Viva Lagoinha aposta na economia criativa para repensar bairro histórico de BH

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7 min readAug 31, 2020
Rolezin Lagoinha promove passeios guiados pela região histórica. Foto: Rolezin Lagoinha

Você sabe o que é economia criativa? Responsável por movimentar mais de R$ 150 bilhões por ano no país, a economia criativa é a área de atuação que reúne atividades baseadas nos capitais cultural, intelectual e criativo, como as artes visuais, cinema, moda, música, comunicação e pesquisa e desenvolvimento.

Aqui no Órbi, a gente acredita no poder dessa indústria não só por gerar renda, mas também pelo potencial transformador que os setores criativos têm para impactar seu entorno. Um grande exemplo disso é o Viva Lagoinha, que é um dos responsáveis por toda a requalificação que o bairro Lagoinha tem vivido nos últimos anos — e é um dos residentes do Órbi!

Dedicado a restaurar a imagem da Lagoinha e fortalecer o bairro como um lugar cultural, histórico e economicamente viável, o Viva Lagoinha atua há 10 anos movimentando a economia criativa da região. E nós do Órbi somos a prova viva de que eles têm feito um bom trabalho: para a gente é um orgulho chamar a Lagoinha de nossa casa!

Seguindo os princípios do ESG (Environmental, Social and Governance — saiba mais aqui), nós apoiamos as ações do Viva Lagoinha, como forma de fortalecer a comunidade ao nosso redor, e também nos beneficiamos de toda a cultura que a iniciativa tem movimentado na região. Acompanhe conosco para saber mais sobre essa iniciativa incrível que tem mudado o cenário cultural de BH:

O que é o Viva Lagoinha

O Viva Lagoinha é um empreendimento que surgiu da experiência pessoal do fundador Filipe Thales ao se mudar para o bairro Lagoinha, em 2007. Na época, impactado pela história potente da região e por seu então estigma negativo, Filipe se viu na missão de transformar aquele cenário e mudar o conceito de Belo Horizonte sobre a Lagoinha.

“O empreendedorismo foi, na verdade, consequência da minha vivência pessoal como morador da Lagoinha e da minha vontade de transformar e melhorar o lugar que eu escolhi para viver”, explica Filipe. Com experiência em cultura, arte, empreendedorismo social e gestão cultural, Filipe sabia, na prática, que é possível mudar o mundo através da cultura e criatividade.

Assim, o Viva Lagoinha foi uma consequência de trabalhos de base que Filipe fez com as lideranças dos bairros que formam a região da Lagoinha, e se tornou uma iniciativa para conectar pessoas ligadas a economia criativa, patrimônio cultural, comunicação e educação, com foco em valorizar a região e preservar sua memória. “Nós sempre pautamos a Lagoinha como o berço cultural da cidade, e é necessário preservá-lo, porque um lugar sem memória a gente já sabe no que dá”, explica o fundador, aludindo ao descaso vivenciado pela região nas últimas décadas.

Lagoinha, onde nasce BH

Região conserva histórias centenárias da cidade. Foto: Rolezin Lagoinha

A região da Lagoinha, que hoje abriga os bairros Lagoinha, Bonfim, São Cristóvão (Conjunto IAPI), Pedreira Prado Lopes, Vila Senhor dos Passos (Buraco Quente), e parte do Santo André, Concórdia, Colégio Batista e Carlos Prates, foi o ponto de partida para a construção da cidade, que se iniciou no encontro da Rua Itapecerica com Avenida do Contorno, e era também a região habitada pelos operários responsáveis por essa construção. “O berço cultural da cidade estava fora da Avenida do Contorno, que é onde a vida acontecia de fato”, explica Filipe. “Aqui viviam todos os imigrantes, os negros, italianos, sírios, portugueses, que vieram dar início à construção da cidade. Antes da década de 1980, a Lagoinha tinha acesso direto ao centro e pulsava a zona boêmia. A maioria das coisas que BH respira hoje, em termos de cultura, nasceu na Lagoinha: os primeiros blocos de Carnaval, o copo lagoinha, a cena boêmia, as bandas…”

Por causa das políticas de expansão da cidade, a Lagoinha foi atravessada por obras rodoviárias a partir da década de 1980 e começou a ser marginalizada, vivendo um longo período de decadência. “Até pouco tempo, ninguém se reconhecia mais como morador da Lagoinha, porque a região passou a ser associada à decadência, ao consumo de crack e à falta de segurança”, resume o fundador do Viva Lagoinha. E para mudar esse cenário, a organização atua em quatro frentes:

Frentes de atuação

Cultura e vida noturna

“Para nós, segurança é ter pessoas na rua, e por isso estamos conectando a Lagoinha a iniciativas culturais que têm interesse em ocupar a região.” No último ano, a Rua Diamantina foi palco do festival Cura Lagoinha, que promoveu pinturas de arte urbana em prédios no entorno da Avenida Antônio Carlos, e recebeu também grandes cortejos durante o Carnaval 2020, que foi marcado pela recuperação deste bairro histórico.

