Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer

Ainda não entendo porque me entrego a situações tão destrutivas afetivamente. Não sei porque gosto de me torturar com pessoas que não se importam comigo, nem de onde surge todo esse “prazer no desprazer”.

Quando comecei a terapia há exato um mês, apareci no consultório cheio de ansiedade, tristeza e muita bagunça. Desde então tenho buscado a melhora, e tenho sentido o efeito surgir aos pouquinhos.

Mesmo com a saúde mental sendo cuidada, me permiti então a uma possível reconciliação após um reencontro bombástico (que talvez apareça em outro texto). No começo estava tudo bem até o meu primeiro deslize, e desde então tenho sido torturado duplamente pelo que fiz e pela minha cabeça.

Somos todos falhos, mas alguns de nós gostam de insistir nos “erros”, e acabam aceitando uma série de coisas para evitarem o medo de ficar sozinhos. Não tem nada mais doloroso que se sentir sozinho em um mundo de amores líquidos. E por isso, a gente volta, a gente vai atrás, a gente alimenta esperanças de um futuro melhor com pessoas que não gostam tanto assim de nós. Seja na amizade, no amor, em qualquer campo, alimentamos relações destrutíveis para ter uma companhia, um apoio.

Até quando vamos nos permitir a essas situações? Talvez o amor que recebemos seja o suficiente, mas e toda a bagagem que vem junto com ele? Até quando vamos nos permitir que nos deem amor e pisem em nossa garganta? Tudo isso vale a pena? Vale a pena manter uma relação fracassada onde já não há mais o respeito entre ambos? Você realmente precisa desse “amor” para sobreviver? Por que você devolve a arma para que o bandido atire mais uma vez?

Certamente já escutou sobre o amor-próprio, postagens pedindo para se encher dele, a cura de todos os males. Eu sei que é difícil, mas não é impossível, a chama do amor-próprio está dentro de ti, o tempo todo, às vezes mais forte, e às vezes quase apagando. Encontre-a. Reconheça o seu valor, a sua importância, a sua bondade, a pessoa incrível que é, independente de qualquer classificação alheia. Não se torture mais, não aceite pouco, você é intenso(a) demais para isso, e merece o mundo todo. Lembre-se que a melhor relação que pode viver é entre você e você mesmo(a).