T01E04: Uma noite ainda pior

Rafael Balbi
Ouro e Glória
Published in
3 min readJul 25, 2017

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Dias 08 e 09 do mês de Leão, do ano da Graça de Corne de 1220

O Tempo Fecha

O grupo acampa e logo que se assenta em torno da fogueira, percebe ser observado à distância por um homem coberto em um manto escuro, segurando um cajado e montado em uma criatura similar àquelas que enfrentaram dias atrás, na caverna do barranco (s01e01).

A criatura abre suas asas e o homem alça vôo, indo embora, não sem antes levantar o cajado e, aparentemente, causar uma terrível mudança nos ventos, tornando a noite mais escura e a mata mais agitada.

Imenso Alvoroço

Todos voltam, ainda que temerosos, à rotina. Desireé, a elfa, pergunta a M. Boi Valente sobre Aika, recebendo longo sermão. Sebastião, já farto da floresta, pragueja e promete um dia derrubar toda aquela mata.

Quando todos começam a cair no sono, um imenso alvoroço na copa das árvores assusta a todos, que temerosos por ser alguma criatura imensa ou algum tipo de perigo sobrenatural, se refugiam em uma laje de pedra que encontram na subida da colina.

Assim que o movimento brusco na mata cessa, voltam ao acampamento, encontrando os ajudantes, Armin e Tromba-homi, se borrando de medo, agarrados a árvores troncudas. Parece que fora apenas um grande alvoroço.

Árvores Ambulantes

O grupo volta ao acampamento, ainda mais incomodados com os barulhos na mata. A agitação da noite parece não dar trégua aos que precisam descansar e Zé Fernando pode jurar que algumas árvores já não se encontravam mais no lugar em que estavam antes.

Com medo, todos resolvem deixar o local e retroceder.

Uma Clareira Nefasta

Tentando fazer o mesmo caminho que fizeram até ali, o grupo retrocedeu algumas horas, madrugada adentro, colina abaixo, e chegou finalmente na clareira onde morrera Kendel. (S01E03)

Ouvindo o zumbido de alguma criatura que estaria a rapinar o corpo do esquilo que ali abateram (S01E02), se encaminharam para o centro do espaço iluminado pela lua, sem se dar conta que era o território de caça das mesmas criaturas que abateram a ladra.

Foram atacados de surpresa e, na luta com os seres alados, meio morcegos, meio mosquitos, pereceram M. Boi Valente, com um deles sugando seu sangue através de uma perfuração no pescoço, Tromba-homi, que correra em sua ajuda, com uma perfuração bem no meio do peito pelo bico pontudo de outro destes seres, e Sebastião, que acabara de retirar em segurança da clareira Desireé, mas teimara em batalhar.

Sobraram Zé Fernando e a elfa, que partiram para a vila élfica de Shadell em busca de trégua dos perigos da Beirágua.

O soneto de Armin

Outro que restou, Armin, perdeu o controle e saiu correndo pela floresta, a ponto de perder a razão e se perder. Quando finalmente assentou, sentou sem esperanças num toco de árvore e passou a dedilhar seu alaúde, recitando um soneto.

Enfim depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo

Eis que ressurge noutro
Um velho amigo
Nunca perdido
Sempre reencontrado

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contem o olhar antigo

Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica…

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