Cena 1.2 — A Noite seguinte

Capítulo 1 de A Cidade dos Esquecidos

Câmara Obscura RPG
Os Esquecidos
20 min readAug 18, 2021

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Importante: Os assuntos aqui abordados são referentes à campanha A Cidade dos Esquecidos e se passam após os acontecimentos do Capítulo 1. A leitura e recomendada após assistir as sessões, pois podem haver spoilers e referências diretas aos acontecimentos das mesmas.

Alice desperta com o sentimento que lhe é conhecido nos últimos meses, fome e vazio, como se precisasse preencher sua matéria com mais sangue e sua mente com a aflição e o sentimento inerente de posse sobre a vida e o destino de outras pessoas. Ela sai do quarto e procura por Jorge, ou melhor o espera na sala, pois não cabe a uma convidada desrespeitar os domínios de outro dragão.

Ricardo desperta, a cama macia, os lençóis importados, não é atoa que teve um bom dia de inatividade. “Quem dera que todas as vezes que acordei na casa de uma quase desconhecida a cama fosse tão boa assim”, pensa.

Desce a sala e se depara com Alice. A jovem o intriga ainda, parece bem sucedida e mais ousada que seus outros novos parceiros.

— Teve um bom dia de descanso querida? — Fala enquanto beija sua mão, claramente nota que o anel que possui nos dedos é uma joia legítima.

Alice estende a mão a Ricardo, talvez de todos seus novos “companheiros” o que mais lhe intriga, afinal Jorge fora seu professor e tutor, e, mesmo apesar da distância que a profissão e o tempo podem causar, Alice sabe que existiram pelo menos dois dedos de seu professor na sua indicação a cirurgiã chefe.

— Boa noite querido, tive uma ótima noite e você? — Alice olha nos olhos de Rick, aqueles olhos de quem quer ser bem sucedido e não medirá esforços para isto, definitivamente agradam Alice — Já se alimentou?

— Um ótimo dia. — Sorri provocativo. “Acho que nem todos se adaptaram ainda a certas mudanças”, pensa novamente. Ele se serve um copo do whisky da mesa de bebidas, grato de ser o único a ainda poder ter certos prazeres.

— Ainda não, mas por sorte costumo domar bem meus anseios, acho que para compensar meu. — dá um gole no copo. — Paladar estrito.

Ele se aproxima dela rodando o líquido alcoólico de seu copo. — Mas seria um prazer acompanhá-la.

Alice observa Rick, quase se divertindo, ela adora essa dança, onde o cavalheiro acredita ter a condução. Ela observa Rick de cima a baixo, claramente uma visão que a agradava, parecia ser de boa estirpe, se veste bem, e tem traços que não lhe incomodam visualmente.

— O prazer será meu, dateboy. Acho que consigo algo para você, na sua medida. Vamos até minha casa, acredito que você não vai se arrepender de deixar este apartamento.

Percebendo o movimento no canto de seu olho, Alice se vira para o discreto mordomo.

— Manfred boa noite, como está nesse dia? Vosso senhor já está desperto e disponível?

Manfred, como se aparecesse de lugar nenhum, fala com sua voz grave e aveludada.

— Eu estou muito bem, senhorita Yamazaki. Obrigado.

Era um homem com pouco mais idade que Jorge e tão altivo quanto. Sua pele era clara, com feições arredondadas e cabeça completamente careca que lhe davam um ar de manequim, ainda mais quando ficava completamente estático, o que era a maior parte do tempo.

— Mestre Onório pede desculpas, mas estará ausente esta noite, cuidando de seus muitos afazeres. Eu não pude deixar de ouvir as últimas palavras de sua conversa. Gostariam que eu providenciasse algo para tornar sua estadia mais agradável? Talvez, um carro e motorista para levá-los onde seja necessário?

Alice estende um sorriso a Manfred.

— Ficaria extremamente satisfeita com isto.

Ricardo estava curioso. Seriam todos os iguais a ele igualmente ricos? O metaleiro não parece claramente, mas poderia ser a excessão. Ele se inclina e fala baixo para ela.

— Como disse, será um prazer lhe acompanhar à sua casa.

O mordomo prontamente acente frente à solicitação.

