No clube secreto da Tangerina — Livro 1: Capítulo 5

Rodrigo Bino
Os exilados e o Clube Tangerina
10 min readAug 31, 2022
Professor Miguel, Professora Liz, Professor Aquiles, Samanta e Ricardo

No clube de música os membros estavam tentando acomodar todos para fazer um teste.

— Sério? A gente vai fazer mais um teste surpresa? — Dizia Ravi indignado.

— Psit! — Era Armani acenando para os três o seguirem. Ao chegarem perto de Armani se viram em outro lugar num piscar de olhos. Daniel e Orion se assustaram e viram que já estavam ali, naquele lugar que estiveram antes.

Ravi, com os olhos brilhantes, nunca tinha estado tão empolgado. Era fim da manhã, mas num piscar de olhos eles estavam em um lugar com pouca luz, parecendo já ser de noite.

— Como…como…o quê… como….mas…. — Ravi estava prestes a ter um ataque do coração de tanta empolgação.

— São as chaves cúbicas que a dona Mônica deu a vocês.

— Olá, turma. Por favor, podem se sentar nestes sofás. Eles são velhos, mas são limpos. — Dizia sr. Natanael descendo as escadas.

Os meninos ficam assustados por verem que realmente o Professor Miguel estava lá, Professor Noel, Professora Liz e mais alguns alunos que eles não conheciam.

Então, o professor pediu para Armani trazer a lousa de rodinhas e perguntou o quanto eles já sabem. — Uh, uh, uh… — Ravi levantava a mão.

— Não precisa levantar a mão, Ravi.

— Ah, é? Sr. Natanael, eu não sei nada! Só de uma pedra e uma tangerina.

Natanael ria e perguntou se alguém tinha mais alguma coisa para perguntar.

— Só é possível entrar com esses cubos aqui?

— Sim. A não ser que deixemos a porta aberta para que quem estiver com um brasão possa entrar.

Daniel e Orion consente após essa resposta. Neste momento Liz pede licença, pois tinha que corrigir alguns trabalhos surpresas durante a tarde, então Mônica a acompanha para fechar a biblioteca.

Sr. Natanael prossegue:

— Então vamos começar… Bem vindos ao Clube secreto da Tangerina, o clube mais forte do Reino de Minas Gerais. Antes de contar sobre este clube, sobre os luzonares, sobre os elementos familiares, sobre sonlar internos e externos, preciso contar como tudo chegou ao que é hoje. Com licença do nosso professor Miguel, claro, que é quem ensina sobre história.

Então Natanael contou. — Tudo começou há, talvez , umas centenas de anos atrás no Reino de Allumira. Um lugar próspero e com bastante potencial. Um reino tão antigo que era possível ver antigos animais e antigas civilizações. Cada uma tinha o seu fim. Embora alguns prefiram dizer que tudo começou antes disso…”

Alguém batia na porta da entrada. Noel, o professor mais guloso da escola, que sempre estava comendo nas aulas comenta:

— Que estranho. A porta da frente ninguém usa. Não é?

Miguel responde de forma bem séria: — Ninguém deveria conseguir achar este clube por fora.

Natanael interrompe sua introdução e olhando para cima fala para todos ficarem em guarda. Todos os veteranos se preparam para algum tipo de ataque. Daniel, Orion e Ravi, assustados, reparam o movimento de todos atentamente. Armani retira sua caixa preta, que lembrava uma gaita e Orion fica ansioso comentando para os dois que estavam com ele:

— Cara, por que a gente se meteu nessa. Vamos morrer…

— Eu tô tão empolgado! Uma aventura de verdade. — Dizia Ravi.

Natanael chega até a porta com Armani, Bruno e Carlos. Ambos em silêncio, Natanael faz algum tipo de código com as mãos e logo após conta até três.

No três eles abrem a porta e um cara cai dentro do clube pedindo ajuda, mas logo Professor Miguel reconhece.

— Paulo? Você está bem? Como você foi parar lá? E o que são esses rabiscos em seus braços?

Ofegante, o refugiado responde:

— Vocês estão em perigo. Ela descobriu um jeito de rastrear lugares e pessoas… Eu não sei por quanto tempo tentei chegar até aqui.

— Levem ele para cima. Nossa localização pode estar comprometida. Onde está Aquiles?

— Mestre Natanael… Por favor. Ela fez um ampli do luzodínamo… Você tem que se riscar também… Só restou eu…

— Mestre Natanael, há duas pessoas atrás das colinas lá fora. — Disse Armani.

