Esqui como esporte

Carolina Rodriguez
Outras matérias
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12 min readJan 13, 2020

Esquiar é mais do que um esporte, já que diverte ao mesmo tempo. No começo, pode parecer complicado para quem não tem o costume de fazê-lo. Apesar disso, existe muito mais nesse esporte do que simplesmente descer por uma montanha de neve.

Possuindo um equipamento próprio, os primeiros sinais do esporte apareceram em desenhos feitos em rocha de 4.500 anos atrás, em Rodoy, Noruega. Antes, era feito com pedaços de pau. Os desenhos foram encontrados em outras cidades da Suécia e da Rússia, mostrando que era muito popular antigamente nos países com neve constante.

Sempre praticado em países de clima frio, os pedaços de madeira utilizados eram muito difíceis de serem controlados, o que ocasionava quedas e acidentes. Antes, não havia nem mesmo teleférico, de modo que os praticantes eram obrigados a gastar energia subindo a montanha que desejavam descer.

Apesar disso, é considerado um esporte de fácil aprendizado e seguro, o que faz com que sejam encontradas desde crianças de 3 anos até pessoas idosas praticando-o regularmente. Por conta de sua diversão e seu desafio, se tornou bastante popular nos dias de hoje, se tornando uma modalidade dos Jogos Olímpicos.

Diversas cidades com um rigoroso inverno se expandiram por conta da criação das estações de esqui, que atrai um número cada vez mais de adeptos hoje em dia. Os brasileiros, em especial, tem procurado cada vez mais se aventurar pela neve.

O esqui conta com diversas modalidades que podem ser vistas até mesmo nos Jogos Olímpicos como esqui alpino, esqui Telemark, esqui nórdico, esqui de fundo, entre outros. Para realizá-lo, normalmente são utilizados dois esquis, um preso em cada pé, e dois bastões, um para cada mão.

Os Jogos Olímpicos de Inverno tiveram início no ano de 1924, como “Semana Internacional dos Desportos de Inverno” e, após dois anos, em 1926, ganhou status de Jogos Olímpicos. Sendo disputado a cada 4 anos, o esqui ganhou destaque no evento também por estar cada vez mais popular.

A Ride and Smile trouxe algumas modalidades importantes que tem chamado mais atenção a cada ano, além de mostrar onde podem ser encontradas as melhores estações de esqui que existem.

O Esqui Alpino

O esqui alpino tem esse nome por ter sido praticado pela primeira vez nos Alpes alemães.

Sendo mais uma modalidade do esporte, o esqui alpino foi introduzido no calendário olímpico em 1936, quando foi realizada uma prova combinada nas olimpíadas de inverno, feita na edição de Garmisch-Partenkirchen na Baviera, Alemanha. Foram realizadas duas provas combinadas: uma para homens e outra para mulheres.

Devido ao cancelamento dos Jogos Olímpicos de 1940 e 1944 por conta da Segunda Guerra Mundial, a modalidade retornou em 1948, com seis provas. Neste ano,o evento também teve a inclusão do downhill e do slalom, dentro dessa variação de esqui. As provas das categorias downhill e slalom passaram a valer medalhas separadamente já em 1948.

Porém, a prova combinada foi excluída da programação quatro anos depois, dando lugar ao giant slalom. O esqui alpino só retornou para as olimpíadas de inverno em 1988, quando também iniciada a disputa do super-G.

Os jogos olímpicos também serviam como o campeonato mundial desse esporte e era somente realizado por profissionais que participaram desse campeonato. Somente a partir de 1985 que o esqui alpino começou a ser realizado de forma independente e por diversos esportistas.

A modalidade de esqui é uma evolução do esqui cross-crountry e foi desenvolvida uma estrutura para poder levar os participantes de volta ao topo da montanha, podendo desfrutar do esporte inúmeras vezes sem gastar tempo e energia com a subida.

O país que mais possui o domínio das provas de esqui alpino é a Áustria, que tem o maior destaque da modalidade em toda a história do esporte. O país já conquistou 77 medalhas, sendo 24 de ouro. Em segundo lugar vem a Suíça, com 40 medalhas ao total, seguida pela França, com 37 medalhas.

O esqui alpino é mais uma variação do esqui, onde o participante deve realizar uma descida em alta velocidade, passando por pontos obrigatórios e pelo meio de algumas marcações que são feitas ao longo do percurso, com o menor tempo possível. Quem realizou a descida em menos tempo, é o vencedor.

Por si só, o esqui é um esporte que tem mais de 150 de existência e ganhou força no início do século 20. Seu destaque veio por conta do aparecimento das estações de esqui e teleféricos, que evitaram o desgaste de subir a montanha a pé, além de causarem a diminuição de acidentes.

A modalidade foi disputada nos Jogos de Inverno de 2018, em PyeongChang, na Coréia do Sul. Neste ano, foi inaugurada uma nova categoria de esqui alpino, o esqui alpino em equipe. Funciona da mesma forma que o tradicional, mas com trajeto mais longo, porém com o revezamento entre atletas de uma mesma equipe.

