Descaído

Alieksandr Míchkin
Os iNdiotas
Published in
1 min readAug 21, 2019

Mergulhei,
à procura de um tesouro.
Em apnéia e braços em seta.
Olhos fechados, peito aberto.
Flecheiro. Agudo. Profundo.
Íntimo. Interior.

Apaguei,
nas vezes que julguei necessário.
Perdi os sentidos,
na tentativa de encontrar algum.
Em busca de uma pérola rara,
que indicasse uma essência de vida em mim.

Apeguei,
quase sempre, sem me dar conta.
Guardei o choro,
dum mundo inteiro nas costas.
Baú de memórias vivas,
insistentes, que carreguei sem pesar.

Despertei,
despido na espuma das ondas.
Náufrago, sobrevivente de mim.
Cônscio. Desperto. Plexo ensolarado.
Sedento por lamber nuvens.
Na vigília dos anjos e querubins.

Levantei,
sentindo o mascavo doce
do algodão das minhas asas.
Me reencontrei na decência
do acolher sombras e profundezas…
E alcei vôo.

Renasci e me deixei levar pelo vento.

(Alieksandr Míchkin — 21.08.2019)

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Alieksandr Míchkin
Os iNdiotas

Revisitando lembranças para mudar a visão do passado. Insistindo em acreditar que a idiotice é o caminho para a felicidade.