— Certo. Chamem Mônica, Denise e Samanta também. Precisamos de todos. O clube não pode ser descoberto. Quem quer que seja que nos viu, não pode retornar sabendo o que somos aqui. — Dizia Natanael. — Vamos nos preparar para atacar…

— Parem! Não façam nada! — Disse Aquiles chegando atrasado.

— Ih, é o professor sem calcanhar! — Dizia Ravi enquanto tinha a orelha puxada por Orion dizendo que este apelido é entre os alunos, que ele não precisava saber.

— Se estão atrás dele, provavelmente virão ver esta cabana de perto. Vamos esperar que venham e aí os emboscamos.

Paulo, o refugiado, diz para não deixarem serem tocados por eles, porque se isso acontecer, quem for tocado pode estar se vendo há meses no mesmo dia.

— Ele está delirando. Não fala coisa com coisa. Cuidem dele logo. — Dizia Aquiles.

Enquanto tentavam acalmar o refugiado, uma caderneta havia caído do bolso dele. Armani pegou e folheou e logo disse:

— Mestre Natanael, olha esse caderno dele.

Armani entrega o caderno em uma página aberta que parecia ser de rumores confirmados e a confirmar ainda. Natanael bateu o olho nas palavras como “clubes alternativos”, Yohana, “mais que 3º grau/5º nível”, “marmota das cordas” e outras. Mas não precisou ler muito para ficar preocupado ao ver que Paulo havia confirmado alguns daqueles rumores.

— Se preparem para usarmos as armas de Greenson. — Dizia Natanael deixando todos muito preocupados pela decisão enquanto guardava em seu bolso aquela caderneta.

Aquiles perguntou se não era exagero, mas Natanael disse que era melhor serem prudentes.

— Noel, ative no portão o sonar e nos dê a localização exata de quem estiver perto. — Dizia Aquiles.

— Ótimo, pode deixar. Hei, garotão… Isso, você mesmo, o novato grandão.

Ravi aponta para si para confirmar e fica empolgado por ser chamado para uma aventura.

— Me ajude a pegar uns trem pesados! Você aí, baixinho novato. Vem cá também. Preciso de alguém que passe em lugares apertados, porque meu tamanho aqui né… Não ajuda.

Orion era o baixinho e relutante vai após o professor chamar várias vezes. Na hora de ir ele disse para Daniel que tudo foi uma péssima ideia.

Daniel agora fica observando as pessoas correndo para lá e para cá.

— Alguém chama mais gente? Cadê os que não estão aqui? -Gritava Natanael.

Professor Miguel disse que iria chamar os outros que estão fora e ao ver Daniel ele pede para chamar Denise no clube da música urgente.

— … Vai garoto. Corremos real perigo aqui.

Daniel se levanta e repara que não sabe onde é a entrada e nem a saída do local.

Armani, que estava na janela observando o inimigo com os outros, vê a situação de Daniel e vai até ele perguntando se ele recebeu uma missão.

— Sim, mas eu não sei sair daqui.

— Simples, é só pisar neste tapete circular marrom ali que você vai vibrar diferente deste lugar.

Daniel sem entender, fingiu que entendeu e foi para o tapete ao mesmo tempo que sentia aquele frio na barriga por ter que falar sozinho com Denise. Daniel se viu na sala de aula vazia que viu da outra vez quando estava com Orion. Tentou andar apressadamente, mas ao mesmo tempo lentamente para ensaiar em sua mente o que falar e como falar. Mas todas as frases eram estranhas.

“Oi, Denise. Então, eu estava no Clube Tangerina, e me pediram para chamar…”

“Não está bom… Então, estão te chamando lá no clube…”

“Se é secreto, não posso falar o nome…”

“Mas ainda não entendi o que está acontecendo lá. Eles são o quê? Espiões?”

— Dan?

— De-Denise?

— O que faz aqui? Estava procurando os meninos para me ajudar no clube da música, mas todo mundo sumiu.

— Ah, sobre isso… O professor Miguel está te procurando.

— Ah, sim. Na sala de professores?

— Não, lá no clube… o outro… O que não é aqui… Nossa, aqui ainda está de dia. Que estranho.

— Sério? Aconteceu algo lá?

— Não sei dizer. Mas parece que estão preocupados. Um rapaz desconhecido apareceu lá pedindo ajuda e parece que as informações dele preocuparam Natanael.

— Espera, estão todos lá? Não deviam deixar aqui sem ninguém. E alguém entrou lá, por lá? Como é possível? Bom, vamos lá.

Daniel não se mexeu enquanto Denise ia em direção a porta secreta. Ao olhar para trás ela pergunta se ele não deveria ir também.

