Professores matam aula? — Livro 1: Capítulo 7

Rodrigo Bino
Os exilados e o Clube Tangerina
37 min readDec 14, 2022

Diante desta crise, os três agora não sabem o que fazer. O que deveriam encontrar na praça? Como vão encontrar a terceira pedra agora?

E Daniel continuava a encarar o busto até que uma pessoa que eles não estavam esperando surge e diz:

— Primeiro precisam despertar, depois virem aqui na praça.

Era Luna. Todos ficaram felizes em vê-la. Daniel espontaneamente abraça Luna dizendo que ela aliviava um peso enorme de suas costas.

Orion e Ravi estranharam Daniel fazendo isso. Na mesma hora Daniel reparou e se afastou rapidamente tentando disfarçar dizendo que o clube estava em perigo.

Luna não entendeu e deu um soco. Mas pelo fato de Daniel abraçá-la, fez ela se sentir útil, como há tempos ela não se sentia e ao mesmo tempo percebeu que para um tímido fazer isso, a questão era mais grave do que parecia.

Daniel, por ser tímido não transparecia suas emoções tão claramente também. O que se passava na cabeça dele era difícil de saber em alguns momentos.

— Luna, perdemos o livro do Seu Natanael. E eu não sabia ler. — Disse Daniel.

Ravi logo perguntou:

— Você também faz parte do clube tang…

— Shi! Não mencione o nome em voz alta! — Dizia Luna olhando para os lados.

Respirando aliviada ela continua:

— Não, não faço parte. Já participei antes, mas logo saí.

— Será que a Ísis fez o mesmo? — Perguntou Orion.

— Por que tem gente que faz parte e gente que não? — Perguntou Daniel.

— Ísis? Eu não sei o motivo dos outros, mas eu saí pelos meus.

Luna se lembra de quando estava em alguma missão com o clube e as pessoas olhando ela perguntavam o que ela havia feito, mas ela insistia em dizer que não sabia.

Balançando a cabeça negativamente ela continua falando: — Não tem a ver com o clube, mas é mais comigo mesmo. Mas quem é Ísis?

— Era uma menina do terceiro ano que ajudamos. Ela fazia coisas como o Armani. — Disse Orion.

Luna ficou séria e disse:

— O que aconteceu? Por que estão aqui fazendo isso sozinhos sem algum veterano do clube?

Ravi se soltou de Daniel e se esforçando para ficar ereto, disse:

— Eu conto. O clube foi invadido e antes que Mestre Natanael nos pudesse ensinar algo, os ataques começaram e ele nos enviou na missão de despertar a gente com este livro e disse para virmos aqui.

— Nossa! Estão invadindo a escola novamente?

— Não, estão atacando o clube mesmo. Eu e Orion estávamos onde o primeiro ataque começou, no sótão.

— Do lado de dentro? Mas isso é impossível. Vocês sabem que o clube fisicamente está em outro reino, não?

— Outro reino? — Perguntou Daniel.

— Sim, ele tem uma passagem por aqui, mas a localização real do clube é secreta em um outro canto do mundo. Só sei que fica em outro reino. Poucos são os que sabem realmente onde o clube está, justamente para segurança.

— Foi o que eu disse. Mestre Natanael não nos ensinou muito ainda. — Disse Ravi decepcionado.

— Ele não ensinou nada, pelo visto. Então, as mensagens que recebi de Denise eram sérias mesmo.

— Ah sim, moça Luna, outra missão era trazer você para ajudá-los. Mas eu não sei como, porque parece que eles iam fechar a entrada. Vocês entenderam isto também, Daniel? Orion?

— Fecharam a entrada? Mas, como Denise está me mandando mensagens?

— A Denise ficou do lado de fora com Samanta e o outro que esqueci o nome. — Disse Daniel.

— Deve ser o Ricardo. Então ela ainda está na escola, mas do lado de fora? Será que ela vai passar a tarde lá? Droga, Denise!

— Você vai ajudar ela? — Perguntou Daniel.

— Eu prometi que não ia participar mais do clube. Eu… eu… Bom, já que vocês estão aqui. Eu vou ajudá-los mais um pouco e espero que seja o suficiente. Vamos até os leões de pedra.

Enquanto caminhavam na praça até os leões, Luna ligava para Denise para saber se estava tudo bem.

— Então está sob controle? Entendi… Tá… Sim, encontrei com os meninos e eles me avisaram… Não, não… Eu sei… Não… Denise, não quero mais falar sobre isso. Vou ajudá-los a entender o que tinham que fazer aqui na praça e espero que isso seja suficiente… e…

Luna abaixa o tom de voz e diz: — …Não é que eu queira voltar, mas se ficar mais complicadas as coisas me liga, tá? Eu não sei o que posso fazer, mas eu vejo o que estiver em meu alcance. O quê? Ah, sim. Eu vi também. Não, não conheço… Também acho… Você tem razão, porque eles não estão mais com ela… Tá bem. Tchau. Se cuida. Beijo.

Ravi, que estava mais atrás porque estava mancando, ouviu o que Luna estava dizendo e após esta desligar o celular ele cochicha com Luna: — Eu acho que ela roubou também…

Luna grita e chuta a canela de Ravi que também grita e cai de dor. Orion e Daniel, que já estavam nos leões, olham para trás assustados, pensando no pior, mas viram que era apenas mais uma cena de Luna chutando algum garoto.

— Me desculpa, Ravi… Que susto que me deu! Você entendeu sobre o que falávamos?

Ravi responde com dor: — Tudo bem, moça Luna. Eu não sei se entendi, mas eu estava querendo comentar com alguém.

— Me desculpa. — Luna o ajuda se levantar. — É muito cedo para dizer algo, mas eu a segui e achei estranho ela ter voltado para escola e depois de cair voltar com vocês. Me perguntei o que ela iria fazer na escola antes do tombo. Depois do tombo ela esqueceu?

— Eu achei estranho ela falar sobre pedras, sendo que eu me lembro de estarmos falando apenas de uma no momento. Como ela saberia que estávamos atrás de mais de uma?

— Hum. Não sei. Mas vocês vão ver que este mundo de exilado é mais complexo do que vocês pensam. — Concluía Luna ao chegar perto dos leões.

— Mais do que a gente pensa? — Pergunta Orion.

— Vocês deveriam pensar mais em como interpretar a linguagem dos sonares.

— Não é allumirani… alluniano… allurimirando… ? — Perguntou Ravi.

— Ah, muito feio esse nome. Mas, enfim, olhem os leões. Daniel, você já sabe como funciona. O que você lê?

— O que eu leio?

Daniel ficou olhando os leões e tentou criar vários possíveis significados, como rei da selva com asas, ou rei livre.

— Daniel, é simples e intuitivo. O idioma sonar é intuitivo. Não precisa pensar muito. Não pense, olhe todo o contexto.

— Bom, sem pensar eu vejo que eles estão de frente para aquela pedra grande.

— Então vão até ela.

Os três foram até a pedra e colocaram as mãos na pedra.

— Isso, vocês entenderam. Nem precisei dizer que deveriam colocar a mão na pedra. Mas temos um problema. Vocês não foram despertados. Ela só funciona com despertados. Por isso disse que vocês precisam despertar primeiro para vir aqui depois.