O equipamento a ser utilizado para a prática do esqui alpino é o básico de proteção para todas as outras modalidades — roupa acolchoada, protetores de coluna, capacete e óculos. Contudo, os esquis e os bastões de apoio podem ser mais curtos ou mais longos, variando de acordo com o vento.

A diferença entre as categorias faz com que o equipamento usado pelos atletas mude de acordo com a que será praticada. Os esquis de downhill e de Super-G, por exemplo, possuem mais de dois metros de comprimento. Os capacetes também possuem diferenças e são semelhantes aos capacetes de futebol americano, para prevenir choques com os obstáculos.

No caso da categoria Downhill, os esquis são mais longos e largos para propiciar uma maior velocidade, da mesma forma que os bastões mais curvados auxiliam na redução da potência para realizar curvas ou evitar quedas.

Em compensação, na categoria slalom gigante, em que é preciso mostrar agilidade, os esquis são mais curtos e possuem cortes laterais para ajudar nas curvas. Os esquis dessa categoria possuem uma altura a partir de 1,88m para mulheres e 1,95m para homens. J

á no slalom tradicional, a altura varia de 1,55m para mulheres e 1,65m para homens. Os bastões das provas de velocidade são retos e possuem uma proteção na região em que o esquiador segura para ajudá-lo na hora de chocarem com algum obstáculo, tirando-os do caminho.

O principal desafio dos praticantes do esqui alpino é controlar a velocidade na descida. Para fazer isso, é necessário conhecer e dominar a técnica de esqui downhill, que nada mais é do que o controle da velocidade ocasionado por alteração da posição corporal entre esquerda e direita.

Na categoria de downhill, as passagens obrigatórias e os pontos de marcação estão mais distantes entre si, permitindo que o participante atinja mais de 120 km/h. No entanto, as passagens e os pontos demarcados no percurso vão se aproximando gradativamente na categoria slalom super-G, no giant slalom e no slalom — também chamado de slalom especial — respectivamente.

Ao final do percurso, vence o atleta que tiver a menor soma de tempo em uma descida de downhill e uma de slalom especial.

Categorias

As provas do esqui alpino são dividas por gênero, de modo que tem a bateria feminina e a bateria masculina em cada uma das categorias. Hoje em dia, são 10 provas no total e 5 categorias.

A diferença entre cada uma das categorias é o tamanho da pista e a inclinação do percurso, e quantas vezes o participante pode descer a montanha para fazer seu melhor tempo. Em algumas categorias o atleta possui duas chances.

Confira a seguir:

Downhill: dividido entre masculino e feminino, é a prova que tem o percurso mais longo de todas as categorias. Os atletas atingem a maior velocidade possível durante a descida, ficando em torno de 120 km/h. Cada participante tem direito a apenas uma descida e aquele que realizá-la em menos tempo, fica com o título.

No maior dos percursos pode chegar até a 150 km/h, sendo a mais veloz de todas as provas do esqui alpino. Cada atleta sai sozinho do local de starter, no topo da montanha. No momento em que o participante sai do starter, é disparado o cronômetro.

A prova consiste em um trajeto sinuoso, com uma largura de em média 30m. Possui curvas mais abertas e saltos, com ou sem obstáculos, até cruzar a linha de chegada. Cada participante tem a sua classificação determinada pelo tempo e pela performance, sendo que uma queda durante o percurso o desclassifica.

O trajeto masculino costuma ser um pouco mais desafiador do que o feminino, mas isso não exclui o mérito das atletas de conseguir terminá-lo.

Slalom: também dividido entre masculino e feminino, talvez seja considerada a prova mais difícil deste esporte. Por ser praticada em uma montanha mais baixa, o espaço de passagem entre os pontos obrigatórios e os obstáculos é menor do que o normal.

A categoria conta com a possibilidade do atleta realizar duas descidas e o resultado é a soma de ambas para determinar o campeão.

Sendo a prova mais técnica do esqui alpino, o participante desce a montanha em zigue-zague, passando bem rente às várias bandeiras ou portas colocadas ao longo do percurso, tendo um espaço menor para realizar as manobras. Por conta da distância ser menor, cada queda ou erro de porta pode acarretar na eliminação.

A classificação é, assim como o downhill, a soma do tempo de duas baterias. Porém, somente os 30 melhores atletas com os melhores tempos da primeira descida participam da segunda descida.

Slalom gigante: apesar de ser uma versão similar do slalom, possui menos obstáculos do que a categoria anterior. O atleta tem direito a duas descidas, porém, cada uma tem seu percurso próprio, sendo diferentes entre uma e outra. Contudo, a distância permanece a mesma.

Novamente, somam-se os pontos das duas descidas e aquele participante que tiver realizado os dois percursos em menor tempo, é o vencedor. Também é divido entre feminino e masculino.

