Capítulo III: A Recompensa do Rei

Bruno Cardoso
Os Doze Elementos
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4 min readApr 1, 2018

1. Já era anoitecer. O rei, como em todos os dias de sua rotina diária retirava-se a seus aposentos para banhar-se e preparava-se para o banquete real, aonde pouco depois iria deliciar-se na companhia de seus companheiros mais chegados, familiares e seus principais generais, duques e sábios do seu reinado para discutir os acontecimentos diários e planejar os próximos passos de seu reino. Mas, excepcionalmente naquele dia, sua rotina seria interrompida.

2. Darganius, montado em seu cavalo corria mais rápido que o vento, antes do enaltecer da lua, do acender das tochas e do içar dos portões de Pandora. E vindo mais veloz do que se pode relatar apresentava-se entusiasmado como nunca visto antes. Ao adentrar o reino, dirigiu-se imediatamente ao castelo real e, ao confrontar-se com as portas de entrada ele brada o nome do rei de forma jubilante! Senhor Taze! Encontramos! Depois de semanas, a encontramos! O rei, responde sem palavras, apenas com um sorriso no rosto e vai imediatamente ao encontro de Darganius. Afinal, ele sabia que aquele dia mudaria tudo o que acontecera até ali. E que a História estaria perto de se confrontar com seu maior acontecimento.

3. Ora, Darganius! Eu nunca o vi com a felicidade estampada de forma tão evidente em teu rosto. Vamos, conte-me logo a boa notícia, se for o que estou pensando, esperei a minha vida inteira por isto e não quero esperar nenhum minuto a mais, diz o rei já sem conseguir disfarçar sua empolgação!

4. E Darganius, sem maiores rodeios imediatamente desce de seu cavalo e retira dele uma grande caixa encoberta com um pano longo. E assim, os segundos que antecedem a retirada do pano é cercado de expectativa. Nesta hora o rei, Darganius e os altos funcionários da corte já estavam todos reunidos, tomados de silêncio e expectativa, observando o que aconteceria a seguir. E assim, no desembrulhar daquele pano velho com um pouco sujo de barro eis que surge uma arca dourada, envelhecida sob os efeitos do tempo, mas sem deixar de apresentar um brilho incomum pra algo que aparenta ser tão antigo. E o rei, já no primeiro olhar percebe um brasão. E se lembra do primeiro relato que ouvira sobre Katros, o maior rei de todos. E percebe que se trataria da primeira descoberta arqueológica direta de seu reino e de, talvez, o maior tesouro de todos os tempos!

5. Darganius então toma a arca em seus braços, curva-se diante do rei, oferecendo-a e diz: Foi uma honra servi-lo até aqui meu senhor. De todos os homens de nossa terra, és sem dúvida o mais nobre que conheço. E é muito bom que, depois de tanto tempo possamos recompensá-lo com algo de extrema importância para o senhor, por tudo o que o tu fizeste por nós, seus servos. Seu povo. E o rei não contem-se de emoção e retribui o carinho nas mesmas palavras, dando um abraço em Darganius e dizendo: Tu és um aliado valioso Darganius. Sempre estives-te ao meu lado, desde os tempos em que eu nada sabia, desde os tempos das minhas tolices da juventude. É uma honra pra mim contar com homens tão honrados, comprometidos e leais a nossa casa real. Leais sobretudo a mim. Leal como somente tu és. E em seguida, o rei toma de Darganius a arca pra si. E após este breve momento, todos emocionados com as confissões e os acontecimentos, eis que os olhos do rei confrontam-se com a arca. E ele a analisa minunciosamente e imediatamente convoca a presença do maior sábio de seu tempo, o mestre Chun de Ikki.

6. Antigo aliado da casa real de Pandora e instrutor do próprio Taze, de seu pai e de todos os reis que sucederam o trono deste tempos remotos e conhecido como ‘Mestre’, o sábio Lau Chun é um dos únicos seres conhecidos com a capacidade de jamais envelhecer, tendo milênios de idade. Após a separação de Kítzo e Pandora, Lau Chun ainda era jovem demais para compreender a natureza da guerra e da maldade humana. Ele habitava Ikki, uma extinta província ao sul de Pandora, comandada por uma legião de homens praticantes de toda a sorte de maldade contra seus povos. Movido pelo legado de seu pai, era inadmissível para Pandora, neste tempo um idoso e justo rei que próximo a seus domínios existissem pessoas que se aproveitassem da bondade, ingenuidade e fraqueza alheia para praticar maldades. Desta forma, Pandora ordena uma avassaladora força militar para dizimar os homens de Ikki. E, em uma noite, A Província de Ikki capitula diante das forças militares de Pandora. Em meio aos rastros de destruição deixados pelo que ficou conhecido como O Confronto de Ikki, restou um pequeno órfão, uma criança que perdera a mãe na doença e que não tinha ninguém para olhar por ela. Esta criança e levada até o rei Pandora, que encanta-se com a mesma e a cria como um novo membro da casa real.

7. E sucedeu que, enquanto reis nasciam e morriam, Lau Chun permanecia vivo e jovem. E diante da impressionante capacidade de não encanecer e por seu senso incorruptível de justiça e lealdade à casa real que Lau Chun tornou-se apreciado pelos reis que ali incidiram, sempre os alimentando com histórias e feitos dos seus antepassados, instruindo-os em tudo o que o mestre Chun aprendera na sua infinda vida. E assim tem sido. Desde sua vida adulta, Lau Chun é tido como Conselheiro e Sábio de todos os reis da casa real de Pandora, tornando cada rei pupilo de seu aprendizado, admirado por todo o seu povo.

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Bruno Cardoso
Os Doze Elementos

CEO do Voiicr, Influencer, Especialista Telecom, Sales Hunter, Product Developer, Designer, Escritor e Workaholic