— Muito bem, solicitarei o carro. Ele será conduzido por Ribamar, que, digamos, acredita que o senhor Onório é apenas um milionário excêntrico que trocou o dia pela noite. Peço que tomem os cuidados necessários para que ele continue a crer desta forma.

Manfred faz uma ligação de um comunicador interno e após algumas palavras, vai guiando os convidados pelos suntuosos corredores da mansão. Ele abre a porta da frente e no alpendre está parado um Honda Civic preto com um rapaz magro de pele parda, todo paramentado em uniforme, está postado à frente do carro em posição de atenção. Manfred para ao lado da porta para que todos passem e anuncia ao motorista.

— Ribamar, leve-os onde eles desejarem e seja o mais prestativo o possível para as suas necessidades. São convidados muito especiais do Mestre Onório.

Ribamar prontamente abre a porta de trás do carro. Alice entra no veículo seguida de Ricardo.

— Muito obrigada Ribamar, nos iremos para essa rua aqui próxima ao Ibirapuera, condomínio Crystal Lake.

— Muito bem, senhora.

Alice e Rick vão subindo o elevador privativo que leva até a cobertura com vista para o parque, no passado o apartamento era bem mais ensolarado

O apartamento tem uma decoração moderna e minimalista, provavelmente feita por algum escritório famoso da cidade, algumas fotos nas paredes, assim que eles entram no apartamento Alice liga para uma pessoa

— Oi Bê, vem até o meu apartamento e traz o Luan, quero apresentar a vocês uma pessoa.

Apesar da voz doce, Rick consegue perceber um tom imperativo e que não deixa muitas margens para discussões ou argumentos.

— Bem vindo a minha humilde morada, sinta-se em casa.

Ricardo olha em volta, gosta do que vê. “Combina com ela.” Ele se senta ao sofá e sente a qualidade to tecido.

— Já me sinto. Me conte, a quem vc vai me apresentar? Espero que tenha tanto bom gosto quando você querida.

Alice anda preguiçosamente até uma poltrona próxima a Ricardo, lhe abre um sorriso que ele poderia confundir com malícia ou manha. Ela retira o paletó, ficando somente com a camisa social, em um tom leve de rosa.

— Ah eu espero atender seus gostos meu querido. Uma das minhas posses, a Bê, namora um jovem da faria lima, ele trabalha em um escritório de uma Finntech. Acho que será do seu agrado, claro que se não for, posso providenciar algo mais ao seu critério.

Ricardo observa cada movimento dela ao tirar o paletó. É interessante estar de convidado na casa de uma mulher, o inverso ocorre muito mais. Ela, por sua vez, também observa Rick na mesma medida que ele a mede. Uma dança silenciosa entre eles. Como se o primeiro a demonstrar isso, fosse perder algo.

— Certamente não chega aos seus pés. — A mede mais uma vez, dando atenção extra aos sapatos. — Mas acho que Luan me serve de lanche.

Ele fica pensativo, normalmente mascara suas práticas com êxtase da cama, como ela costumava fazer?

— Duas perguntas. Primeira: Você mantém bebidas ainda em sua casa?

Ele olha agora de forma mais provocadora em seus olhos.

— Segunda: Como costuma fazer suas refeições? Não me poupe dos detalhes.

Alice retorna e sustenda o olhar. Já tivera relações com mortais após ser vampirizara. Na verdade, sua libido aumentou. Mas ainda não tinha tido a oportunidade com um vampiro. Nunca havia encontrado outros como ela, e, ao medir seus outros companheiros, o velho professor e o rockeiro, eles não lhe agradariam. Já Ricardo…

— Mil perdoes querido, eu esqueci de lhe apresentar ao bar. Por favor venha comigo. — Alice se levanta e anda vagarosamente até um canto da ampla sala de estar.

— respondendo à sua segunda pergunta, depende muito do dia. Normalmente minhas posses me concedem voluntariamente seus pescoços.

Ela olha de uma forma dúbia para Rick, tentando confundi-lo, entre curiosidade e malícia. — E você ? Como e de quem você se alimenta? Existe uma senhora Lazartelli? Ou pior: uma ex senhora Lazartelli raivosa?

Alice serve um copo duplo de uma garrafa de single malte que ela ganhou de uma cliente, um belo exemplar do que os escoceses fazem de melhor, e o oferece a Rick, que umedece aos lábios e confere os caninos com língua sutilmente, por sorte ainda retraídos. O controle disso tem sido complexo. Ele dá um gole ao copo. Tem sido bom ser tão bem servido nessas últimas noites.

