Vale a pena criar um mascote pra minha empresa?

Eriwelton Paz
Outgo
Published in
5 min readDec 20, 2018

Sadia, Cheetos, Sucrilhos Kellogg’s, Michelin, M&Ms… tenho certeza que a maioria desses nomes te lembrou, antes dos próprios logos, dos mascotes que os representam. Mas afinal, como é que surge a ideia de um mascote? Seria mesmo o mascote a solução ideal para a minha marca? Neste artigo, vou explicar um pouco do processo criativo do Otto, mascote da Outgo, e discutir se você deve ou não utilizar essa estratégia.

Um mascote é a extensão da sua marca; o personagem deve falar pela empresa, se tornando mais que um símbolo visual do produto. Algumas instituições, hoje, já usam o personagem em primeira instância, pois reconhecem que a figura tornou-se um símbolo essencial da marca.

A criação do Otto para a Outgo veio com o objetivo de tornar a experiência do produto mais divertida e amigável. Sendo assim, pensamos em um personagem que pudesse trazer uma experiência mais afetiva durante a compra de ingressos ou criação de eventos.

Após definir os objetivos, o próximo passo foi de analisar como outras empresas fazem uso dos seus mascotes em plataformas web, como o Trello e o Mailchimp, para compreender em que contextos são utilizados, assim como os diferentes tipos de estilos gráficos utilizados nesse tipo de ilustração.

Mascotes do Trello e do Mailchimp, respectivamente.

Assim, decidimos que esse personagem precisaria ser adaptável, assumindo a persona de alguém que curte sair da rotina e procura eventos para se divertir ou até mesmo explorar coisas novas. Ao mesmo tempo, precisaria carregar consigo os principais valores da marca: descontraído, antenado, colaborativo, prático e atencioso.

Definir a persona nesta etapa é importante, pois interfere diretamente no formato e postura que ele será ilustrado. A forma comunica a personalidade de diferentes maneiras, traços mais circulares podem comunicar inocência, empatia, por isso são mais simpáticas que formas quadradas ou pontudas. Claro que isso não é uma regra, mas possivelmente seu personagem se torna mais carismático quanto mais redondo for seu rosto. Com isso, começamos a rascunhar várias possíveis formas, tentando fazer com que sua silhueta lembrasse o logo da Outgo. O que nos leva a outro aspecto que merece atenção: silhueta.

A silhueta é um fator muito importante para que o personagem seja lembrado. Muitos personagens se tornam facilmente reconhecidos por seu formato único e original definido pela silhueta. Exemplos como o Mickey, com três círculos simples, ou o Goku, com aquele cabelo impossível que parece um cacho de banana, são características que tornam o personagem singular. Por isso, durante o desenho das formas, é interessante pensar também se o seu personagem será reconhecido pela silhueta.

Durante esse processo de definição das formas, testamos as cores. Vale lembrar que o Otto foi feito principalmente para compor o site e aplicativo, então as cores precisaram ser distribuídas para se adequar ao contexto web sem deixar as páginas confusas ou tomar toda a atenção na tela e acabar atrapalhando a experiência do usuário. Abaixo temos alguns testes de cores com uma das primeiras versões do processo de criação do Otto.

Por fim, organizamos um manual de uso, com todas as especificações de cor, os diferentes lados e expressões do Otto, assim como as diferentes formas que ele poderia assumir. O objetivo é que o personagem consiga se adaptar aos diferentes contextos de eventos ou possa ser criado outros personagens secundários seguindo o estilo do Otto. Agora o personagem está pronto para ser publicado e adaptado para os diferentes contextos do produto! \o/

O processo criativo de um mascote é muito próximo da concepção de um logo, pois ambos têm a função de representar a marca, sendo o mascote uma versão mais humana que se aproxima do cliente e age como interlocutor entre o produto e o usuário.

Mas afinal, eu preciso de um mascote para agregar valor a minha marca?

É bastante comum ouvir alguém querendo um personagem original na sua empresa a fim de tentar inovar, quando muitas vezes pode ser um tiro no pé. Isso acontece quando o produto tem a necessidade de manter uma aproximação com seu público, mas se enganam ao pensar que o mascote é sempre a solução. É preciso considerar tanto o público-alvo quanto o produto para cogitar a necessidade de dar voz à uma figura de divulgação.

Um mascote, em sua maioria, assume um perfil descontraído, irreverente, jovial. Usar essa estratégia com uma empresa que tem um produto sofisticado, ou com algo que precise comunicar segurança, como um banco ou uma empresa de vigilância, pode soar incoerente e acabar causando estranheza para o público. O ideal é buscar outras estratégias que possam trazer esse apelo emocional.

É evidente que muitas empresas estão utilizando recursos ilustrativos para deixar seu produto mais divertido e original. Algumas plataformas web, como Uber ou Facebook, não utilizam personagens específicos, mas utilizam ilustrações com estilos gráficos marcantes, que por si só tornam-se parte da marca. Essa é uma outra maneira de tornar seu produto mais agradável sem perder a sobriedade ou solidez que ele precisa comunicar.

Exemplo de ilustração da Uber, paleta de cores bem definida e estilo gráfico marcante.

Como podem ver, criar um mascote não é um processo simples: merece atenção e planejamento desde seu estilo gráfico à sua personalidade. Se não for feito de maneira profissional, pode acabar virando o próximo meme na internet. Ter um personagem original, bem planejado e coerente com sua marca, pode ser um diferencial que garante o seu sucesso no mercado.

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Eriwelton Paz
Outgo
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Ilustrador na Outgo, graduado em Design pela UFRN.