— Que pena. — Disse Ravi.

— Luna? Mas você é. Não? — Disse Daniel.

— Ah…É… é verdade, mas é… — Luna fica em silêncio, se agacha e fica cabisbaixa rabiscando o chão com a ponta do dedo.

Daniel vai até o lado dela e diz: — Tá tudo bem, Luna. A gente tá assustado com isso tudo e não sabemos nem como a gente faz o que faz. Orion acabou de parar dois pés de cabras com o rosto e ele nem se mexeu…

Luna, neste momento, se assusta com o que Daniel acabou de falar. E ele continua falando:

— Não tem problema se você também não sabe… é…

— Não é isso! Não… É que… é que eu não gosto de falar sobre isso. — Disse Luna abaixando mais a cabeça.

Enquanto isto, Orion se aproxima de Ravi e pergunta o que ele acha, Ravi só fala o quanto ele está empolgado em querer se mostrar digno de confiança e capaz de concluir a missão que deram a eles.

Daniel continua a conversa com Luna:

— Não me importa se você está no clube ou não, se você sabe controlar essas luzes no ombro. Você tem seus motivos e cada um tem o seu tempo. O tempo certo. Não podemos competir com outros a não ser com a gente mesmo.

— Daniel… — Disse Luna levantando a cabeça com os olhos beirando um choro.

Porém, do nada ela muda o semblante do chora e fica brava dizendo: — Mas ainda não te perdoei por ser bocudo!

Daniel, assustado, pede desculpas imediatamente de forma sem graça tentando se proteger de algum golpe dela, enquanto Ravi e Orion se viram para aquela cena tentando entender o que estava acontecendo. Luna se levanta e retoma o fôlego dizendo a todos:

— A grande pedra emite ondas sonoras. Quando você coloca as mãos ela soma com as frequências sonoras que o seu corpo emite refletindo atrás dos leões. Luna aponta o dedo e todos vêem que, atrás, o chafariz estava ligado, jogando água para cima e com alguns canhões rodando fazendo colunas espirais de água.

— Ao colocar sua mão, a água muda o desenho que ela está emitindo com as curvas das águas ao ar. Ela pode dizer qual dos três luzonares você tem. Empatia, Conhecimento ou Humildade. Cada homem sonar tem um desse, que é o desenho que os ombros mostram. Então, quando você já tem um desses luzonares e desperta, fica mais fácil de controlá-los. Todos eles devem passar por três estágios. Se Orion foi capaz de parar um golpe sem se mexer, ele deve ter um nível avançado do luzonar Empatia. A Empatia, quando começa a amadurecer ela se transforma em Serviço ou Auxílio. A partir daí, ela se torna Resistência, por isso eles chamam tecnicamente este luzonar de Resispatia. E a forma de fortalecê-los é fazendo o que o próprio nome diz, ou seja, exercer essas funções na vida. Este luzonar habilita uma espécie de controle sobre o que te atinge. Como uma proteção. No primeiro nível de prática, você não sente dores tão intensas, se algo te atinge. No segundo nível dizem que você pode até ficar imóvel como se fosse uma folha batendo em você. No entanto algumas pessoas podem projetar uma espécie de escudo em sua volta.

— Nossa… E no terceiro? — Pergunta Daniel.

— Terceiro…Hm… Não sei… na verdade, há só boatos a partir do terceiro. Eu nunca vi alguém acima do nível dois. Dizem que uma pessoa de um clube muito antigo, de 200 anos atrás, foi capaz de atingir algo como nível três. Também há boatos que alguns membros do clube Tangerina que morreram há 15 anos na batalha do Vale do Metal, foram capazes. Mas ninguém no clube fala muito disso. É um boato que corre fora dos ensinamentos do Sr. Natanael. Aliás, isso que acabei de falar não me lembro do Sr. Natanael ter me ensinado. — Disse Luna pensativa consigo olhando para baixo. — Bom, que seja. No final, quando vocês despertarem para saber qual luzonar vocês têm mais aptidão, é só vir aqui na grande pedra e pôr as duas mãos aqui.

Luna colocou as mãos e na mesma hora se arrependeu por se sentir exposta. Ao mesmo tempo o chafariz parou de jogar água por dois segundos e jogou novamente.

Os três olharam o chafariz desenhar no ar e ficaram encantados. Daniel olha e tem a impressão de conhecer aqueles símbolos. Luna cabisbaixa novamente diz:

— Obviamente não funciona comigo. Ele parece mostrar algum dos três dons, mas ele mostra tudo misturado, mas a verdade é que ele mostra nada. Não fica perfeito o desenho comigo.

Levantando a cabeça Luna complementa: — E ai de alguém se perguntar o por quê!

Todos os três até prenderam a respiração quando ela disse aquilo.

— Vocês precisam despertar primeiro. Depois encontrem o livro para saberem o símbolo que apareceu para vocês no chafariz.

— Luna, e o que é aquela caixinha que sai som e coisas estranhas acontecem? — Pergunta Ravi.

Luna para e pensa com uma cara séria e depois abre um sorriso apontando o dedo para cima encostando em seu queixo dizendo: — Haha, não sei!

— Não sabe? Como assim? — Pergunta Ravi.

— Na verdade eu sei um pouco, mas não entendo bem. Mas a única coisa que sei é que amadores não podem ter, porque é muito perigoso. Na verdade o perigo está no fato de você perder o speark.

— Speark? — Repetiu Daniel.

— Tudo que sei que é algo que te deixa mais forte, mas pode deixar mais fraco. Mas quase todos mais velhos, ou mais maduros, usam. Alguns não usam, mas estes trabalham em equipe, e devem ser muito bem sincronizados, e dizem também que não é tão eficiente às vezes. Suponho que devem existir três tipos.

— Você sabe muito, Luna. — Disse Orion.

Luna, na mesma hora, muda para um semblante mais infantil e muda sua voz também dizendo de forma acanhada, rodopiando sob a ponta do seu pé direito: — Ah… não é que eu sei muito, mas é bom ser reconhecida às vezes, né? Eu me esforcei quando estava lá e até que fui aprendendo… ainda tem os ampli que esses são mais confusos para entender o mínimo…

— Luna? — Chamou Daniel. — … foi muito difícil e eu consegui me superar, porque aí…

— Luna, você tá estranha! — Disse Daniel colocando sua mão em cima de sua cabeça.

— Ah, me desculpe! Ok, já voltei ao normal… Onde eu estava? Ah, sim! Vocês precisam despertar logo. Do contrário, até sexta feira vocês terão esquecido algumas coisas que aprenderam. Eu já vi isso acontecer de perto. Não é legal.

— Como assim esquecer? Impossível. — Disse Orion.