— Eles sabem o que você é? — A possibilidade de contar a alguém sobre seu novo estado nem havia passado por sua cabeça.

— Eles são confiáveis, descobri algumas formas de coerção nos primeiros dias.

Ela ajeita seu cabelo observando as feições do homens e lhe sorrindo um pouco. Ricardo se aproxima, ajeitando o cabelo dela para trás sutilmente.

— Minha posição me facilita muito, um jantar com um CEO bem sucedido não é um convite que a maioria das meninas está disposta a passar, ainda mais das que estão no meu cardápio de possibilidades. Dentro de um quarto elas costumam esquecer facilmente o que ocorreu, tão facilmente quanto eu esqueço o nome delas.

Absorvendo o que Rick falou, ela sorri de forma indolente e simpática.

— Nossa deve ser um tanto triste levar alguém para cama e ela não lembrar de nada no dia seguinte não? Então, você fugiu da minha outra pergunta deliberadamente, devo imaginar uma senhora Lazartelli extremamente ciumenta?

Elas costumam lembrar que foi bom, bem bom. — Ele bebe mais um gole de seu single malte e pondera um pouco com sigo mesmo. — Aparentemente esquecem o que as mais fizeram gostar, mas disso eu sempre lembro bem.

— Felizmente, sem senhora Lazartelli. Algumas gostariam de ter sido. — Ele a mede, parado em seus olhos. — Mas até agora não conheci nenhuma que estivesse no nível. Já estava acostumado a vida sem iguais e isso só se acentuou nos últimos meses. — Sorri um pouco malicioso. — Mas a noite é uma criança, talvez as coisas mudem não?

Alice o mede também, observando detalhes de seu convidado.

— Quanto a uma vida sem iguais eu entendo bem, sempre foi um tipo de realidade para mim. Sim… — Alice se demora mais ao dizer o sim — a noite realmente é uma criança e em casos raros nos trás algumas boas surpresas.

Alice vai andando de volta a sua poltrona de forma delicada e se senta.

— Bom saber que não existe algum tipo de ex ciumenta e louca, porque quem se envolve com pessoas assim, infelizmente, eu costumo julgar mal. — Ela sorri como se contasse uma piada — Me diga o nível que você procura Rick, quem sabe não posso lhe ajudar.

Ricardo a segue até a poltrona, tocando levemente o apoio de braço próximo de onde ela descansa a mão, mas sem toca-la. Já sabe que ela é do tipo que gosta de se sentir no controle, e sabe jogar com esse tipo.

— Algumas não lidaram bem com o que perderam. — Acaricia sua mão levemente enquanto se abaixa afrente da poltrona, a deixando o olhar de cima por um breve momento. — Mas ai já não é minha culpa.

Ele se senta no sofá ao seu lado, como quem finge que o ato calculado de submissão nunca ocorrera. “Mal sabe ela que vai me matar a curiosidade que tenho a meses.”

— Já cansei de procurar, confesso. — Bebe mais um gole umedecendo aos lábios. — Preciso de alguém a altura, com a sede de crescer tão grande como a minha. A maioria das pessoas veem jogadas, os melhores veem uma ou duas à frente. Mas eu preciso de alguém que veja o jogo.

Alice o observa com curiosidade e pensa consigo mesma, será que com outros vampiros, o sexo seria diferente? Será que o não metabolismo favoreceria o ato? Talvez pudesse descobrir, mas por hora lhe divertia o flerte. Sempre lhe divertiu mais a sedução que qualquer outra coisa.

— Ah eu lhe entendo bem meu caro, passei anos fugindo de tipos como os que você citou, pessoas que não saem de suas caixas, preferem viver uma vida de conformidade ou pouca conquista.

Ela deliberadamente toca na mão de Rick por alguns segundos em um movimento calculado e antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, sua porta se abre e dois jovens adentram. Uma mulher com não mais que 25 anos e um rapaz nos seus 27, ambos bem vestidos. O rapaz traz uma garrafa de vinho.

— Olá! Você deve ser a pessoa que Alice queria me apresentar? Prazer Beatriz, este é o Luan Meu namorado.

