que pode ter originado o hackeamento. Segundo as investigações, os suspeitos presos na última semana teriam “clonado” os números de celular das vítimas e solicitado que o código de acesso do Telegram fosse fornecido via ligação; em seguida, os hackers saturavam a linha, forçando que a ligação do aplicativo caísse na caixa postal, e, por fim, acessavam a caixa postal por meio de um recurso padrão das operadoras de telefonia, agora proibido pela Anatel, que envolvia ligar para o próprio número para liberar o acesso às mensagens da caixa postal. A proibição veio por meio de um ofício da Polícia Federal, e, além desta medida, a Anatel também iniciará uma campanha de conscientização sobre segurança digital. Leia mais na Exame.

JUSTIÇA AMERICANA INICIA INVESTIGAÇÃO ANTITRUSTE SOBRE FACEBOOK

#Facebook #Whatsapp #Instagram #JustiçaAmericana #Antitruste #Concorrência

Após condenar o Facebook a pagar 5 bilhões de dólares por violação à privacidade de seus usuários, a Comissão Federal do Comércio (FTC) americana iniciou uma investigação sobre a possibilidade de a maior rede social ter comprado outras empresas, como o WhatsApp, o Instagram e outras dezenas, com o objetivo de neutralizar possíveis concorrentes. Desde o início do ano, a FTC tem concentrado esforços para estudar o ambiente de competição no mercado de tecnologia, que tem sido prejudicado devido às aquisições de startups por grandes corporações, fenômeno que pode comprometer o desenvolvimento de novas tecnologias. Outros órgãos da justiça americana e europeia também têm conduzido investigações e análises como as da FTC.

Segundo o diretor de políticas públicas do Facebook, Matt Perault, as aquisições feitas pela empresa visaram à inovação tecnológica de ambas as partes, e, se não fosse por esses processos, tais empresas teriam mais dificuldades para crescer. Veja mais na Folha.

PRA LIGAR O RADAR

Anatel abre consulta sobre dados abertos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu, nesta quarta-feira, uma consulta pública que visa coletar contribuições sobre bases de dados já publicadas no Portal de Dados Abertos, de modo a avaliar os avanços que o órgão fez nos Planos de Dados Abertos anteriores e possíveis melhorias. A consulta fica aberta até o dia 12 de agosto e pode ser acessada neste link.

Reunião da Creative Commons Brasil. Para o dia 15 de agosto, o capítulo brasileiro da Creative Commons sedia uma reunião aberta para discutir as contribuições da organização na reforma da Lei de Direitos Autorais, tendo em vista a consulta pública do Ministério da Cidadania, além da recente aprovação da nova Diretiva sobre Direitos do Autor da União Europeia, que certamente influenciará o debate brasileiro. O encontro será no InternetLab (Avenida Ipiranga, 344, conj. 11B) das 19h às 20h30. Veja mais detalhes no site da CC.

Evento sobre Direito e Desenvolvimento e lançamento de livro. Nos próximos dias 5 e 6, a Escola de Direito da FGV-SP e a Faculdade de Direito da USP organizam um evento com diversos convidados internacionais para discutir temas mais quentes do Direito e Desenvolvimento, como o papel das instituições democráticas, corrupção, internet, etc. O primeiro dia do evento ocorrerá nas dependências do Largo São Francisco, e o segundo dia, na FGV. No primeiro dia, também acontecerá o lançamento do livro de Katharina Pistor. Mais informações no evento no Facebook.

PRA LER NO FIM DE SEMANA

Processos para um censo digital. Em 2020, os Estados Unidos planejam realizar seu primeiro censo digital, e diversos estados e municípios estão trabalhando arduamente para que tudo funcione bem, como é possível ver neste artigo da StateScoop. Largando na frente, o estado da Califórnia está investindo seis vezes mais que os outros estados, com valores que ultrapassam 180 milhões de dólares em campanhas em todos os níveis de governo, além de um portal de 1,7 milhão de dólares. E mesmo com todo este investimento, o processo não é nem um pouco livre de preocupações.

Duas reflexões sobre cibersegurança de autoridades. Em entrevista para o Nexo, a pesquisadora Yasodara Córdova traz pontos fundamentais para o debate que envolve o suposto hackeamento dos membros da força-tarefa da Lava Jato: do papel das operadoras de telefonia aos conhecimentos necessários para hackear os celulares das autoridades.

Já o advogado Ronaldo Lemos, em sua coluna na Folha, destaca a facilidade com que ocorreu o hackeamento de pessoas do alto escalão do governo, salientando a fragilidade da segurança digital dessas figuras e o fracasso em um debate sério sobre o tema na administração pública.

Discursos tóxicos e IA. Publicado na WIRED, um estudo conduzido pelo InternetLab revelou que caso as redes sociais queiram implementar recursos de inteligência artificial para combater a toxicidade da plataforma, é prudente tomar bastante cuidado. A organização utilizou o Perspective, uma inteligência artificial da Jigsaw — que faz parte da Alphabet, mesmo conglomerado do Google — , com o objetivo de avaliar quais textos seriam considerados tóxicos. Para testar o Perspective, foram tomados perfis do Twitter de drag queens e de líderes da extrema direita, e os resultados são, no mínimo, preocupantes.

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