Ninguém precisa aceitar o Golpe

Se o impeachment for aprovado, o golpe estará dado, mas não precisamos aceitá-lo. Pelo contrário, será necessário um enfrentamento diuturno e sem trégua / por Júlio Fisherman

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2 min readApr 15, 2016

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O que já caracteriza de maneira indelével e cristalina os operadores desta tentativa de golpe é o apelo para que a corrupção no país volte a ser lançada para debaixo do tapete durante os próximos anos e, infelizmente, se bem sucedidos, contarão com a anuência da mídia para tanto. É preciso frisar que NADA JUSTIFICA que os deputados da oposição de direita sigam afiançando a presidência da câmara por Cunha.

A imprensa internacional praticamente inteira já percebeu o golpe que se quer levar adiante no Brasil. Pergunta retórica, por que a imprensa nacional não consegue produzir e dar destaque à análises sérias e perspicazes sobre o que está em andamento? Não importa o desfecho, a grande imprensa brasileira sairá menor disto tudo porque sua credibilidade está sendo mandada para as cucuias.

É simples: um parlamento escroto e liderado por réus e suspeitos dos mais variados roubos não tem condição de julgar ninguém, nunca. Com golpistas não combinam brasileiros corações.

Se houver mesmo o golpe, ninguém precisa aceitá-lo.

Não reconheço legitimidade nesse governo que quer se construir em cima do golpe. Além disso, seguirá em curso a perseguição aos líderes de qualquer espectro da esquerda e depois não se sabe mais onde vamos parar, não tenham dúvidas. Uma coisa que sabemos: ninguém mais vai cair por conta de pedaladas fiscais, muito menos o governo tucano paulista que assinou inúmeras. É um pretexto vergonhoso que isto esteja sendo usado como motivo.

Em caso de golpe, é necessário — e creio que será levado adiante –– um enfrentamento diuturno e sem trégua. É preciso parar este país com desobediência civil e o que mais for necessário. O país não pode, nem irá se converter numa república de bananas, governado por um junta parlamentar corrupta que elege indiretamente a presidência.

Contra golpe não há argumento, só há luta.

Júlio Fisherman é jornalista e escritor.

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