Vai ter luta!
Não importa o desfecho da tentativa de golpe no país, os progressistas sentem o chamado para seguir nas ruas lutando / por Júlio Fisherman
As pessoas perguntam entre si e a si mesmas se o golpe acontecerá ou não. Tenho um prognóstico a respeito, mas fundamentalmente ele não me importa. O que importa é que com golpe ou sem golpe vou seguir lutando do mesmo lado em que estou e, de muitas maneiras, sempre estive. Não é um golpe que apagará o fogo dos quem trazem no espírito a vontade e o ânimo para luta. Esta é minha certeza.
A história não acaba nunca, a história segue e a hipocrisia é implodida, contando sempre para isto a resistência de quem busca superar o subdesenvolvimento das sociedades adoecidas pela injustiça, pelo autoritarismo e pela mentira como principal recurso para o relacionamento humano.
Minha percepção da realidade brasileira e a construção das minhas posições diante das circunstâncias históricas que vivo não foram forjadas pela máquina de propaganda de moer a autonomia de pensamento e sensibilidade, senão que vieram da leitura do espaço e dos costumes por todo o mundo onde me imiscui em meus dias e até hoje.
Acredito que nenhum conjunto de virtudes pode atestar o desenvolvimento da personalidade humana se não estiver fundado nas virtudes maiores da solidariedade e da generosidade, para quem o discurso mesquinho da competição e da escassez não tem vez, já que empalidece e macula a convivência de seus melhores potenciais, de sua alegria.
Estarei assim sempre deste lado onde me afirmo, buscando encontrar mais forças para me tornar um ser humano melhor, reconhecendo minhas limitações e o quão difícil pode ser se livrar de toda uma carga de preconceitos e estupidez que se faz recordar incessantemente. Mas também combatendo todos aqueles que preferem ver a degradação, a humilhação e a diminuição deste ou daquele ser humano como forma e meio de encontrarem o esteio de sua autoestima desencontrada.
Júlio Fisherman é jornalista e escritor.