— “Não subestimem o Guardião do Tempo. A maldição dele pode apagar memórias dos usuários do brasão sonar imperador.”, eles dizem. E eu nunca acreditei nisso, mas conheço alguém que aprendeu da pior maneira. Ela conheceu alguém que era um possível exilado, mas deixando para depois para despertar, ela esqueceu muito do que foi ensinado a ela, além de algumas memórias de convivência que foram perdidas também. No fim, ela não lembrava de forma coerente sobre a história de ser exilada, da urgência em despertar enfim. Parece que é o efeito do brasão do imperador, do exílio amaldiçoado pelo guardião do tempo. Eu não sei explicar direito isso. Mas vocês precisam correr, senão esquecerão isso tudo. Dizem que quando o exílio acabar, fará com que os que se lembraram do reino esquecido voltem para viver no Reino Allumira. E os que ficarem, bom, o brasão imperador deixará de funcionar com o tempo e isso é como uma doença mortal para quem tem o brasão sonar imperador e não tem o brasão sonar eterno. Será algo como aquilo…

Luna fica com o pensamento distante naquele momento enquanto se lembrava de uma história onde uma organização poderosa havia tentado remover seus luzonares e como consequência morreram.

— Sinistro isso! Eu gostei! Mas tenho muitas dúvidas. — Disse Ravi.

— Ai, Ravi, você acredita em tudo como dizem? — Disse Orion.

Luna olha seriamente para Orion que logo complementa rindo sem graça:

— Ah, não é que não seja verdade tudo isso… mas… mas… seja mais sério numa situação dessas, Ravi!

— Então são dois brasões? Um deles é o que nos causou um exílio, o brasão do imperador, certo? E ele pode nos matar quando o exílio terminar? Quando será isso? — Pergunta Daniel

— Pense como um vírus perigoso. A pedra com brasão sonar eterno é um antivírus, uma vacina para que o brasão sonar imperador não te mate quando o exílio acabar. Diz a lenda que Allumira tem um sistema avançado de proteção. Quem tem o brasão imperador e tenta entrar lá… É… Eu não me lembro mais… se morre, ou se perde toda a memória… Qual era mesmo?

— Se pensarmos que é um exílio real, talvez seja algo como punição de morte, não? — Reflete Ravi.

Daniel recebe uma mensagem e logo vê que era de Denise dizendo que iria esperar até eles saírem e que Samanta já estava com ela. Logo ele vê que Luna também recebeu a mesma mensagem. — Denise vai ficar lá até…que horas? Mas ela é tão… Argh! Dedicada! Bom, preciso ir almoçar. A gente se vê mais tarde. Andem logo, não enrolem. — Disse Luna.

— Ah, Luna? — Chama Daniel.

— Oi?

— Er… Obrigado por hoje. Você foi muito útil para gente. — Concluiu Daniel.

— É, sem dúvidas. A gente se vê no clube em breve. Agora que a gente tá, vai ser mais legal! — Disse Ravi piscando um olho.

Luna acanhada pelo elogio se despede e os três tomam rumo para suas casas combinando de levar a pedra sonar que estava com Orion na escola no dia seguinte, já que eles não sabiam ainda o que fazer. Ravi dizia que fazia mais sentido a pedra que ele achou ficar com Daniel, afinal, ele e Orion chegaram primeiro no clube. A terceira ele pegaria com Martim e Lucas na escola. E aí os três poderiam despertar juntos.

Na sequência, Daniel recebe outra mensagem de Denise que o deixa feliz, a qual dizia: “Encontre as pedras e traga Luna de volta. Conto com você!”

Passando em frente a uma banca, Orion vê o jornal local com a notícia dizendo que “Casal de vândalos da escola Polivalor picham paredes e agride idoso.” — Não é a Samanta e o Ricardo na foto? — Pergunta Orion.

— Mas o quê? — Daniel não entende o que vê.

Mais um dia atípico na escola

— Daniel, você já pensou chegar na escola e os professores não virem dar aula? Esse é o dia de hoje! — Disse Guilherme rindo, enquanto eles estavam nas salas já uns 30 minutos esperando alguma aula começar.

Todas as turmas estavam dentro da sala, mas ao dar meia hora, alguns começaram a zanzar pelos corredores para entender o que estava acontecendo.

— Galera, galera! Eu nunca vi a diretora tão brava! Ela tá gritando horrores na secretaria e ligando para um monte de gente procurando os professores. — Disse Aline.

Orion, Ravi e Daniel se olham e percebem que Denise e Armani não estavam ali. Luna vê o movimento e os vê se levantando saindo pelo corredor.

Ao sair, eles chegam na secretaria e lá avistam a diretora, a professora Liz, o professor Carlinhos e mais alguns funcionários da escola tentando acalmá-la. A diretora era grande e forte. Tinha cabelo curto, e sempre usava colar de bolinhas de coco, na verdade bolinha era apelido, eram grandes como uvas gordas. Ela era assustadora por ser alta e sempre estar com uma cara séria.

— Será que eles ainda estão lutando lá? Não é possível. — Disse Orion.

— Mas eram só dois caras invadindo, não? — Disse Daniel.

— Talvez Mestre Natanael não estava desesperado a toa por causa daqueles dois. — Disse Ravi.

Enquanto eles andavam pelos corredores, Ravi, por ser o mais alto, percebeu que Denise e Samanta estavam dormindo dentro da biblioteca e disse que as encontrou.

Foram correndo para lá falar com elas.

Luna vê que da sala, Clara sinaliza com a cabeça para Raíssa que se levanta e também sai da sala. Luna preocupada se levanta também para seguir Raíssa.

— Denise? Denise? — Ravi sacudia ela para acordar.

Denise acorda lentamente com marcas no rosto, descabelada e com um pouco de baba escorrendo. Ela vê Ravi e estranha estar vendo ele, mas logo ela percebe que estava dormindo e por isso fica envergonhada se arrumando rapidamente.

Samanta acorda, e após elas se recomporem, dizem que ninguém saiu do clube ainda. Disseram que tentaram manter vigília na escola e aparentemente parece que ninguém tentou realmente invadir o clube pela escola.

— Os pais de vocês não se preocuparam? — Pergunta Ravi.

— Não, eles são despertados e entendem. Embora sejam de outro clube. — Dizia Samanta.

— Sim, e a irmã mais velha de Samanta é uma linda sonar renomada. — Disse Denise dando tapas nas costas de Samanta.

— Entendi. E como saberemos se estão bem? — Pergunta Orion.

— O pessoal do clube? — Pergunta Denise enquanto Orion afirmava com a cabeça.

— Temos que ir até a minha sala, que onde é a saída de lá. Eu aviso vocês. — Disse Samanta.

Mas a barriga das duas começaram a roncar. Ravi sugeriu que elas comessem algo.

— Fiquem aí. A gente vai trazer nossos lanches. Vocês trouxeram lanches hoje? — Pergunta Ravi.

Orion respondeu que não e Daniel disse que só tinha um salgadinho. Ravi fica satisfeito e diz que vai dar os sanduíches que ele fez também.

Os três se levantaram para pegar os lanches, ao sair Orion vê Raíssa como se estivesse procurando algo.

— Daniel, tem algo que preciso te contar.

— Hum? Pode falar, Orion.

— Pessoal, vamos mais rápido. Elas devem estar morrendo de fome. — Disse Ravi puxando-os com seus dois enormes braços pelo pescoço.

Raíssa viu, tentou chamar Daniel, mas falhou. Porém ao olhar para o lado desanimada, viu Denise e Samanta. Por isso resolveu ir até lá.

— Oi Denise. Por que estão aqui?

— Ah…a gente… é, estávamos organizando coisas do clube da música.

— Hum. Entendi. Tudo bem. Né? Já que estou aqui, deixa te fazer uma pergunta pessoal?