O rapaz estende a mão e aperta firme a mão de Rick.

— Oi tudo bom ? Trouxe essa garrafa, não sei se você gosta de vinho.

Ao fundo Rick pode sentir o divertimento de Alice.

— Prazer, Ricardo. — Olha lentamente a ambos. — Mas pode me chamar de Rick.

Com uma mão o cumprimenta e a outra lhe pega a garrafa delicadamente da outra mão, o tocando os dedos como se fosse apenas ao acaso. Lê o rótulo.

— Humm Espanhol, gosto. E muito. — Até agora não lhe é bem claro o como isso funciona, mas faz aquilo que tem exercitado tanto aos últimos meses. Tornar sua presença algo inebriante aos humanos. Ser um deleite aos seus olhos e soar como música aos seus ouvidos. Quanto mais o fazia, mas se sentia um rei, ou até mesmo um Deus que anda sob a terra. — Já esteve por lá?

Ele olha a Alice de canto de olho. “Será que afeta a ela de algum modo?”

Alice se levanta e pega Be pela mão. — Meninos vamos deixar vocês falando sobre negócios uns minutos, preciso falar com minha sis aqui, Rick fique a vontade. — Alice pisca o olho de forma consensual para seu novo hóspede — Por favor Luan não mate meu convidado de Tédio, essa função é minha.

As duas meninas saem por um corredor que dá nos quartos, deixando a sala para Rick. Apesar de estar com vontade de assistir seu convidado se alimentando, Alice entende que por hora não é de bom tom, talvez se tivessem mais intimidade.

Luan fica inebriado com Rick, não prestando a atenção a mais nada a sua volta. Ricardo acompanha Alice saindo com os olhos, quase como quem lamenta. Queria ver como ela faz.

— Então, Alice falou que trabalha pela Faria Lima. — Vai ao bar, abre o vinho e serve duas taças. — Perdão, adoro falar de negócios.

Ele Entrega a taça ao garoto, o guiando ao sofá. Podia contar nos dedos de quantos homens tinha se alimentado até então, sabia que era possível, mas nem de perto sua preferencia. Luan ficou observando-o meio atônito, como se as palavras não surgissem com clareza

— sim…. E…. Trabalho, uma Finntech que gerencia criptomoedas na América Latina

— Criptomoedas. Interessante. — Se aproxima um pouco mais de Luan no sofá. — Talvez eu me aventure nesse ramo um pouco.

Ele não estava com muita fome, mas jamais faria uma desfeita dessas a Alice, e já tinha chegado perto o bastante, quase podia sentir o sangue que pulsava no pescoço de Luan. Se conteve por um breve momento, queria ver se sua presença era mais forte que a relutância de ter a namorada na sala ao lado.

— E sabe. Eu precisaria de alguém de confiança. — Deixou que Luan sentisse o cheiro de sua pele, como quem o provoca. Mas na realidade quer apenas imaginar melhor qual sabor seu lanche, temperado a vinho, terá. — E Alice me falou muito bem de você.

— Tudo bem, eu acho que isso é aceitável. — Luan observou Rick como se o mesmo fosse a pessoa mais importante em toda a terra. Insconscientemente, fechou seus olhos e respirou fundo, oferecendo seu pescoço como um animal indo ao abate.

Na outra sala Alice junto de sua posse esperava, seu desejo e curiosidade à flor de sua pele. Assim que tivesse o sinal de seu convidado, a doce melodia de carne sendo rasgada, ela irá para sala. Precisa ver os limites de suas posses também, afinal Bê é uma de suas posses mais estimadas.

Ricardo, vendo o rapaz expor seu pescoço pensa consigo “Olha, treinado até.” Ele deixa suas presas saírem, o acaricia levemente sua pele com os lábios antes de romper a carne.

Quase tão bom quanto o vinho, Ricado bebe, mas apenas o bastante para sentir o leve efeito do álcool em si. Não o sai de sua mente a inveja que tem de Luan quando sente o prazer de seu êxtase ao ter a pele penetrada por suas presas.

Há semanas, ou até a uns meses, isso não saia de sua cabeça. Não tinha opções até a noite de ontem. O primeiro plano foi um pouco ridículo, tentou se morder e não teve resultados. Mas o segundo plano, agora, lhe parecia bem melhor, e estava bem na sala ao lado.

