Os componentes da Comunicação Não-Violenta

Bianca Hatada
opsicoapp
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3 min readJul 10, 2020

Você sabe o que caracteriza uma comunicação não-violenta?

Primeiro precisamos abordar o que significa uma comunicação violenta. Segundo Marshall Rosenberg:

“Embora possamos não considerar ‘violenta’ a maneira de falarmos, nossas palavras não raro induzem à mágoa e à dor, seja para os outros, seja para nós mesmos”.

A comunicação violenta, mesmo que não seja consciente e intencional, leva à frustração, dor e desentendimentos, e nos impede de formar relacionamentos de qualidade e criar conexões satisfatórias, até com nós mesmos.

A Comunicação Não-Violenta (CNV), então, surge como uma alternativa à comunicação violenta, com o propósito de focar em uma linguagem que expressa o que nos importa, e também nos auxilia a ouvir o que importa aos outros, de maneira empática, responsável e clara.

Em seu livro “Comunicação Não-Violenta: Técnicas para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais”, Rosenberg destaca quatro componentes da CNV: observação, sentimento, necessidades e pedido.

Conheça cada um deles.

1. Observação: O que estou observando?

Separe a observação da avaliação — observe sem julgar, e coloque o que vê de modo específico, para tempo e contextos determinados.

Por exemplo: ao invés de dizer “Você nunca me ouve”, aponte “Quando tentei conversar com você hoje à tarde sobre tal assunto, você não me respondeu.”

Assim, você está especificando uma determinada ação que lhe causou mal estar e aumenta a probabilidade de que a outra pessoa nos ouça e entenda nossa mensagem de forma mais clara.

2. Sentimento: O que estou sentindo?

Frequentemente usamos a palavra ‘sentir’ sem realmente expressar o que sentimos, mas como forma de colocar aquilo que estamos pensando.

Frases como “sinto como se falasse com uma parede”, “sinto que sou uma pessoa ruim”, “sinto que eles não me ouvem” não expressam sentimentos, e sim pensamentos e julgamentos, tanto nosso quanto de outros.

Em vez disso, procure utilizar palavras que de fato expressam sentimentos, como “animado”, “confiante”, “aflito” e “frustrado”.

Quando nos permitimos falar abertamente sobre o que estamos sentindo, abrimos a possibilidade de nos conectar mais facilmente com outras pessoas.

3. Necessidade: O que eu necessito?

“O que os outros fazem pode ser o estímulo para nossos sentimentos, mas não a causa.” (Marshall Rosenberg, 2006)

Todo comportamento que apresentamos possui o objetivo de atender uma necessidade, seja qual esta for. Ao focarmos nas nossas necessidades, tomamos consciência de que nossos sentimentos de mal estar vêm do desejo de tê-las atendidas e, consequentemente, assumimos responsabilidade por nossas ações e intenções.

Conecte o que está sentindo com a necessidade que deseja ter atendida: “Sinto-me assim porque eu necessito/quero…”

4. Pedido: O que estou pedindo para enriquecer minha vida?

Uma vez que identificamos nossos sentimentos e necessidades diante de situações específicas que nos trazem mal estar, precisamos fazer um pedido para que sejamos satisfeitos.

Pode parecer difícil e assustador — e sem dúvidas é — colocar exatamente o que estamos sentindo e do que precisamos ao outro. Mas ao expressarmos nossas necessidades de forma honesta, ao mesmo tempo em que procuramos escutar os sentimentos e as necessidades do outro, temos mais chance de tê-las satisfeitas.

Quando fizer um pedido ao outro, seja específico quanto ao que você necessita e quais ações concretas o outro pode realizar para atendê-lo, utilizando-se de linguagem clara e positiva.

A prática da CNV não é simples e exige prática, paciência e, acima de tudo, tempo. Mas os resultados de uma comunicação empática, conscientizadora e não-violenta são impactantes, e nos ajudam a construir relações mais sinceras e satisfatórias.

Agora que você sabe quais são os componentes da CNV, procure aplicá-los no seu dia-a-dia!

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Bianca Hatada
opsicoapp

Estudante de Psicologia e Editora de Processos Criativos no OPSICO.