— Pessoal?

— Sim. Você está afim de alguém da escola?

“Nossa, que direta.” — Pensou Denise enquanto abaixava a cabeça não gostando do rumo da conversa. Então ela pergunta o porquê queria saber.

— Não, eu só gosto de ajudar a formar casais que vejo potencial… Só isso. — Disse Raíssa meio sem graça.

Denise olhou para Samanta e perguntou o que ela achava, então Samanta disse:

— Ela está mentindo.

— Eu mentindo?

— Sim. Eu consigo me colocar no seu lugar. Eu já estou no segundo ano e algumas coisas de primeiro ano são simples de identificar, porque no segundo ano essas coisas começam a ficarem irrelevantes para algumas pessoas. Você quer saber de quem Denise gosta para saber se o seu caminho está livre, afinal, ela é uma concorrente e tanto para você. Acertei?

— Samanta, eu não sou tudo isso… — Disse Denise sem graça.

— Não seja tão modesta. Mas o jogo dela é saber de quem você gosta para saber o que ela faz. Se desiste ou investe… Ou algo imprudente, vai saber.

— Ah, entendi, Sam. Ou ela está fazendo isso para alguém. Alguém que ela segue sem se questionar. — Disse Denise enquanto fixava o olhar em Raíssa.

— Hum. Boa, Denise! Eu pensei que poderia ser uma amiga, mas é comum elas admirarem alguma garota mais bonita e fazerem tudo por ela e por isso essa amiga, entre aspas, nunca a ajudaria a arranjar um par romântico.

Denise e Samanta riram nessa hora até que foram interrompidas com um soco na mesa por Raíssa dizendo: — Estão erradas! A Clara não é assim! — Raíssa colocou a mão na boca arrependida de ter falado o nome de Clara.

Denise e Samanta reparam que ela tinha um pouco de lágrimas nos olhos. Denise então disse:

— Raíssa, nos desculpe. Acho exageramos. Não conhecemos muito a Clara. Mas se um dia quiser minha ajuda com alguém que você goste, eu te ajudaria. Eu não me importo de ajudar se estiver precisando.

Raíssa fica um pouco comovida com a fala de Denise e se pergunta quase sussurrando: — De quem eu gosto, é?

Mas ela respira fundo, faz uma pausa, se recompõe e diz: — Bom, acho que é melhor ser direta. Há um boato de que Daniel ainda gosta de você, mas Clara gosta de Daniel. Eu queria saber, como vocês disseram, se você, Denise, tem sentimentos por Daniel para Clara decidir o que fazer. Satisfeitas?

Samanta se espanta e Denise parece que não se espantou tanto. Ficou olhando para baixo pensativa.

— Hei, Denise, boatos não devem ser levados a sério. — Disse Samanta.

— Sim, eu sei, Sam… Raíssa, que tal um acordo? Eu conto de quem eu gosto se você contar de quem você gosta.

Raíssa e Samanta não estavam esperando esta resposta de Denise. Raíssa põe a mão no queixo cruzando os braços e responde: — Você me parece uma boa pessoa. Eu poderia dizer qualquer nome para conseguir esta informação. Mas você me parece que realmente diria. Eu vou descobrir de outra forma porque assim seria muito fácil.

Raíssa se levanta e se vira para sair da biblioteca, mas Samanta pergunta: — Por que você não falou?

— Hã?

— Por que não disse qualquer nome? — Insistiu Samanta.

Raíssa serrou os dentes para segurar alguma lágrima e saiu dali.

Ravi, Daniel e Orion estavam voltando e os olhares de Orion e Raíssa se cruzaram. Orion ficou suando frio, mas ela apenas fechou os olhos e levantando o ombro virou o rosto menosprezando Orion, como…

— Ué? Por que ela imitou a dona Florinda? Só faltou dizer para não ser misturar com essa gentalha! — Questiona Ravi rindo enquanto Orion ria sem graça. Mas Daniel estava normal, sem entender o que houve.

Ao chegarem na biblioteca, Ravi anuncia a chegada do café da manhã. Quando Denise vê que Daniel a estava olhando, desvia o olhar.

— Às vezes boatos podem ser possibilidades, Sam? — Denise pergunta com a voz baixa.

— Hã?

Enquanto isso, não muito longe dali, no corredor, Luna pára Raíssa. Luna estava com a cara séria e fechada com os braços cruzados. E pergunta: — Anda, desembucha! O que você quer com meus amigos?

— O quê? Ah, não fique com ciúmes de seus amigos. Só porque Armani não veio você fica como um cão bravo? Aliás…

— Ciúmes? Bravo por causa daquele robô imbecil? Haha. Eu sou o que sou, independente de garotos!

— Ora, sua tampinha! Não vou brigar com a panelinha de vocês de novo. — Disse Raíssa andando apressadamente, mas parando bruscamente retoma a fala: — Mas me responda uma coisa. O que você tem com Daniel?

— Hã? Como assim?

— Você gosta dele? Sim ou não?

— Você está gostando dele? Está me pedindo permissão, é?

— Argh! — Raíssa saía dali bufando de raiva enquanto Luna dá um sorriso de vitória.

Enquanto isso na biblioteca, Samanta e Denise ficam impressionadas com o sanduíche que Ravi fez.

— Uau! Você poderia ser chef algum dia!

— Haha! Vocês não experimentaram ainda.

Quando Denise e Samanta deram a primeira mordida, Denise praticamente se derreteu e Samanta gritou de boca cheia que aquele era o melhor sanduíche da vida dela.

Orion e Daniel ficaram admirados com aquilo tudo.

— Poderia ser o cozinheiro do clube! — Disse Ravi animado.

— Definitivamente! — Samanta respondia de boca cheia enquanto mordia rapidamente mais um pedaço.

Denise engolindo rapidamente responde: — Claramente devemos substituir o professor Noel pelo Ravi!

Enquanto isso, Daniel pergunta:

— Orion, sobre o que você queria me falar mais cedo?

— Ah não… Bem, na verdade é sobre Raíssa.

Denise ouviu e ficou séria na hora, prestando atenção na conversa, enquanto Samanta e Ravi falavam sobre cozinha do clube e as comidas que fazem por lá.

— Não me diga que você já desistiu da… — Pergunta Daniel.

— Não, não é isso… Depois eu te falo. Aqui não é o momento.

— Sério?

— Ahá! Então estão todos aqui comendo escondido… Hã? Cadê os outros? — Pergunta Luna da porta da biblioteca apontando o dedo para eles.

Denise cumprimenta Luna com bom dia e diz que ninguém saiu ainda do clube.

Samanta se lembra e diz que precisa ir até a sala dela ver se tem algum recado deles. Então ela se levanta rapidamente agradecendo Ravi pela comida. Luna se senta ao lado de Denise e pergunta se está tudo bem. Orion chama Daniel para falar com ele a sós no corredor e Ravi…

— É, eu sobrei aqui. Bom, eu vou lá fora ver se os meninos precisam de mim.

— Sim, Luna, está tudo bem. Um pouco cansada e dolorida. Ah, obrigada pela dica de ontem. Não foi tão inútil ficarmos o dia todo aqui. Pudemos filtrar vários candidatos. Fizemos um filtro duplo para descobrir possíveis exilados.