O Órbi apoiou essa ação histórica no bairro e trouxe as empresas e startups da rede para se envolver, patrocinar e apoiar a região como casa da maior coleção de arte mural em grande escala já feita por um único festival brasileiro.

No Carnaval, além dos blocos que desfilaram pela Diamantina, a Rua Itapecerica recebeu um palco oficial da Prefeitura e a Rua Francisco Soucasseaux abrigou o GIRO, uma casa de shows temporária que promoveu diversas festas de pré-Carnaval.

Rolezin Lagoinha — Valorização da História

Foto: Rolezin Lagoinha

Um dos grandes problemas da Lagoinha é a baixa estima do morador da região, por conta do estigma enfrentado nas últimas décadas. “A nossa vacina para isso foi trazer gente que se interessa e valoriza a Lagoinha, pessoas da academia, da zona sul, arquitetos, fotógrafos, historiadores, urbanistas, e a gente percebeu que isso melhora a autoestima do morador”, explica Filipe.

Por isso foi criado o Rolezin Lagoinha, que é um passeio turístico guiado de 12 quilômetros pelo território para apresentar a Lagoinha com outro olhar e valorizar a história da região. “A imprensa divulgou por muitos anos a imagem negativa da Lagoinha, e com o Rolezin a gente está conseguindo mudar essa impressão e pautar a Lagoinha de outra forma, aparecendo de forma positiva nos jornais.”

Lagoinha Educadora

O Viva Lagoinha desenvolve também o programa Lagoinha Educadora, que é coordenado pela pedagoga e educadora social Raquel Alves e é focado em cuidar da nova geração de moradores da região. “O objetivo é transformar o bairro nesse lugar educador. A gente faz o Rolezin na Escola e leva as crianças para conhecerem melhor a região”, sintetiza o fundador.

Pessoas em situação de rua

“Como empreendimento, a gente pensa que seria muito vantajoso essas pessoas criarem uma cooperativa, para que elas tenham espaço para exercer um trabalho. Por isso, a Prefeitura foi acionada para resolver as questões que não são da nossa alçada, como os problemas de segurança e de saúde pública.” Nesse diálogo surgiram dois programas: o Horizonte Criativo, que tem o objetivo de transformar a Lagoinha em um ambiente fértil para economia criativa e inovação, e o Cenas de Uso, que é um programa ligado à assistência social para tratar do consumo de crack na região.

Conheça a Lagoinha e junte-se a nós!

Nós do Órbi temos muito orgulho de ocupar uma região histórica fora do eixo Centro-Sul de Belo Horizonte e participar dessa descentralização do cenário de inovação da cidade. Para Filipe, “só de o Órbi estar aqui na Lagoinha, já é uma iniciativa que faz muito para o nosso entorno.” E nós estamos muito satisfeitos por poder proporcionar conexões positivas para o Viva Lagoinha e também trazer mais pessoas e empresas para conhecer e vivenciar a região.

O Órbi acredita nesse movimento de ressignificação da Lagoinha e o nosso objetivo é transformar a região em um Distrito de Inovação e Criatividade. O Órbi tem sido um ambiente fértil de diálogo com os órgãos públicos sobre ações que trazem grande benefício para a região. Temos feito conexões para melhoria da iluminação das ruas, capacitação de empreendedores locais, melhoria das condições de ensino da Escola Estadual Silviano Brandão, além de movimentar mais o comércio e restaurantes locais através da densidade que trazemos para a região.

Constelação Lagoinha

Uma das conexões geradas por aqui resultou no projeto Constelação Lagoinha, fruto da parceria entre a startup POMME, residente Órbi, focada em arte de rua (que você vai conhecer mais já, já), o Viva Lagoinha e o artista Saulo Pico para desenvolver ilustrações que unam a história do bairro ao nosso universo de inovação e tecnologia. Os lambe-lambes lindos dessas ilustrações colorem as nossas salas de reunião e representam como podemos interagir em harmonia, unindo forças e cocriando futuros. Olha só:

Venha fazer parte dessa ocupação da Lagoinha! Visite o Órbi e acompanhe o Viva Lagoinha no Instagram para saber mais sobre essa região tão importante para Belo Horizonte. E fique de olho no nosso blog e redes sociais (Twitter, Instagram, Facebook, YouTube e LinkedIn) para saber sobre as coisas incríveis que acontecem no Órbi!

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