Linux Distros: os atrativos do Gentoo e do Arch

Domarys Correa
O.S. Systems
Published in
6 min readJan 27, 2022
Jovem de camiseta branca com listras azuis, olhando para a tela do computador que reproduz um terminal com várias linhas de código.

Hoje vamos falar um pouco sobre essas duas distribuições Linux que são as preferidas de desenvolvedores seniores, Gentoo e Arch. Por que elas? Por que quando se trata de eficiência e objetividade são elas que se destacam. Mas como nada na vida é de graça, em troca de um desempenho de alto nível e aquele upgrade na carreira, essas distros exigem mais tempo e dedicação em troca. E aí, será que vale a pena? É o que vamos descobrir…

No nosso último artigo falamos sobre os vários tipos de sabores que o Linux dispõe, inclusive citando várias distribuições e seus diferenciais. Aproveitando que estamos conhecendo as nuances linuxers juntos, hoje vamos falar um pouco das distros comumente utilizadas pelos usuários avançados: Gentoo e Arch.

Quem são? Por que usar? Como se comportam?

Hoje no Blog da O.S.Systems xD

Brincadeiras à parte, Gentoo e Arch possuem comunidades fortíssimas e embora não sejam distros indicadas para usuários iniciantes, ambas são muito bem documentadas e com um bom suporte. Ou seja, se você for iniciante mas tiver tempo e paciência, você terá todo material necessário para conhecer muito bem essas duas.

Mas chega de conversa, vamos ver o que essas duas distros têm que as fazem as queridinhas dos usuários mais experientes, a começar pelo Gentoo.

Faça do seu jeito com Gentoo

Queridinho daqueles que buscam eficiência, o Gentoo tem esse nome por causa do pinguim gentoo, conhecido por sua alta velocidade de nado. Isso representa bem o foco do Gentoo em eficiência e rapidez. O maior diferencial do Gentoo é o seu tipo de sistema de gestão de pacotes, que é o Portage. Pacotes são essenciais para o Linux, então sua manipulação é de vital importância, além de nos falar muito sobre a estrutura do sistema operacional. Esse tema é tão importante que em breve publicaremos um artigo sobre gerenciadores (nos siga para não perder!).

Com o uso do Portage, o usuário deve configurar e compilar os códigos-fonte dos programas no computador. Isso é mais trabalhoso? É sim, mas aí entra a principal qualidade do Gentoo: otimização. Como o código é compilado especificamente na máquina que irá utilizá-lo, a execução deste código terá uma otimização na velocidade.

E falando do Portage…

O Portage é o ponto marcante do Gentoo, sendo seu sistema de distribuição. Ou seja, é ele quem faz a instalação do sistema operacional Gentoo e é seu sistema de gerenciamento de pacotes. O Portage foi o sistema de portas usado por sistemas operacionais baseados em BSD (Berkeley Software Distribution). Devido a isso, a Gentoo disponibiliza milhares e milhares de pacotes prontos para instalar.

O Portage é considerado uma ferramenta versátil e poderosa, tanto que serviu de inspiração ao BitBake, uma ferramenta de build para cross-compilation de sistemas Linux para uso em embarcados. E levando em conta como na área de embarcados todas as escolhas são sempre muito bem pensadas, isso nos diz muito do Portage.

Benefícios

O nível de personalização oferecido pelo Gentoo dá ao usuário controle total sobre os códigos que sua máquina está executando. Ou seja, em troca do tempo e interesse dos linuxers (usuários do Linux xD) no Gentoo, ele oferece como recompensa um sistema muito eficiente.

Além das configurações pessoais, os repositórios dos pacotes de programas para o Gentoo sempre deixam bem claro as dependências necessárias e opcionais, permitindo que somente os arquivos estritamente necessários sejam instalados. Além disso, para muitas opções que a compilação local pode ser trabalhosa ou longa, existem opções com binários pré-compilados.