Alice retornou para sala no momento exato em que Rick cravou suas presas no pescoço de Luan, sua excitação com a cena era quase palpável. Nunca tinha visto outro se alimentando, e aquilo era belo demais para ela.

Com dois estalares de dedos, Bê oferece seu pescoço para que sua senhora se alimante. Alice se alimentou apenas o suficiente para saciar sua fome, afinal, uma boa anfitriã, tem que zelar por todas suas posses. Das mais importantes, como um convidado, até as mais insignificantes, como seus humanos.

Ricardo descolou os lábios da carne de Luan e se deparou com a cena entre Alice e Bê. Se fosse apenas as duas, já bastaria para deixá-lo no mínimo instigado, mas vê-la naquela situação, foi quase tão intoxicante quanto o álcool que corria em seu corpo junto do sangue.

Ele lambeu os lábios, não para limpá-los, mas apenas para espalhar o restante do sangue melhor. Por mais que sempre tenha cuidado em nunca sujar os arredores, desenvolveu gosto de se admirar com sangue espalhado em sua pele, como a verdadeira Besta que é.

Deixo Luan indefeso no sofá e se aproximou de Alice e sua presa, como quem busca ver mais de perto uma obra de arte. “Nem fodendo vou conseguir retrair esses dentes tão já.”

Alice, ainda no êxtase da alimentação, percebeu que Rick a observava. Mais do que isso: a desejava. A sensação foi quase inebriante aos seus sentidos. Não imaginava que a alimentação junto a outros pudesse ser tão prazeirosa. Por muito pouco ela não perdeu o controle com Bê. Abriu os olhos e olhou fixamente para Rick. Aimagem daquele homem com sangue escorrendo pela pele era algo a se admirar.

— Pena que Bê não trabalha em um escritório. — disse de forma manhosa — Adoraria saber como é dividir uma presa.

Ela deixou Bê cair adormecida na sua poltrona e ficou com suas presas ainda para fora, um leve filete de sangue, quase que desenhado pelo seus lábios

— A sensação é muito melhor….

Rick se aproximou mais, deixando a taça sob a mesa e a puxa para si pela cintura. — Eu espero. — Ele falou próximo ao seu rosto, como quem a tenta com o sangue em seus lábios — que não faltem oportunidades.

Por mais que, em situações normais, já estaria com as mãos à meio caminho dentro das roupas de Alice, sabia que com ela teria que jogar diferente.

Alice dá uma leve mordida no seu lábio com um sorriso sedutor.

— Vai depender de você. — ela fala ao pé do ouvido de Rick — Espero que tenha gostado.

Normalmente ela já teria atacado Rick, mas ainda precisava desta energia de sedução e, principalmente, a de dois predadores caçando, por mais que nenhum dos dois tivesse caçado, propriamente dito.

— E o que você sugere agora? Espero que não seja me convencer a instalar um App

Alice roçava suas presas nos lábios de Rick. "essa mulher nem imagina o quanto as quero no meu pescoço, ou seja lá onde ela preferir”. Ele passa o polegar sutilmente aos lábios de Alice, tirando o pouco de sague de Bê, que ainda restava, retribui com uma mordida leve.

— Se depende de mim. — A frieza do rosto dela entre seus dedos o tirariam o ar se ele ainda respirasse. — Pode ter certeza que não vão faltar.

Ele a segurava contra si, puxando pela cintura. Com os olhos a mediu um pouco, sorrindo provocador. — Definitivamente sem apps por hoje. Mas achei que era você quem dava as ordens por aqui.

Alice sorri como se fosse pega em algum ardil. Ela passa seu polegar no lábio de Rick, aproveitando um pouco da Vitae imperfeita de Luan, olhando nos olhos de Rick.

— Ora ora, você nunca ouviu falar que a melhor forma de conseguir as coisas e fazer a outra pessoa acreditar que ela tem escolhas?

Se ela ainda respirasse, já teria demonstrado o quanto estava mexida com toda a situação. A atração era quase sobrenatural. “as vantagens de não respirar”

— talvez eu queira ouvir suas sugestões… ou estou te provocando?

Por mais que ela tentasse, seus olhos não saiam das presas de Rick, imaginando como seria para ambos o gosto de suas vitae.

