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OPEN SOURCE [na sala dos ‘profes’]:

Ensinando para uma aprendizagem de qualidade na Universidade (BIGGS; TANG, 2011) #00

Conheci este livro por conta do Programa Internacional de Certificação Docente em Pedagogia no Ensino Superior que fiz com a Finland University, em 2017, graças a uma bolsa de estudos concedida pelo Grupo Ânima de Educação, proprietário de uma das instituições para as quais eu trabalho atualmente, a Unisociesc.

Pela primeira vez em quase dez anos como professora universitária, tive a oportunidade de estudar Pedagogia e foi com ninguém mais, ninguém menos que minha referência em educação para a vida: os finlandeses (finlandesas, no caso, pois todas as professoras que tive são mulheres #grlpwr). Quase não acreditei quando vi o edital de seleção para o curso na intranet da instituição e nem sei dizer o que senti quando recebi o comunicado de que eu ‘estava dentro’.

Já fazia tempo mesmo que eu andava insatisfeita com os resultados que eu obtinha em sala de aula. Andava sempre atrás de alguma leitura, mas, especialmente, de ferramentas que me ajudassem a extrair mais das minhas aulas (quem nunca?) Por isso, para mim este curso foi um presente cujo valor é impossível de medir apenas pensando em dinheiro! Foram nove meses de intensa reflexão transformativa na minha prática docente. Tempo de gestar, mesmo, algo novo em mim.

Simplesmente acompanhar o processo de condução da nossa aprendizagem (40 professores das várias instituições do Grupo) pelas professoras já foi um aprendizado aparte. Mas o que não tem preço mesmo é a compreensão da filosofia por trás de tudo o que elas fizeram. Não há ferramenta que resolva um problema se você não sabe como usá-la ou o que gostaria de extrair dela!

Uma das bases primordiais da filosofia de ensino e aprendizagem que aprendemos com nossas professoras vem deste livro do John Biggs e da Catherine Tang, publicado pela primeira vez em 1991, e até hoje sem tradução no Brasil, cujo nome é Ensino para uma aprendizagem de qualidade da Universidade (tradução livre).

Desde que entrei em contato com este material, tive muita vontade de compartilhá-lo com meus colegas, mas a questão da língua é uma barreira para muitos. Para quem começou a me acompanhar aqui pelo Medium, já sabe que acabei criando, com os corajosos que quiseram encarar o desafio, um grupo de estudo desta obra. Vamos nos reunir para discutir dois capítulos do livro por mês, começando logo depois do Carnaval. A ideia é termos discutido todo o livro até o fim do ano.

Decidi, então, aproveitar a oportunidade para ir compartilhando também por aqui as ideias do livro e as nossas discussões a seu respeito. Por isso achei que seria importante, antes de começar para valer, fazer uma apresentação do livro, explicando o que há de tão especial nele. Vou apresentar brevemente, pela tradução livre de alguns trechos do prefácio da 4a edição, sobre o que ele trata:

Parte 1: ensino e aprendizagem eficazes para as universidades de hoje

O Capítulo 1 analisa como uma abordagem baseada em resultados para o ensino e a aprendizagem se mostra assertiva em vista do contexto de mudança das universidades em todo o mundo.

O Capítulo 2 apresenta algumas das pesquisas sobre aprendizado de alunos que ajudam a projetar um ensino mais eficaz.

O Capítulo 3 prepara o terreno para um ensino eficaz, observando o que ‘motivação de alunos pode significar e como pode ser o clima de ensino.

O Capítulo 4 descreve os contextos para um ensino e aprendizagem eficazes.

O Capítulo 5 investiga a natureza do que ensinamos, descrevendo as naturezas do conhecimento declarativo e funcional e como precisamos articular níveis de compreensão dessas formas de conhecimento.

O Capítulo 6 descreve como o alinhamento construtivo surgiu e explica como ele se encaixa no modelo de ensino e aprendizagem baseado em resultados.

Parte 2: Projetando ensino e aprendizado baseados em resultados construtivamente alinhados

O Capítulo 7 analisa os resultados pretendidos de aprendizagem concentrando-se no conhecimento declarativo ou funcional, conforme apropriado.

Os Capítulos 8 e 9 entram no desenho de atividades de ensino / aprendizagem para fins declarativos e resultados funcionais, respectivamente.

O Capítulo 10 discute os princípios da avaliação.

Os capítulos 11 e 12 discutem a avaliação para resultados declarativos e funcionais.

Parte 3: Alinhamento construtivo em ação

O Capítulo 13 discute as questões de como melhor implementar o alinhamento construtivo em vários níveis: curso e departamento, faculdade e escola, o conjunto da instituição e além.

O Capítulo 14 apresenta vários exemplos de implementação do alinhamento construtivo em vários níveis.

Não ousaria fazer uma tradução na íntegra de todo este conteúdo, mesmo porque o livro tem mais de 400 páginas (!). Mas pretendo destacar algumas noções fundamentais contidas nele, que me fizeram repensar meu papel de professora universitária e me permitiram implementar muitas melhorias em meus processos, gerando excelentes experiências para meus alunos (esta é a melhor parte!).

O interessante de tudo isso é que os alunos não achavam que tinham aulas ruins comigo, não. Sempre tive muito prazer em estar em sala de aula e, em boa parte do tempo, acredito que consigo transmitir este prazer a boa parte dos alunos. Já construí muitas coisas incríveis com minhas turmas…

A insatisfação que eu sentia era interna, algo como sentir que você está dando o melhor de si, mas que ainda está aquém do que deveria fazer porque não ter certeza do que deveria estar fazendo realmente (síndrome do impostor diz alguma coisa para você?). Nem de longe pense que hoje sou uma pessoa com mais certezas. Não mesmo! A mudança que eu percebi é uma mudança de dentro para fora, de se sentir mais confortável na própria pele, esta pele tão pesada e, ao mesmo tempo, tão sensível, que é a do professor.

Se você quiser acompanhar esta série de textos sobre o livro, está mais do que convidad@! Me conta o que você achou da ideia de ter acesso aos principais conceitos da teoria do ALINHAMENTO CONSTRUTIVO, seja você professor ou não. É só escrever pra mim: komonolearning@gmail.com. Eu vou adorar poder conversar com você aqui nesta #SaladosProfes ;)

Ah! OpenSource, nome que dei para a minha coluna sobre docência aqui no Medium, quer dizer código aberto, pois a ideia é que colegas possam usar os erros e acertos que virem por aqui para refletir sobre suas próprias práticas, além de compartilhar suas histórias também, se tiverem vontade.

P.S.: se você gostou da minha ideia de falar sobre estes assuntos e ficou com vontade de acompanhar minha coluna, clica aqui, responde o form e eu vou te avisando na medida em que publicar novos textos ;)