— Uau! Que genial! Não esperava menos de vocês. Fico feliz em ter ajudado, mas eu nunca teria pensado em fazer um filtro duplo.

— Imagina, foi a sua ideia que gerou outra. Eu sei que você não gosta de falar disso. Mas, você é tão útil. Por que não volta para o clube? O que aconteceu?

Luna abaixa a cabeça e fica em silêncio.

— Tudo bem, não precisa falar…

— Não, tudo bem. Eu falo. É bom colocar para fora, né? — Luna dá um sorriso nervoso.

Então ela respira bem fundo para falar.

Enquanto isso, Orion fala com Daniel que Raíssa disse que o ajudaria a conquistar Kallíope.

— Mas isso é bom, não é? Acho que meninas podem ajudar melhor do que meninos.

— É, mas ela me pediu algo em troca.

— Em troca? O quê?

— Ela queria que eu contasse de quem você gosta.

— O quê?

— Mas eu disse que você não gostava de ninguém. Foi o que você me disse. Mas como eu estava querendo muito uma ajuda eu acabei dizendo que você já gostou da Denise no passado. Me desculpa. Eu sinto que traí nossa amizade. — Disse Orion choramingando de forma caricata apenas no tom de voz.

— O que ela disse?

— Er… Algo sobre não ser uma novidade.

Daniel para, pensa e logo responde:

— Tudo bem Orion. Isso é coisa da Clara.

— Clara?

— Sim. Desde o fim do ano passado eu descobri. Raíssa vive importunando, perguntando se eu tenho algum interesse em Clara. De todas, elas são as mais insistentes.

— Todas? Tem mais?

— Ah… é… Mais ou menos… Eu imagino que existam outras garotas que gostam de mim. Já encontrei cartinhas em minhas coisas, mas nenhuma falou comigo pessoalmente, ou assinou com nome verdadeiro. Às vezes eu acho que criei isso tudo para me sentir melhor…ou pode ser brincadeira de alguém.

— E eu achei que a Raíssa gostava de você.

— Não. Ano passado Raíssa perguntava para mim “a Clara quer saber se rola”. E eu não entendi o que isso significava. A gente estava na oitava série e eu só queria saber de zerar meus jogos. Não pensava muito nisso. Então, no “amigo secreto”, ela deu um jeito de descobrir quem me tirou e conseguiu trocar com aquela pessoa. E Clara, no dia de revelar, tentou me dar um beijo e no susto eu desviei. Aí o beijo dela acertou minha orelha. Na hora eu não entendi. Mas depois, conversando com minha irmã mais velha, eu entendi o que ela queria dizer com “será que rola”.

— O quê? Como assim? Eu não sabia desta história?

— Me desculpe por não ter contado ainda, Orion. Você é meu amigo de rua e você só chegou este ano na escola. Mas aquele foi um dia constrangedor para mim. Eu entendi ali que essas coisas poderiam ser mais reais. As garotas que gostei na época, que contava para você, era um ‘gostar’ platônico, infantil. Eu dizia que gostava de alguém, porque todos tinham alguém que gostavam. Depois do “amigo secreto” eu decidi ser mais realista comigo. Não tinha porque gostar da Denise, se eu nem a conhecia.

— Daniel… Duas coisas. Primeira: Por que as garotas fogem de mim aqui também? Segunda: Você é muito burro! Clara e Denise são gatas e você não gosta delas porque não conhece? Perdeu boas oportunidades. Você é ingênuo demais.

Daniel ri sem graça e diz: — É, talvez eu seja. Mas eu não acho certo criar falsas esperanças. Prefiro ter certeza. E sobre as garotas fugirem de você… bom, de alguma forma sua fama precede. Quando você chegou aqui, já estava rolando esse boato. Foi o que descobri depois de um tempo.

Enquanto Orion fica inconformado com a história toda, Ravi havia se levantado para sair da presença de Denise e Luna mas ficou ali na porta ouvindo a conversa delas.

— Eu saí do clube porque… Porque eu sou inútil. Não tenho… — Luna começa a chorar, tentando enxugar as lágrimas tenta continuar falando: — Não sou boa em nada. Não tenho luzonar. Não entendo de músicas. E se eu fui despertada errada, Denise? E se eu sou um humano normal? Eu odeio esse clube idiota! Eu nunca vou entrar em Allumira.

— Calma, Luna. Fique tranquila. Eu não sabia do motivo. Todos somos humanos nisso. A diferença é o reino. Há mais chance de você ser descendente do Reino Allumira do que não. Eu lembro do dia que te conheci no clube.

— Mas como você explica eu não ter luzonar e não entender nada de notas, timbres e frequências?

— Isso você aprende com o tempo. Eu posso te ajudar.

— Aprender o luzonar? Como, Denise, como?

Luna desaba a chorar mais e abaixa a cabeça na mesa.

Denise abraça Luna e diz que deve ter um jeito de descobrir.

Ravi sente que não deveria estar ali ouvindo e sai da biblioteca. Logo vê Daniel e Orion, portanto seguiu até lá, mas alguém fez psiu para ele.

Era Ísis. Estava sorridente e alegre.

— Oi. Eu queria agradecer por ontem.

— Ah, é você. De nada…

— Eu posso ajudar a pegar aquela pedra, se vocês quiserem.

— Não, é perigoso. Eu vou.

— Mesmo? Eu ia pedir para meu pai.

— Seu pai?

— Você não sabe? Eu sou filha do Carlinhos.

— Hã! O professor de Educação Física? Mas… É Ísis né? Me conta uma coisa? Porque você não faz parte do Clube Tangerina?

— Tangerina? — Disse Ísis assustada. Mas logo tentou disfarçar e disse:

— Deixa eu ver… é… Não estava esperando essa pergunta…hum. Digamos que penso diferente.

— Hum. Entendi. Mas o que é que eles pensam que você não pensa igual?

— Ah… é… Você sabe… Não me senti parte e por isso preferi seguir sozinha. Mas estou como suporte para o que precisarem, viu? A minha oferta ainda está de pé.

— Hum. Entendi. Vou tentar do meu jeito primeiro. Depois tentamos do seu. Ah, você não levou o livro que estava com Daniel sem querer? Ele segurava sua mochila ontem.

— Livro? Não vi não. Vou olhar de novo e aviso vocês. Bom, vou falar com meu pai para ver se vamos ter aula. Até mais, Ravi.

Ravi ficou refletindo, mas desconfiado.

Um choque de realidade

Samanta surge correndo e entra na biblioteca gritando:

— Denise! Já são mais de 10 horas! Os professores estão presos lá!

Os meninos logo entram para ver o que se trata aquela gritaria toda.

— O quê? 10 horas? — Pergunta Denise.

Luna sem entender, enxugou as lágrimas e disse:

— Ué, vocês não tinham reparado?

— Nã… Não. Achei que era um pouco antes da aula começar… Isso é ruim. Vamos ser expostos. — Disse Denise.

— Sim, temos que acalmar a diretora e tirar os professores de lá do clube. — Disse Samanta.

— Então não tinha um recado? Para gente? — Pergunta Daniel.

