Tanto

Leandro Godinho
outras cousas
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3 min readMar 17, 2016

Eu estava de joelhos no chão do banheiro feminino com o meu nariz enfiado em meio a suas ancas e a boca lhe chupando o grelo quando percebi que seria ruim não foder Taís todas as noites daquele mês de agosto em que teríamos que deixar a janela do meu quarto aberta e torcermos pra chuva não molhar o quarto porque Jéssica havia levado o aparelho de ar-condicionado na mudança. Ela abriu as ancas com as mãos para eu lhe chupar mais fundo e assim gozou, o mormaço lhe subindo do ventre onde o sexo escorria para a minha goela a contaminar seus batimentos cardíacos e logo dilatar seus mamilos, aquela brisa então sendo expelida de seus pulmões e quando ganhava a laringe tomou à força a língua e seus lábios que deixaram o mormaço escapar para a atmosfera sob a forma de um gemido longo e fundo que afinal se articulou num palavrão. Caralho, ela dizia, caralho, ela repetiu com a cabeça grudada no azulejo da parede e olhos cerrados.

Ela deu um passo para o lado e então se sentou na privada com as pernas abertas e imediatamente deu uma longa mijada, enquanto eu me sentei no chão a seus pés, recostado à parede. Nós dois nos olhávamos e nada dizíamos, talvez porque ambos sorríamos inconfidentes foras-da-lei e ofegantes. Fechei os olhos por um instante e dentro da minha boca, descendo a garganta e empapando a gengiva fermentava o sabor de Taís que se misturava ao doce cheiro de cu que respirei enquanto chupava aquela mulher. Ela tinha terminado o xixi e já começava a se arrumar para sair de dentro daquela cabine e fiz o mesmo, me colocando de pé.

Ela deixou o banheiro antes de mim, se juntando a seus amigos dentro daquela festa recheada de jovens que eram magros o bastante para usar calças que apertavam nas canelas e mesmo assim dançar. A última vez que eu havia dançado em público eu sequer havia conhecido Jéssica, que certamente deve ter se dado conta disso naquela noite em que me xingou de imbecil e recalcado; naquela noite em que após me ofender pegou um retrato nosso que adornava o móvel da tv da sala e tacou no chão, despedaçando a moldura; naquela noite em que após ter me ofendido e destruído um símbolo daquilo que um dia fora o nosso amor se ajoelhou no meio da sala para chorar e disse pra eu nunca mais encostar nela, nunca mais; Jéssica certamente deve ter lembrado que eu nunca havia dançado em público com ela em mais de 4 anos de namoro. Eu caminhei para fora do banheiro das moças embriagado de Taís e ignorei que um par delas me xingava ao se darem conta de quem havia interditado uma das cabines por minutos.

Eu havia perdido Taís de vista mas estava tranquilo mesmo assim, então caminhei até o bar onde comprei uma cerveja e dali segui por entre aquela molecada com meu passo trôpego, porém resoluto. Avistei um pedaço de parede ideal para me recostar e me isolar no meio da turba, os olhos perdidos e frouxos dentro de mim. Taís ressurgiu na pista de dança e me deixei flutuar em direção a seus cabelos escuros e cheios de caracóis, a cerveja descendo com o gosto dela junto do torpor etílico e o corpo que acompanhava a música na pista dançando também dentro da minha imaginação mas não naquela boate que cheirava a mofo e nem nos azulejos que nos testemunharam mais cedo, dançava sobre mim, se oferecia inteira e noturna, sorria para me beijar e dizia dentro dos meus ouvidos caralho, repetindo como se ainda não fosse crível, caralho.

Quando a cerveja terminou eu caminhei direto para a pista e de volta para Taís. Fazia tanto tempo que eu não dançava.

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