Prólogo: A História de Katros

Bruno Cardoso
Os Doze Elementos
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4 min readMar 31, 2018

1. Há muito tempo atrás existiu um rei que foi maior que todos. Na sua infalível orientação da justiça com persistência e disciplina ele alcançou um feito que nenhum outro regente jamais conquistou: o domínio de quase todo o mundo conhecido. Seu nome era Katros. E seus feitos militares se transformaram numa inspiração para principais governantes do mundo, num legado que seria transmitido de geração a geração. Katros tornou-se tão poderoso que até nos confins da terra seu nome era conhecido e temido, mas não um temor pavoroso, pois todos o conheciam por sua bondade e bravura. Mas um temor reverente no qual os povos de todas as nações entoavam em uníssono suas histórias com o maior homem de todos e, acima de tudo, o maior herói que mundo de Arcapérion já havia conhecido.

2. Por sua grande sabedoria, fruto de seu extenso conhecimento adquirido por meio da leitura dos escritos antigos e sua sede insaciável de conhecimento sobre passado e presente, Katros aprendeu que todas as virtudes humanas poderiam ser corrompidas por algo que conhecemos como uma palavra: poder. Poder este que resultava em ambição. Ambição esta que corrompia até o maior dos homens.

3. Ele possuía dois filhos. O primogênito Kítzo, que nomeava seu extenso reino e Pandora, três anos mais novo que seu irmão.

4. Katros construiu através dos anos um império muito rico e poderoso. Relatos diziam que suas minas de ouro eram tão douradas como o sol, a ponto de cegar por alguns segundos aqueles que a contemplassem diretamente até que sua visão fosse restabelecida, até que o esplendor de uma luz dourada que emanava das suas riquezas pudesse ser observada num dia de céu azul.

5. Na sua velhice e já premeditando a proximidade de sua morte, Katros refletia sobre uma forma de evitar que sua riqueza corrompesse seus amados filhos. Sendo assim, o Grande Líder convocou os principais sábios de seu reino com o intuito de promover uma solução pacífica e harmoniosa para que após a sua morte seus herdeiros pudessem manter a paz que ele tanto lutara para instituir e manter.

6. De forma que o próprio Katros depois de extensivas horas reunido com seus homens mais confiáveis teve uma luz de sabedoria e anunciou o que faria para evitar uma possível discórdia entre Kítzo e Pandora.

7. Como primogênito, Kítzo detinha direito a totalidade de seu reino e riqueza. Mas Katros temia que Pandora pudesse ser contaminado de ciúme e inveja por seu irmão mais velho e arquitetasse seu assassínio. Ou mesmo que o próprio Kítzo, temendo que Pandora quisesse destituí-lo de seu trono fizesse o mesmo e tramasse contra a vida de seu próprio irmão para vir a se tornar o novo rei como descendente imediato do trono, visto que ambos não possuíam filhos. E por isto resolveu dividir seu reino em três. Uma extensa parte inabitada a oeste, área de densas florestas permaneceria politicamente neutra. A parte norte seria legada por herança a Pandora, seu filho mais novo. E a parte sul aonde ficava a capital de seu reino legada como herança a Kítzo, definindo os limites de seus reinos a uma breve fronteira, sendo seu território e riquezas igualmente dividido, totalmente calculado em igualdade para que assim seus filhos e suas gerações vindouras pudessem conviver em perfeita harmonia e paz.

8. Mas Katros possuía uma riqueza incalculável, que muitos consideravam imoral. De forma que ordenou que todos os prisioneiros condenados a morte trabalhariam para construir uma grande fortaleza nas densas florestas inabitadas onde a maior parte de seu tesouro seria escondida. Após 10 anos de construção, os prisioneiros que cometeram delitos indignos até mesmo de serem citados e perdoados foram todos mortos. E decidiu que os homens da guarda real que supervisionaram todo o projeto receberiam uma grande recompensa, capaz de fazer com que qualquer um tivesse uma vida farta, provida de tudo o que o engodo humano pudesse despertar para que não se sentissem tentados a buscar as riquezas escondidas. Além disto, a fortaleza fora construída em meio a perigosas armadilhas, o que tornava qualquer investida em busca de seu tesouro secreto encarada como suicídio até mesmo para o mais perspicaz dos homens. E instituiu: Quem falasse sobre o tesouro, teria sua língua cortada. Quem escrevesse a respeito dele, teria seus dedos decepados. Para que a lenda de sua riqueza jamais saísse dos limites da casa real, evitando investidas agora ou no futuro contra o reino de seus filhos ou de seus descendentes.

9. Ainda assim, Katros era cauteloso quanto ao futuro e sabia que, cedo ou tarde, a riqueza de seus herdeiros poderia se esgotar em períodos de calamidade, guerras ou mesmo de pestes ou doenças. E ordenou que dois de seus homens mais confiáveis ficassem responsáveis por elaborarem um mapa que seria dividido em três. Um fragmento seria legado de herança a Kítzo. O outro a Pandora. E a última parte seria escrita sobre seu túmulo de pedra para que somente através da união dos descendentes de Kítzo e Pandora, ambos estimulados por evitar que a calamidade recaísse sobre seus povos pudessem encontrar novamente seu túmulo. E, munidos dos três fragmentos pudessem novamente reconquistar sua riqueza esquecida…

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Bruno Cardoso
Os Doze Elementos

CEO do Voiicr, Influencer, Especialista Telecom, Sales Hunter, Product Developer, Designer, Escritor e Workaholic