— Eu não me iludiria nem por um momento que você me daria escolha. — Se lembrou da conversa com Nogueira, ela é um dragão, se a tratar como tal vai chegar onde quer.

Ele passou os dentes pelos próprios lábios, quase cortando a si mesmo. — E eu não preciso falar minha sugestão, você sabe bem qual seria.

Alice sorri de forma sedutora passando seus dedos nos lábios de Rick, procurando suas presas, o toque daquele sangue azul a fazia bem. O desafio era algo que ela apreciava.

— Como diria uma música… “I wanna do real bad things with you”, mas talvez você se assuste.

Ela sorri quando Rick segurou seu dedo de leve entre os dentes. O jogo estava ao seu jeito, mas ela sabia no seu âmago que Rick também fazia sua parte, e melhor que ela esperava. Por mais que ela não quisesse admitir isso.

— Só me resta uma pergunta então. — Disse Rick olhando em volta com um sorriso malicioso no rosto— Qual o caminho do quarto mais próximo?

Puxando-o pelo colarinho, Alice pensa consigo “normalmente iria cultivar essa situação por semanas ou meses, mas a curiosidade fala alto”, ela beijou Rick na sala mesmo, antes que ele pudesse terminar seu sorriso. Ainda sentia o gosto ferroso da alimentação recém terminada, enquanto apertava e arranhava sua “vítima”.

— Você gosta de brincar com fogo não?

Será que ela já tinha reparado como o fogo mudou nos últimos meses? Tantas dúvidas, tantas perguntas e desejos. Ela retornava seus beijos, cada vez com mais agressividade, sentindo as presas de seu parceiro.

— Como preferir. — fala entre beijos — Do jeito que preferir.

Ele a ergueu do chão com facilidade enquanto sentia a pele fria de suas costas em seus braços. As presas dela com sua língua o faziam se sentir quase como se beijasse alguém pela primeira vez.

Os beijos ficavam mais apressados, mais tórridos “certeza que ele sentiu o mesmo, a libido dele também deve ter crescido de maneira exponencial”. Ela se enrolava no corpo de Rick ainda mais, apertando-o de toda forma que conseguia, o guiando até seu quarto no andar de cima.

Ela continuava a beijá-lo, arranhando sua nuca e suas costas, quase ao ponto de machucá-lo de verdade. “A prática leva à perfeição”, pensou Alice.

— Você também sentiu o fogo nos últimos tempos? Você também sentiu enquanto nos alimentávamos? — Ela percebia como sua voz estava entrecortada.

— E teria como. — Ele nota que assim como ela, as palavras lhe custavam a sair. — Teria como não sentir?

Ele se deixou guiar, se deixou machucar, sabia que hoje era o seu dia de caça, e não de caçador. “Deixe-a achar que faz sua vontade quando na realidade faz a minha.”

Mal chegaram ao quarto, ele já desabotoava habilmente a camisa de Alice. Tirar roupas sociais era algo que fazia com maestria.

Alice pensa com o fio de organização que sua mente ainda possuia, “pelo menos esse consegue tirar as roupas sem precisar de um tutorial, ponto para você appboy”. Ela retirou as roupas de Rick com voracidade, sem se preocupar muito se as destruiria ou não. Olhou para ele enquanto o empurrava para a cama, vendo-o pedir pelo contato, mordendo seu próprio lábio, para que seu sangue vertesse um pouco. Espero que ele entenda a deixa”…

Rick a puxou para cama, deixando-a em cima de si. Pelo contato do corpo dela com o seu, sabia que a noite estava apenas começando.

— Existe algo que seja problema para você aqui? perguntou ela para ele, ávida.

— Você já perdeu o controle? — Passou o dedo no sangue que vertia dos lábios de Alice e o espalhou em seu seio. — É um risco que estou disposto a correr.

“Riscos controlados, disso entendemos. Mas não apenas pelo sangue, queremos o pacote completo. Quero sentí-la romper minha carne.”

— Mas, antes disso. — Ele a puxou pela nuca, para perto, oferecendo-a o pescoço, como viu Bê fazer. — Me faz sua posse. — Fala aos sussurros ao seu ouvido.

Ela passou a língua no pescoço oferecido, provocando Rick e sussurrou no seu ouvido. — Você realmente achou que seria assim tão fácil?