— Não. Temo… — Samanta dá de chorar, mas segura. Respira e continua a frase: — Não posso pensar isso. Mas, e se… E se… — Ela volta a segurar o chorar.

Denise, chorando, diz de maneira brava: — Eles não… Você não acha…

Luna fica brava e bate na mesa dizendo que eles não morreram.

Daniel começa a se sentir mal, Orion se sentia um pouco culpado e Ravi estava pensativo. Porém, Daniel começou a ter noção da realidade naquele momento. “Eles poderiam morrer? Que guerra é essa que eu me meti? Se eu tivesse essa noção deveria ter me esforçado mais.”

Luna prossegue com seu discurso:

— Esse é o clube mais forte de todo reino Circuito das Águas, como vocês achariam que eles seriam derrotados facilmente assim? Eu não tenho metade do talento que vocês têm, mas eu sei que é o suficiente para manter os brasões a salvo e despertar os exilados que ainda restam. Eu sei que não vivo completamente como alguém que fosse do reino Allumira, mas eu sei, que mesmo despertada, minha vida não foi a mesma. Não vejo o mundo da mesma forma sabendo minha origem, mas ao mesmo tempo que… que…

Então Luna começou a chorar enquanto falava. Ela, porém se esforçou para continuar sua fala.

— … mas… ao mesmo tempo que eu não me sinto parte, que eu não me encaixe, eu sei quem a gente é e do que somos capazes. Vai chegar um… vai… vai chegar um momento que estaremos em nosso reino de origem finalmente… e… eu sei que fará mais sentido, porque dizem que é o lugar onde tudo faz sentindo. A gente se encaixa e sabe para quê serve… Tudo se completa lá. E os três novatos não têm ideia do que foi preparado para encontrarmos lá depois da nossa saída do exílio e acho que ninguém sabe ainda. — Luna se recompõe após seu choro. — Poxa, não faz muito tempo que as pessoas daquele reino começaram a se lembrar e eu ainda não entendo como é isso… Ai gente… eu falo demais. Me desculpem. Mas o que quero dizer é que não há porque perdermos as esperanças. Os mais fortes estão lá dentro. Eles vão dar conta. Acreditem neles. — Luna encerra seu discurso enquanto enxugava algumas lágrimas do rosto com a parte de trás das mãos.

Daniel então lembra novamente de seu sonho onde a garotinha dizia ser do reino de Allumira. E ainda teve a impressão dela ter falado no sonho que era o reino onde tudo fazia sentido.

“Será que isso é uma memória e não um sonho?”

— Não adianta pensar no que poderíamos ter feito! — Disse Ravi.

— Ravi?

— O que eu deveria ter feito, o que não deveria… Temos que impedir que descubram sobre o clube. Ainda não entendo muita coisa, mas sei que o clube deve ser secreto e com o pouco que eu sei, eu quero fazer parte, mesmo sem ser um despertado, como vocês falam.

As garotas deram um sorriso e ganharam ânimo, enquanto Orion e Daniel ainda estavam tentando compreender o sentimento deles.

“Então há quem é despertado e que não se sente como um na prática, enquanto há quem não é despertado, mas já vive como um na prática?” — Pensa Daniel.

Daniel respirou e disse:

— Ótimo, então vamos fazer isso direito. Precisamos proteger os professores, alunos e funcionários que não estão aqui. Precisamos bolar a desculpa para que todos acreditem.

— É assim que se fala, maninho! — Disse Ravi.

Samanta diz: — Precisamos de algo que faça sentindo. Ou seja, o que Sr. Natanael, professor Miguel, professor Aquiles, Professor Noel, Bruno, Carlos, Armani, Jorge, Mônica e professora Liz estariam fazendo ausentes?

— Mônica e Liz estão na diretoria com os não despertados tentando acalmá-los. Eu as vi quando estava vindo para cá. — Disse Luna.

— Entendi. Bom, mas então? O que todos eles estariam fazendo juntos? E por que eles poderiam desaparecer? — Poderíamos usar o sonar da sonolência, mas Armani não está aqui. — Disse Denise ressentindo por lembrar.

— Já sei! Todos eles comeram algo da cantina que estava estragado! — Disse Orion.

— Hum, isso colocaria a tia Joana e o Sr. Natanael como irresponsáveis por não fazerem o controle corretamente. — Disse Samanta.

— Mas acho que é um bom caminho que o Orion sugeriu. — Disse Denise.

— Orion, Daniel! Precisamos despertar nós três. Era uma missão importante que Mestre Natanael nos passou. — Cutuca Ravi.

— Sim, mas falta uma pedra. E sabemos que não será fácil pegar! — Disse Orion.

— A filha do professor Carlinhos disse que nos ajudaria, mas eu não confio nela ainda. — Contou Ravi.

— O quê? Sério? Quem é ela? — Perguntava Orion.

— Ísis. — Disse Luna.

— Ah! Ela é…? — Orion fica chocado em conectar os pontos.

— Eu também não confio nela, Ravi. — Disse Denise.

— Talvez você tenha o luzonar velocern, que tem como base o discernimento, já que você parece sentir isso. — Disse Luna.

— Eu tenho o que? Sério?

— Sim. É uma possibilidade. Não tenho certeza.

— Eu posso ter uma dessas luzinhas então?

— Bom, é como Sr. Natanael diz: “Você não pode forçar o resultado do seu luzonar, apenas viva naturalmente exercendo o seu dom. É natural para você.” — Disse Denise tentando imitar a voz dele fazendo as outras garotas rirem.

Samanta, então, pergunta: — Ravi, então onde está a última pedra?

— Martim e Lucas. — Ele respondeu ficando sério.

— Hum. Eles são verdadeiros vândalos. Não são flor que se cheire. — Disse Denise.

— Se eles fossem flores, já seria bom… quero dizer… menos pior. Imagina eles de florzinha? — Disse Ravi fazendo todos rirem.

— Como Ísis ajudaria? — Pergunta Samanta.

— Ela pediria para o pai dela fazer alguma coisa, mas não sei o que ele poderia fazer. — Responde Ravi.

— Bom! Então vamos fazer isso. Enquanto uns buscam as pedras, outros falam com os professores. O que acham? — Sugere Daniel.

— Boa, Dan. Eu já tive uma ideia de como podemos nos dividir. Ravi, Luna e Orion, acho que vocês podem ajudar a falar com os professores e tentar pensar numa história convincente. Nos mande mensagem quando definir. Os demais iremos falar com Martim e Lucas. — Disse Denise.

— Tem-tem certeza? — Disse Daniel preocupado.

— Sim. Eu e Samanta podemos tentar falar com eles, enquanto você pode fuçar nas mochilas deles.

— Tá… mas… mas eles nem respeitaram Ísis por ser uma garota. Jogaram ela no chão mesmo machucada.

— Vai ficar tudo bem, Daniel. Não nos subestime. — Disse Samanta piscando um dos olhos.

— Meus alunos queridos! O que vocês estão fazendo aqui?

Por uma incrível coincidência era o professor Carlinhos com alguém atrás dele.

— Vamos já para o pátio. Vamos fazer um aviso em 10 minutos! — Disse Carlinhos.

— 10 minutos? — Pergunta Luna pensando na contagem regressiva.

Ela olha para os outros e cochicha que não vai dar tempo de pensar em algo tão rápido assim.