— De-Denise… O que é isso tudo?

— Como assim? Natanael não contou?

— Não, quando começou a contar o homem estranho chegou.

— Então deve ser algo muito sério. Acho melhor procurar Samanta também. Aliás… Vou ficar com ela aqui. Pode ser que fomos descobertos, mas pode ser também uma distração. Por favor, volte e diga isso a eles.

Daniel concordou e indo se deu conta que não sabia como voltar.

— Como…

-Ah sim… Deve estar aberto. É só se aproximar exatamente ali. — Disse Denise enquanto puxava Daniel pela mão, o que o deixava envergonhado. Denise reparando no que fez, ficou sem graça também e logo soltou a mão dele disfarçando.

— Dan, você já foi despertado?

— Ainda não.

— Entendi. Tá certo. Vamos logo. Vai lá!

— Denise… Lá é Allumira?

— O quê? Não. Lá é algum lugar desse mundo. A escola é uma entrada para o outro lado do mundo, onde já está de noite.

Enquanto isto, no lado de dentro, Noel dava instruções para Ravi e Orion para montar algum tipo de canhão. Orion tentava dar desculpas fazendo corpo mole para algumas tarefas, como passar embaixo do canhão e parafusar alguns parafusos.

— … É que eu tenho problema no joelho e…

— Vai logo, Orion, tá pesado aqui. — Dizia Ravi.

Enquanto isso, alguns estavam na janela observando o horizonte tentando ver se havia alguém na espreita.

Professor Aquiles agora era da opinião que devessem ir abordá-los. Natanael teme ser uma armadilha e pergunta se o sonar está pronto para usarem o canhão de Greenson. Mas neste momento, chega Carlos, que estava com o refugiado.

— Mestre Natanael. Paulo está repetindo constantemente para não localizarmos. Insisti em saber o que ele queria dizer e ele disse Diapasão Tático e depois desmaiou. O que é isso?

— Como? Eles têm isso? Fale para Noel interromper o localizador sonar agora… — Disse Natanael quando Noel havia descido as escadas dizendo ser tarde demais.

— Você fez o quê? Tem alguém lá em cima? — Perguntava Natanael.

— É só o localizador que ativei… Os meninos… e o que é um diapasão tático?

Daniel chegou bem naquele momento.

— Serve para mapear o local de onde o localizador foi disparado. Enviando ondas de baixa frequência para localizar o diapasão tático ressoa reconstruindo o caminho de onde veio. Com isso eles devem ter a planta daqui e saber quantas pessoas tem. — Explica Natanael.

— Nossa, quem inventou isso? — Pergunta Noel.

— Obviamente o Mago Sonar. É um artefato proibido. Não sei como eles tiveram acesso.

— Aquele arccupo… ele que encontrou os manuscritos. — Reclama Aquiles.

— Geno não tem culpa. Aliás, os manuscritos estão bem guardados. — Defende Miguel.

— Bom. Não precisamos nos preocupar. Eles são só dois pelo que vimos. Veja onde localizamos eles. — Mostrava Noel em um dispositivo portátil.

— Temo não serem dois quaisquer. — Responda Sr. Natanael.

— Daniel, onde está o reforço? — Pergunta Professor Miguel.

— Ah… Ela disse que chamaria Samanta, mas disse que ficariam do lado de fora. Ela disse que pode ser uma…

Um estrondo tomou conta da conversa. Barulhos de madeira e tijolos caindo no andar de cima foi ouvido ao mesmo tempo que uma fumaça tomou conta do salão do clube. Logo se lembraram de Ravi e Orion que estavam lá em cima.

Próximo capítulo

Agora é só a gente — Livro 1: capítulo 6

Créditos

Autor e ilustrador: Rodrigo Bino
Revisão de texto: Damáris Maia e Ana Maia Dias

TANGERINOPÉDIA

Estou abrindo essa parte para falar de curiosidades da história. Fique a vontade para tirar dúvidas, comentar sobre a vida, ou sugerir coisas. Vou usar essa parte pós créditos para isso.

E começando com uma curiosidade, hoje, dia que postei este capítulo é o aniversário de Luna. Viva!

31 de Agosto é o aniversário da Luna. Fiz algumas ilustrações imaginando ela 10 anos mais velha e 10 anos mais nova. Espero que gostem!

Aproveitem para seguir minha pasta no Pinterest com ilustrações de todas as minhas LightNovels (ou WebNovel).

Visite aqui neste link!

Por hoje é só.
Obrigado por ler até aqui!

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