Não se preocupe com as formas de adicionar instruções e construir pacotes. Como este é o foco desta distro, além de ser bem fácil fazer isso também há muito suporte.

Curiosidade: como o Gentoo permite um altíssimo nível de configuração para o usuário, seus desenvolvedores não o definem como uma distribuição mas como uma meta-distribuição devido a toda essa potencial adaptabilidade

Keep it simple com o Arch Linux

Se o Gentoo é para quem quer fazer do seu jeito, o Arch é para quem quer se manter funcionalmente objetivo. A ideia é um sistema operacional minimalista, pragmático e ainda assim personalizável. No Arch muito é feito através de linhas de comando, como o uso do Pacman (o gerenciador de pacotes do Arch Linux), que por muito tempo era executado exclusivamente pelo terminal.

Por esse estímulo ao uso de comandos diretamente no terminal, ao invés do uso de mouse e interfaces gráficas, o Arch acabou ganhando a fama de ser uma distro para usuários mais experientes, ou com um nível de conhecimento mais avançado, embora possua extenso suporte aos seus usuários.

Essa objetividade do Arch fica claro já nas atualizações, que têm como regra geral mudanças específicas e mínimas, justamente para evitar que o sistema fique atualizando por longos períodos. Para isso, o Arch implementa o modelo de lançamento contínuo, onde não há versões completas e novas do sistema, apenas pequenas alterações necessárias lançadas em curtos intervalos de tempo.

Sendo direto com o Pacman …

Falando em atualizações, vamos voltar ao Pacman. Mesmo que o nome nos remete à franquia de jogos de grande sucesso da Namco, o Pacman aqui não é tão “cool” uma vez que se refere ao PACkage MANager. O Pacman foca nas alterações regulares de pacotes e na resolução de dependência, executando facilmente todas as operações de um gerenciador de pacotes, mas com foco em alterações menores.

Benefícios

Apesar da fama de ser uma distro difícil, a comunidade do Arch oferece um grande suporte à sua documentação, principalmente na ArchWiki. Então se você tiver interesse e tempo você vai encontrar todo o material que precisa para estudar e começar a usá-lo.

Além disso, é uma distro que prioriza a simplicidade como fundamento, por acreditar que normalmente sistemas mais simples tendem a funcionar melhor. Logo, em troca de muito empenho e aprendizagem, você terá em troca conhecimento e objetividade.

Curiosidade: o Arch Linux procura seguir o princípio de design conhecido como KISS (“Keep It Simple, Stupid!”). Esse conceito foi bem utilizado pela Marinha americana durante os anos 60.

Gentoo e Arch: custo x benefício

Tanto Arch quanto Gentoo são grandes distros com filosofias bem diferentes: Alto desempenho vs Poder e simplicidade. Nossa sugestão é que você experimente um pouco de cada. Se não para usar no seu dia-a-dia, para conhecer um pouco dessas famosas distros. A experiência com certeza vai exigir muito de você, principalmente no caso do Gentoo, mas garantimos que valerá a pena. Além disso, esta é uma excelente oportunidade de aprender mais sobre os sistemas operacionais e como eles funcionam.

Agora você deve estar se perguntando: Todo esse trabalho vale a pena?

Depende. Se você tem tempo e vontade de aprender sobre sistemas operacionais em um nível mais profundo, sim. Ou se você procura um sistema operacional sob medida, então este é o caminho. Mas se você procura por algo mais padrão, simples e pronto, então sugerimos que busque por outras distros. Você pode, inclusive, dar uma olhada nesse artigo, pois nesse caso, o Gentoo e Arch talvez não sejam as melhores opções.

Hoje paramos por aqui, mas em breve voltaremos para falar um pouco sobre gerenciadores de pacotes. Um tema super importante para quem está começando a se interessar pelo universo do Linux.

Fique com a gente!

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Domarys Correa
O.S. Systems

I am a computer scientist, a geek, rock music fan, terror games and movies addict, chocolate lover and the crazy cat lady.