Atrás do professor Carlinhos estava a bibliotecária Mônica, uma aliada.

— Ah, vocês estão aqui ainda? Encontraram nos livros o que poderia ter acontecido com os professores que não vieram? Ouvi dizer que alguém trouxe algo para eles comerem e dividiram com alguns alunos que estavam com…

— Mônica, como eles vão achar isso na biblioteca? — Interrompe Carlinhos quando Luna pegou qualquer livro na prateleira e viu um livro de botânica em suas mãos quando começou dizendo: — Sim, achamos aqui!

Luna encarava o livro inconformada com o tema botânica. Não sabia o que inventar com aquele livro nas mãos, por isso ela suava frio.

Carlinhos pede para ver o livro.

Todos se desesperam pensando que o plano já iria por água abaixo. Mas Ravi, que sabia cozinhar começa a dizer:

— Isso, tá na página 76, onde fala de um tipo familiar do manjericão que nasce perto do sopé da lendária Montanha Sagrada de Águas do Viana. Ele, além de raro, é levemente diferente, é por isto que o usam isso como forma de dar um sabor diferente ao chá, ou simplesmente a água. Possivelmente foi isto que eles tomaram ontem.

— Er… Ma-Mas pelo visto não foi só isso, né Ravi? Manjericão é conhecido para aliviar problemas intestinais, mas este fez o efeito contrário. Ao que tudo indica, era uma brincadeira de mal gosto de alguém. — Disse Luna tentando complementar com sua respiração controlada.

— Que suponho ser ideia de Martim e Lucas. Embora eles negariam até o fim. — Completa Orion deixando todos assustados com aquela improvisação.

Orion mexeu os lábios dizendo: “O quê? Só quis ajudar.”

Ravi e Luna já pensavam que não ia colar aquela história quando Carlinhos reflete em voz alta:

— Hum. Aqueles dois. Certo, vou perguntar a eles porque fizeram isso. — Disse Carlinhos fechando o livro.

— Para matar a aula hoje, né professor? Claro. — Disse Mônica se virando junto com Carlinhos para sair do local e ao olhar para trás pisca para os garotos.

— Claro, faz sentido. Vamos falar com eles antes e depois reunir a escola no pátio. Temos que confiscar as mochila deles. Fale para Joana retirar o chá da sala dos professores. — Disse Carlinhos saindo da biblioteca.

Daniel e os outros ficam assustados.

— Droga, resolvemos um problema e atrapalhamos o outro. — Disse Daniel.

— Calma, Dan… — Disse Denise.

É claro que ele ficaria calmo com Denise chamando ele assim.

— Terra para Daniel! — Era Orion fazendo graça com Daniel.

Denise percebeu e logo lembra da conversa mais cedo com Raíssa e fica constrangida e desvia o olhar de Daniel. Abaixando a cabeça começa a dizer gaguejando:

— É…que-quero dizer… Vo-você pode ir se oferecer para pegar as mochilas deles?

— Como? — Pergunta Daniel.

— Genial, Denise. Venha, seu tonto! — Luna puxa Daniel pelo braço até Carlinhos e Mônica que estavam a caminho da sala de Martim e Lucas.

Samanta comenta para Denise que Luna é muito boa, mas ainda não sabe.

— Professor! Professor! O Daniel teve uma ideia aqui… Eles não vão te entregar a mochila e vão dar um jeito de esconder se for verdade. Vocês podem chamá-los para ajudar a carregar coisas pesadas, porque eles gostam disso. E Daniel pode pegar as mochilas para você.

— Engenhoso! — Responde Mônica.

— Hum… De fato… Eles podem modificar as provas assim que eu insinuar suas mochilas. É um bom plano. Daniel, deixe em minha mesa as mochilas assim que os chamarem para interrogá-los.

— Ah… tá!

Enquanto isso, dentro da sala do 1ºC, Raíssa estava abalada sendo consolada por Clara e outras seguidoras dela.

— Elas são uns monstros! Me disseram coisas horríveis e não me deixaram obter a informação que precisava para você. — Disse Raíssa de cabeça baixa na carteira tentando forçar um choro um pouco mais exagerado.

— Calma, Raíssa. Eu sabia que Denise e sua panelinha era capaz disso. Ela é a rainha de gelo, afinal. Lembram?

— Clara… posso te perguntar algo?

— Sim, claro.

— Quando eu gostar de alguém, você vai me ajudar como estamos te ajudando?

— Hã? Quê? Ué, Raíssa… bom… É claro que sim. Somos amigas! — Clara ria sem graça.

— Mesmo? Que bom. Você me perdoa por não ter conseguido segurar o seu segredo?

— Raíssa, você conseguiu algo mais valioso. Daniel precisa saber quem realmente é Denise e você pode ser a pessoa que mostrará isso a ele. Ela o está enganando ainda. Tenho uma ideia. Se você deixar ele te ver triste por causa da Denise, talvez ele possa reconsiderar sua opinião sobre ela.

— Clara… Você é muito esperta! Mas ele não fala comigo por si só.

Clara pensa. Olha ao redor da sala e diz que já tem uma ideia.

Despertando

Enquanto isso, na sala do segundo ano, onde estudam Martim e Lucas, o professor Carlinhos está ali chamando os dois para ajudar a levar algumas ferramentas pesadas para a aula de Educação Física. No começo fizeram corpo mole, mas o professor Carlinhos, em sua perspicácia, disse que chamaria gente mais forte então.

Como os dois estavam meio abalados de não conseguirem se sentir fortes ultimamente, logo decidiram ajudar.

Luna e Daniel os vê saindo. E diz que ficará vigiando enquanto Daniel vai à sala pegar as mochilas.

Daniel entra super tímido, mas consegue enfrentar os olhares estranhos da sala. E da porta Luna dá cobertura dizendo em voz alta na sala: — Isso, Daniel, as mochilas do Martim e do Lucas que o professor Carlinhos tá pedindo.

Isso aliviou um pouco, deixando o ambiente já estranho, um pouco menos estranho. Daniel entra na sala e pergunta onde os dois sentavam para um garoto que só aponta o local para ele. Daniel pega e sai sem problemas.

— Não podemos ir ainda na sala dos professores com as mochilas. Se não eles vão estranhar e fazer perguntas. Pode nos atrasar. — Disse Luna.

— Mas onde podemos mexer na mochilas sem parecer suspeito?

Luna pensa um pouco e sugere a sala das faxineiras, que era perto da sala dos professores.

— Vamos lá. Vou avisar Ravi e Orion para encontrar a gente lá.

Enquanto estão no depósito das faxineiras, vão vasculhando as mochilas e conversando.

— Luna, eu não sei se é o melhor momento, mas me parece que você era uma boa ajuda para o clube Tangerina. Você é forte e esperta.

Luna fica sem reação, mas se sente impostora e diz:

— Eu só faço o que está a meu alcance, mas o que faço não é muito útil para o clube.

— Existem mais exilados do tipo… como posso dizer? Existem mais aliados independentes como você?

— Independente? Não sei se isso existe. Mas a gente, sonares, somos comunitários. Não vivemos sozinhos, porque a gente gosta de se misturar com tamanho, cor e idades diferentes. Todos se complementam e todos são feitos para servir um reino específico. Somos diferentes nisso dos humanos comuns e dos despertados pelo brasão imperador.

