Dardos no Alvo — Desafio OrangeJuice

Luisa Lopes
orangejuicetech
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8 min readMay 5, 2022
Descrição: seis dardos, três deles verdes e três deles amarelos, fixados aleatoriamente, porém próximos ao centro de um alvo.

I — INTRODUÇÃO

Terminava o último ano do ensino fundamental. Iniciava-se uma vida de decisões. A primeira delas era a maneira de cursar o Ensino Médio que, na época, ainda seguia o modelo não atualizado; aquele em que as matérias não eram separadas por áreas de conhecimento; portanto, pode ser difícil enxergar qual decisão existia para mim. Permitam-me agora dar a explicação: algumas escolas ainda permitem que os estudantes realizem um curso técnico acompanhado de seus estudos do médio regular. Eu possuía, então, três opções de curso: Mecatrônica, Administração e Informática. Como não entendo “necas de pitiribas” de Matemática Financeira e não sabia se seria capaz de lidar constantemente com conceitos de Eletrodinâmica, elegi Informática, com o seguinte pensamento: “Vi meu pai trabalhando com isso, então sempre terei alguém com quem compartilhar minhas dúvidas”.

Verdade seja dita, eu não fazia ideia de onde estava metendo o nariz, e o que era para ser apenas um diploma a mais no currículo se tornou uma parte inseparável minha, assim como a Literatura, a Sociologia e o estudo de Linguagens, assuntos aos quais eu me dedicava pelo desejo de um dia formar-me em Jornalismo.

Os problemas vieram em maio de 2020, quando as medidas de segurança vieram e, com elas, a incapacidade da escola de manter aulas práticas. A falta de motivação externa, além do bombardeamento de más notícias, fez muito mal aos meus estudos de programação, os quais só não abandonei completamente pois precisava fazer provas que incluíam analisar códigos em C#, SQL e Java. Me formei eventualmente, embora não de maneira totalmente honesta, e não posso dizer que me lembro do que vi no decorrer desse último ano.

Entre Dezembro de 2021 e Janeiro de 2022, meu pai me introduziu à plataforma da Digital Innovation One (DIO). Francamente, acredito que meu pai era o único que conseguia ver amor à programação através de todas as pragas que já lancei a Pascal e a Turing, e não sei se teria voltado a estudar se não fossem suas tentativas sutis de não me deixar desistir.

Não posso dar o crédito apenas à DIO, ainda que seja grata ao conteúdo disponibilizado pela empresa. Houveram muitas outras fontes que contribuíram para minha volta aos estudos da programação, estudo esse que, apesar de ainda estar em seus primórdios e não muito consistente, tende apenas a aumentar com o passar dos anos.

II— O QUE EU APRENDI, DE FATO, DURANTE A PANDEMIA

I — PYTHON

Python é uma linguagem de programação criada em 1991 e que se tornou cada vez mais popular no decorrer dos últimos anos devido à sua eficiência em áreas emergentes, como Inteligência Artificial e Análise de Dados. A linguagem se tornou sinônimo, também, de automação, o que significa que muitos programadores começaram criando um programa em Python para facilitar trabalhos repetitivos.

É importante lembrar que Python não se chama Python por causa da cobra píton; seu criador simplesmente gostava dos sketches de comédia de Monty Python e decidiu prestar homenagem. Eventualmente, Python passou a ser associada com a cobra porque… convenhamos, era inevitável que aconteceria em algum momento, e esse momento foi quando um livro cuja editora possuía a tradição de imprimir imagens de animais em sua capa escolheu uma píton.

Descrição: Livro de Python com capa branca, contendo uma píton em preto e branco.

Meu primeiro contato real com o Python foi através da DIO. Depois de 3 anos programando em C#, C e Java, entrar em contato com uma linguagem com sintaxe infinitamente mais simples foi como escrever um TCC com o Grammarly, e fui capaz de compreender a sintaxe básica do Python em menos de 6 horas.

Descrição: GIF da série The Office, em que o personagem Dwight, interpretado por Rainn Wilson, e o personagem Michael, interpretado por Steve Carrell, dançam vitoriosamente balançando as mãos no ar.

Em Fevereiro ou em Março, não me recordo corretamente agora, participei do evento Intensivão de Python da Hashtag Programação para aprender mais sobre essa linguagem incrível. É graças a esse evento que posso dizer com — quase — certeza que pretendo seguir carreira em Análise de Dados. Essa área é bastante facilitada com aplicações Python, pois elas tornam possível a leitura de arquivos, a criação de gráficos e a realização de previsões em um único programa; algumas das bibliotecas favoritas para esses processos são o pandas, o matplotlib e o selenium. Também foi nesse evento que entrei em contato com a ferramenta Jupyter, que tende a separar o código que, em uma IDE por exemplo, ficaria em um único “bloco”. Essa divisão torna possível a melhor visualização de qual processo está sendo realizado e, assim, a melhor organização dos dados a serem analisados pelos especialistas.

Depois desse intensivo, acabei comprando um curso de Python na Udemy que, infelizmente, ando sem muito tempo para assistir. No entanto, consegui fazer um bot de Discord que se conectava a uma API de frases inspiracionais, além de reagir quando um usuário falava que estava triste ou cansado. Isso ocorria porque o bot continha dois arrays, um chamado sad_words e um chamado encouragements, e um mecanismo que o ativava e randomizava uma resposta quando reconhecia uma sad_word. Infelizmente, o código do robô envelheceu igual leite, porém deixarei aqui o vídeo que segui para fazê-lo logo abaixo do resultado:

Descrição: Print da tela, em que o usuário “Luna Borges” digita “sinal de cifrão, inspire (palavra em inglês)” e um bot é visto reagindo com uma frase de Og Mandino. Em seguida, o usuário digita “Hoje foi um dia difícil, eu estou triste” e o bot responde sugerindo um banho quente para acalmar os pensamentos.

