Giro de leituras — início de julho 2017
Cardápio de links, notícias, comentários e textos para você ler no celular, tablet ou computador
Queridos leitores,
Como vocês aqui já sabem, me interesso pela experiência nos formatos de leitura e escrita que surgiram após a internet e se concretizaram com os celulares e tablets. Há bastante tempo venho conversando e pesquisando sobre isso e até escrevi um ensaio sobre este assunto.
Assim como aconteceu com a música e com o cinema, penso que a literatura também deve se estabelecer na cultura digital. Discos e filmes são disponibilizados gratuitamente ou por valores abaixo do mercado — e essa já se tornou a forma dominante de como consumimos seus produtos. Então por que não usufruir o mesmo para os livros? Velocidade, distribuição e mobilidade são algumas das vantagens da leitura digital que em sua maioria é realizada através de dispositivos móveis que estão conosco o tempo todo. Um texto leva à outro que leva à outro e compartilhamos nossos gostos e interesses com os amigos que assim como nós também podem acessar os textos rapidamente.
Em 2016 publiquei o livro Tédio e Diversão, uma coletânea dos textos que venho escrevendo na internet desde 2011. São artigos, ensaios, opiniões, textos de não ficção que expõem ideias e elaboram reflexões sobre muitos temas, entre eles, o processo criativo do artista, suas experiências e convicções, e a influência da internet nas relações humanas.
O livro foi lançado em ebook e vendido pela Amazon e Livraria Cultura, e teve uma tiragem impressa limitada vendida em um lançamento. Eu decidi disponibilizar o livro na íntegra e de graça na internet, para que seja lido em qualquer lugar do mundo desde que se tenha um celular e uma conexão com Internet.
Eu já tinha feito isso por um curto período de tempo no lançamento do livro e depois tirado do ar. Agora estou republicando os textos, um a cada semana até o final do livro. Estou devolvendo à Internet o que dela surgiu.
Até agora foram publicados o ensaio citado acima, e uma crônica sobre ser artista no Rio de Janeiro mais caro de todos os tempos. Para saber mais sobre os outros textos, confira o índice.
O “novo” Jornal Nacional. Há algumas semanas atrás a Globo inaugurou o novo cenário do Jornal Nacional. Foi um dia inteiro com a programação do canal dedicada a falar sobre a história do jornal e os recentes avanços tecnológicos recém adquiridos. A transmissão foi feita de uma forma como se os telespectadores também tivessem que comemorar. A cena: todos os jornalistas em pé assistindo o discurso do patrão, todos atentos como se ouvissem a convocação do seu general instruindo a tropa para uma nova guerra — no discurso o paradoxo ao citar os interesses da Globo entre manter a “saúde da empresa” e a missão de buscar um “jornalismo independente”. Foi citado, como um dos objetivos da reforma, a união das redações da Globo, Globo News e Portal G1, todas concentradas para centralizar o controle da “apuração” e “monitoramento” — sob o álibi da “sinergia” e “trabalho em equipe”. A BOA é que assim fica mais fácil a vigilância e o controle dos editores e chefes, e dos próprios filhos de Roberto Marinho, formando assim um verdadeiro “Panóptico” — aquele modelo de arquitetura pensado pelo iluminista Jeremy Bentham em 1785 que permitia um único vigilante observar todos os prisioneiros.
O beija-mão da propina. Para seduzir o Ministério Público a aceitar sua delação, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral promete contar como foi o encontro entre ele, Lula e Eduardo Paes para comprar a Olimpíada do Rio. Mas será verdade?
As tunisianas que precisam voltar a ser virgens. Na cultura machista da Tunísia há uma expectativa de que as mulheres sejam virgens ao se casar. Isso tem levado a um aumento na demanda por cirurgias de reconstrução do hímen — a himenoplastia. Há relatos de jovens mulheres que se divorciaram pouco depois de terem se casado, porque seus maridos suspeitaram que elas não eram mais virgens.
Um esquema de novela brasileira. Se você se interessa por cultura popular no Brasil e pela forma como a televisão se empoderou disso, então você precisa ler este ensaio. Escrito pelo Matheus Gato, doutor em sociologia pela USP, expõe como as novelas da Globo emitem suas mensagens preconceituosas, manipulam a opinião dos espectadores, enfatizando a opção pelos dramas de proprietários e herdeiros. E assim, como a TV se insinua como autoridade cultural sobre como é ou deve ser a sociedade brasileira.
Diferenças entre crítica e público. Baseado nos dados do site Metacritic, que reúne avaliações de críticos e usuários de músicas, filmes, séries e programas de televisão e jogos de videogame, esse gráfico une mesmas notas atribuídas a uma mesma obra cultural, mostrando as diferenças de opinião entre críticos e público.
Tatuagens, grades e cinema: três dias num centro socioeducativo em Recife. O pesquisador Isaac Pipano passou alguns dias na escola do centro de atendimento socioeducativo Santa Luzia, acompanhando meninas de até 21 anos que estão em alguma situação de conflito com a lei
A CIA pode estar nos seus roteadores. Alguns roteadores caseiros das marcas Linksys, DLink e Belkin são suscetíveis à infecção de um vírus criado pela CIA. O programa, chamado CherryBlossom e utilizado desde 2007, entra no roteador e, a partir daí, o torna um aparelho de ‘escuta’, enviando para a agência americana cópia de emails, arquivos, lista de sites visitados e todo o tráfego que passa por lá.
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