— O que é diferente? A luz e certas habilidades com som?

— Bom, um humano e um exilado que não despertaram corretamente pensam parecidos. Pense como se a gente fosse peixes. Mas por algum motivo, algo terrível fizesse a gente esquecer que éramos peixes. A partir daí pode imaginar a gente querendo andar em terra firme, ou até mesmo voar. Mas a verdade é que o peixe existe para nadar, dentro das limitações do mar. Quem não lembra que é peixe se põe em perigo constante por querer criar um mar que não existe, o mar em terra ou o mar no céu. Daniel… Isso é uma coisa muito importante para você refletir. É como se fôssemos peixes fora d’água com pouco tempo de vida. Uns querem voltar para o mar e outros não. Por isso chamam de sonares saudosistas o primeiro e o outro se chamam sonares autônomos.

— Nossa, onde você aprendeu essa analogia?

— Aprender? Ah, fui eu mesma que criei… eu só consigo entender as coisas complicadas assim. — Respondia Luna rindo de si mesma.

“Mesmo assim é incrível. Foi até fácil de compreender.” — Pensa Daniel.

— Chegamos! — Disseram Ravi e Orion.

— Bom, é bom que falo para vocês todos… Vocês viveram dormindo, entre aspas, por muito tempo, e é bem possível que o brasão imperador esteja ativo em vocês de forma tão natural que vocês não se entregarão a ser um simples peixinho. Você não verão como liberdade, mas como escravidão. Como dizia o mestre do Sr. Natanael: “Um peixe que quer ser pássaro, enxerga o mar como limitador, mas o peixe que sabe que é um peixe se vê livre num mar de possibilidades.”. Hum… talvez eu tenha tirado daí essa analogia.

— Então o mestre tem um mestre? — Pergunta Ravi.

— Er… Está mais para mago, mas isso é outra história. — Disse Luna.

— Mago? — Ravi fica com os olhos brilhando.

— Mas espera. A gente já está com esse trem de brasão imperador ativado na gente? — Pergunta Orion.

— Sim, vocês estão.

— Então podemos despertar duas vezes? — Perguntou Ravi.

— Não… Espera. Calma. Acho que não me expressei bem. O que nos exilou foi justamente o fato dos nossos antepassados terem ativado este brasão imperador contra a vontade do rei de Allumira. Quando o exílio acabar, somente os que não estiverem sobre o efeito dele poderão retornar, ou seja, sair do exílio. Então a gente tem esse, digamos, brasão venenoso ativo na gente. Mas, há muitos anos, muitos lutaram para tentar reverter a situação, mas era difícil lutar contra isso quando não se tem muitos brasões que “curam”. Ainda mais com o efeito da maldição do Guardião do Tempo que faz a gente esquecer a origem e o porquê de lutarmos. Eu sei que houve, no passado, alguém que saiu do Reino Allumira e tentou nos ajudar a lembrar. Ele, infelizmente, foi pego e dizem que ele morreu por isso, mas trouxe uma forma de limpar o brasão para vários reinos. Ele chamava de Brasão Sonar da Eternidade, ou Brasão Eterno. Ainda, os cientistas exilados não entendem como os brasões surgem, é um evento muito raro. Tanto que antes da batalha do Vale do Metal, era quase impossível encontrar brasões. Mas os cientistas sabem que você é despertado quando quebra um deles em sua mão. Se você reconhece ser um peixe do reino do mar, do reino de Allumira, então você desperta. E, possivelmente, quando o exílio acabar, você será readmitido. Do contrário, pode te deixar num sono mais profundo, mas com delírios de um exilado, misturado com os humanos comuns.

— Então a gente é tipo uma outra raça de outro planeta? — Perguntava Ravi novamente.

— Bom, não necessariamente. Sempre estivemos aqui no planeta com todos os tipos de humanos comuns, desde o começo de tudo, até onde sabemos. Mas depois que a família que originou a gente cometeu este erro no passado, o Reino Allumira se ocultou com algum truque potente. Me pergunto se é algo parecido com o que fazemos com o nosso clube. Não sei o motivo e toda a história completa.

— Luna, eu diria que você sabe muito da história toda, não é? — Disse Orion.

— Bom, essa era a única coisa que eu era boa no clube… O professor Miguel é quem sabe mais dessas coisas.

— Achei! — Daniel encontrou a pedra quando alguém surge e comenta.

— Uau, vocês acharam.

Todos se assustam percebendo que era Ísis atrás deles na porta.

— Agora vocês podem despertar e ser o que quiserem.

Luna confirma com Daniel se ela era Ísis, a filha do professor Carlinhos. Daniel confirma com a cabeça.

— Ah, eu vi. Aquele truque com metais é bem complexo. Quem te ensinou? — Pergunta Luna.

— Sim. Ele é, mas eu aprendi com minha irmã. Mas é bom saber que tem mais gente como a gente.

— Tenho minhas dúvidas. — Resmunga Luna emburrada.

— Acho que somos parecidas. Nós duas não nos encaixamos em nenhum clube.

— Você é invejosa! — Disse Ravi quebrando o clima em voz alta.

Ele pega a pedra sonar que Daniel achou e a quebra em sua mão.

— Ravi? — Grita Luna.

Ravi fica com as pernas bambas e sente um pouco de dor de cabeça e pergunta porque dói tanto.

— Calma, Ravi. Fique firme! Eu não sei porque isso dói, mas é assim mesmo. — Disse Luna tentando segurá-lo.

Daniel segura-o também enquanto Orion diz:

— Ou, você não devia falar assim com a Ísis, ela só quer ajudar.

— Eu vou morrer! — Grita Ravi, enquanto Luna tenta fazê-lo falar baixo.

Ísis impressionada com tudo, fica reflexiva. Ela tenta disfarçar sua reação, olha para o lado e dali vê que seu pai estava dispensando Martim e Lucas.

— Acho que é melhor saírem daí. Meu pai já deve estar vindo.

Todos saem às pressas dali, tendo dificuldades para segurar Ravi que se sentia estranho e sem forças. No meio do caminho Professor Carlinhos aborda-os:

— O que houve, meninos? Ravi está bem? Pegaram as mochilas?

Orion logo responde que Ravi está bem e que ele foi burro de tentar experimentar um pedacinho de um manjericão que tinha na mochila deles. Ravi, mesmo fraco, deu um cascudo em Orion que doeu até a alma dele.

— Hum, entendo. Então era a última prova que tínhamos?

— Ah, temo que sim professor. Sinto muito! — Disse Luna.

— Fo… Foi mal, fesso! — Disse Ravi ofegante.

— Filha, o que está fazendo aqui?

— Ah, nada pai. Só vim ver se precisavam de ajuda.

— Bom me entreguem essas mochilas. E, filha, preciso daquele livro que você encontrou. Traga o mais rápido possível para mim. Algo não está certo nisso.

O clima de repente ficou bem tenso quando Orion, Ravi e Daniel ouviram aquilo.

Próximo capítulo

Quando defender é preciso — Livro 1: capítulo 8

Créditos

Autor e ilustrador: Rodrigo Bino
Revisão de texto: Ana Maria Maia Dias

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