Esse projeto me ensinou um pouco sobre a implementação de um Banco de Dados a um projeto, todavia não cheguei a compreender todos os conceitos necessários para fazê-lo eficientemente.

II — JAVA

Java é uma linguagem que não precisa de introdução, porque ela provavelmente já invadiu os pesadelos de todo programador assim como Cthulu invadiu os pesadelos de todo artista. Criada inicialmente para facilitar a criação de páginas na internet, Java é uma linguagem extremamente potente e multiuso, sendo facilmente utilizada para ensinar programação à uma geração mais nova devido ao código fonte de jogos como o Minecraft.

Para explicar o que Java tem que a torna suficientemente popular para sobreviver até os dias de hoje, basta a visualização de sua funcionalidade. Criada numa época em que a linguagem C ainda estava por se transformar no temido C++, Java providenciava uma compilação mais eficiente, embora mais complicada. Naquela época, os códigos escritos em C não eram exatamente multiplataforma: dependendo do sistema em que o código era implementado, algumas mudanças precisavam ser feitas para que o programa rodasse sem problemas. O Java veio com uma solução: transformar o código inicialmente em um bytecode, para apenas em seguida transferi-lo para o computador compreendê-lo, e só então o computador retornaria o que foi pedido dele.

Como dito anteriormente, meu primeiro contato com o Java foi através do Ensino Técnico, e não me envergonho de dizer que não entendi nada. Fui começar a entender de verdade através de uma mistureba entre vídeos no YouTube, criação de mini-projetos, e cursos grátis porque, ao contrário do Python, os estudos do Java são guiados por um ranço profundo de não ter entendido a matéria quando ela foi dada na escola, então não me sinto disposta a gastar dinheiro para alcançar esse conhecimento.

Tenho apenas dois projetos pessoais dentro da linguagem, visto que não vejo muita utilidade para ela na minha escolha de carreira, e ambos os projetos envolvem a criação de jogos. O primeiro, seria uma espécie de paródia do experimento do Gato de Schrödinger, em que o player joga como o gato que tenta sair da caixa em que está preso pulando em plataformas sem encostar nos contadores de Geiger espalhados pelo mapa; o segundo é refazer o “jogo da cobrinha”, que devo ao youtuber Fundy, por fazer até mesmo os erros da programação desse jogo divertidos.

III — BOOTSTRAP

“O homem nasce bom, o estudo de CSS o corrompe”, já dizia o grande gênio Jean-Jacques Rosseau.

Piadas à parte, é natural que se aprenda HTML, CSS e JS quando se inicia a jornada de aprendizado tecnológico, e comigo não foi diferente. Meu maior problema sempre foi que a impaciência que eu tinha com o CSS, além do fato que existiam vários fatores a serem considerados ao se fazer um site além da estética e da lógica, um deles sendo a responsividade.

Em 2022, conheci o Bootstrap e, ainda que a CSS ainda seja uma parte necessária para a criação de um bom site, o Bootstrap era o boost de serotonina que eu precisava para me motivar. Muitas atividades ficam mais simples com sua mera presença, e ele contribui não só para a criação de menus que não parecem terem sido feitos com o orçamento de um filme slasher, ele também permite que o site fique responsivo automaticamente apenas por existir.

Infelizmente, não tenho projeto nenhum para demonstrar o que eu aprendi porque meus conhecimentos nessa tecnologia ainda são teóricos, porém pretendo colocá-los em prática no futuro recente. Meus conhecimentos em Bootstrap também são bastante básicos, como pode-se perceber.

IV — ESTUDOS PARA O FUTURO

Não pretendo parar com apenas esses conhecimentos esse ano, e possuo mais alguns que desejo acumular, como:

  1. Excel e Power BI, para complementar meus estudos sobre Análise de Dados;
  2. Banco de Dados (SQL Server), pelo mesmo propósito do item 1;
  3. Noções de UX Design, por curiosidade;
  4. Noções de Hacking Ético, pelo mesmo propósito do item 3.

IV — CONCLUSÃO

Descobrir exatamente qual área da programação que se deseja seguir é uma tarefa que requer tempo, e que no geral vai se assemelhar à atividade de atirar vários dardos em um alvo: os primeiros lances sempre serão os piores, e por vezes parecerá que eles nunca ficarão mais certeiros. O importante é continuar atirando até que, eventualmente, você fique satisfeito com o quão perto do centro seu tiro está.

Comecei respondendo à pergunta “O que você quer ser quando crescer?” com pensamentos infinitamente diferentes dos que tenho agora, e não duvido que minha resposta poderá mudar novamente daqui a alguns anos. Porém tenho em mente que, mesmo que essa resposta mude, o impacto causado pela apresentação ao mundo da tecnologia jamais poderá ser apagado, porque a tecnologia não me introduziu somente à si mesma: ao saber que a Alemanha é um dos países mais tecnológicos do mundo, decidi começar a aprender alemão und jetzt kann ich ein bisschen Deutsch sprechen, wann ich es wollen; ao perceber que a Matemática possuía características semelhantes à programação no que diz respeito à resolução de problemas, parei de vê-la como uma inimiga e passei a vê-la como um desafio; adquiri conhecimento o suficiente de algumas das facetas que essa área é capaz de ter e, por isso, posso ter ainda mais argumentos quando digo que NFT’s são inúteis — por favor, não comecemos um debate nisso nesse artigo, eu apenas estou mencionando por diversão; e mais interessantemente, possuo na ponta dos dedos meios de facilitar a vida de outros no futuro apenas porque sei como automatizar algumas tarefas; tudo isso aos 18 anos de idade, o quão insano é isso tudo?

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