Alice se levantou da cama de modo felino e sedutor e olhou para Rick. Ainda inebriada pelas sensações que a besta lhe causavam, todas as intensidades, pensou consigo mesma, “A noite promete, vamos ver até onde o garoto do App consegue aguentar”.

— Vamos ver se você me dará uma boa posse e eu lhe serei uma mestra a contendo.

Ela foi até o armário próximo da cama e pegou uma toolbox com vários de seus brinquedos de dor e prazer.

— Alexa toque a canção de ninar. (para ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=yOb9Xaug35M)

Senti-la sair de cima dele quase o fez sentir dor. “Tão perto, tão quase. Mas bem, eu já tô morto mesmo, e com uma carinha dessa, podia até me matar de novo.”

— Espero que a mestra. — Ele lhe pegou a mão como quem fosse beija-lá, mas a lambeu, deixando suas presas tocarem suavemente sua pele. — Cuide bem do seu novo brinquedo.

Alice sentiu um arrepio em todo seu corpo com as presas tocando sua pele. A sensação foi como choque elétrico percorrendo seu corpo. Ela pegou o pulso de rick com firmeza e, usando sua presa, abriu uma ferida. Olhando para ele fez o mesmo em seu próprio.

— Sua mestra tem sede e um bom escravo se alimenta junto de sua senhora.

Alice coloca o seu pulso nos lábios de Rick enquanto pega o pulso do mesmo e aproxima de seus lábios. A presa dela o rompe a pele dele. O cheiro do sangue dela espalha no ar e o líquido preenche sua boca. Tinha ideias melhores do que o pulso, mas hoje, ela que manda.

A palavra escravo o desagrada, faz algo dentro de si se contorcer. “Calma, se contém, você ta perto de conseguir o que quer a meses.”

“Será que as regras valem para ela também?” Odiaria que ela tivesse o mesmo fim de Ana, a atendente da loja de ternos, ou Julia da floricultura. Testes que deram errado antes de descobrir a coisa toda com escritórios… “Foda-se”, pensou. Talvez ela lide melhor com o demônio que há dentro de mim. Não tem tantos riscos, afinal, eu nem sei como poderia matá-la de proposito, imagina por acidente.

Ele lambia o pulso aberto de Alice. O gosto de seu sangue, o não pulsar gélido, a macies de sua pele em seus lábios. “Nem fodendo vou me contentar por aqui.”

— Eu espero. — Falou entre uma lambida e outra. — Que minha senhora. — Deixou suas pressas roçarem mais forte contra sua pele. — Lide bem com um Brat.

Deixou suas pressas penetrarem fundo na pele de Alice, o dando acesso real as suas veias abertas.

Alice aproveitou a deixa. Havia tempos que queria um brat para si. Esse era seu jogo. Controle e desafio. Nunca, no mundo, imaginaria que o que seria uma distração e curiosidade pudesse ter outras nuances.

O sangue de Rick era inebriante. Fazia sua besta se agitar como nunca. Ela o puxou para si, oferecendo seu sangue direto de sua boca enquanto com suas mãos explorava a pele gélida e sem vida de seu parceiro. “A única desvantagem é que ele não respira mais, acho que posso conviver com isso.”

— você acabou de acertar, bom garoto.

Com o frenesi de sangue e presas, ambos rolam pela cama, dando vazão as feras contidas dentro de si.

Ricardo Lazartelli (Ventrue ) — Alice Yamazaki (Tzimice)

Jogadores:

Ricardo — interpretado por Lys Limon
Alice — interpretada por Diogo Mariano

A Cidade dos Esquecidos é um jogo de RPG que se passa em torno de vampiros criados à revelia durante uma cruzada do Sabbath e que passam a descobrir que no mundo vampírico nada é por acaso. Mestrado por Klebs Santos e rodado em Vampiro: a Máscara V5, com o hack O Preço dos Sangue, escrito também por Klebs Santos. Jogo exclusivo para os apoiadores da Câmara Obscura RPG.

Os Esquecidos são os jogos de textos que acontecem em paralelo às sessões de jogo que são stremadas em nosso canal na Twitch. Todas elas podem ser encontradas em nosso YouTube, devidamente editadas para melhor experiência. Nos siga no Twitter para saber de nossa agenda de jogos e outras iniciativas.

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