Slalom super gigante: essa categoria combina a velocidade do downhill com a agilidade requerida no slalom. Dividido entre feminino e masculino, o atleta tem apenas uma chance de realizar essa prova e aquele que realizá-la em menor tempo, é o campeão.

A diferença do super gigante para o gigante e o modo normal é o tamanho da pista, que vai aumentando gradativamente em cada categoria.

Super Combinado: a última categoria nada mais é do que a junção entre as duas modalidades de esqui alpino. Consiste em uma descida de downhill, seguida de duas de slalom. Para saber quem é o vencedor ou a vencedora de sua bateria, soma-se os tempos das três descidas. Quem fizer em menor tempo total, ganha.

Equipes mistas: sendo uma nova categoria vista pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de 2018, tem como formato o slalom gigante paralelo, em que dois atletas (um de cada equipe) partem ao mesmo tempo e fazem um percurso idêntico. O percurso é sinalizado um por bandeiras azuis e outro por bandeiras vermelhas. O atleta que chegar primeiro ao fim da descida dá um ponto para sua equipe.

Em caso de empate, cada equipe leva um ponto. A categoria conta com 4 descidas (duas feitas por homens e duas feitas por mulheres). A equipe vencedora é a que tiver mais pontos ao final da prova. Porém, Se ao final dessas quatro descidas estiver empatado, o melhor tempo masculino e o melhor tempo feminino de cada equipe são somados e a equipe com o menor resultado é a vencedora.

O esqui de Telemark

O esqui consta com mais modalidades além do esqui alpino e uma delas é o esqui de Telemark. Essa modalidade do esporte é praticada por um pequeno grupo de entusiastas vindos de todas as partes do mundo.

O Telemark nasceu no ano de 1825, inventado por Sondre Norheim, que é considerado o pai do esqui moderno. O nome dessa modalidade de esqui é em homenagem a uma região da Noruega chamada Telemark, cidade onde Sondre realizou o estilo pela primeira vez.

Diferente do esqui alpino tradicional, é considerado uma maneira mais rítmica e fluida de descer uma montanha, como se o esportista estivesse dançando. Além disso, o equipamento necessário para praticar essa variação do esqui também se diferencia dos demais.

Devido a comercialização do esqui recreativo e a expansão dos resorts e estações de esqui, a técnica do esqui de Telemark se restringiu a um grupo seleto de praticantes. No ano de 1950, a modalidade foi praticamente extinta. Contudo, a década de 80 resgatou esse estilo de esquiar, fazendo com que atualmente tenha se tornado praticado em muitos centros de esqui da Noruega.

Já no final do século XIX, o esqui de Telemark se torna muito popular por conta das competições que foram realizadas especialmente para esse estilo. Entretanto, no início do século XX, é mesclada uma técnica do esqui alpino com o Telemark, na qual o calcanhar deixa de ser fixado no equipamento na hora de fazer o percurso.

Essa técnica só voltou a ser praticada na década de 70, vista novamente na América do Norte. A técnica tem como característica proporcionar maior liberdade de movimentos e também um maior desafio, devido à sua complexidade. Por conta do calcanhar não estar fixo à prancha, é necessário que o praticante dessa modalidade de esqui quase se ajoelhe sob o equipamento para realizar as curvas.

Os especialistas alegam que a prática do Telemark de tempos em tempos pode ajudar muito a melhorar a técnica de esqui alpino, por exemplo.

Características do Telemark

Para realizar uma manobra no estilo de Telemark, é preciso se atentar a dois pontos que são suas características básicas.

1. A postura

Verifique sua postura, dobrando um pouco as pernas para que os joelhos passem na frente dos dedos dos pés, como se fosse agachar. Coloque as mãos na frente e levante a cabeça, mas mantenha as costas ligeiramente curvadas como se estivesse indo abraçar alguém que está distante.

2. A virada

Para realizar uma curva, comece deslizando com esquis paralelos e os mantenha na mesma largura dos ombros, afastados. Como se fosse dar um passo, “atrase” o pé direito até que fique atrás de seu quadril, levantando o calcanhar enquanto desliza o pé esquerdo para frente.

3. O fim

Para compensar a curva e ajeitá-la, afunde um pouco o centro dos esquis, dobrando e abaixando os tornozelos, os joelhos e os quadris. Tente manter o peso bem distribuído, uma vez que isso afetará diretamente o seu equilíbrio. Mantenha o tronco na direção da ladeira para que não esquie morre acima.

Apesar de existirem diversas modalidades de esqui, o esporte deve ser praticado na pista correta. Existem diversas estações com pistas especializadas em níveis e modalidades específicas.

Ski em Davos e Klosters

Dentre todas as estações de esqui, as mais famosas talvez sejam as encontradas em Davos e Klosters, na Suíça. As duas cidades são famosas por sediarem, em conjunto, o anual Fórum Econômico Mundial, além de suas estações de esquis que atraem os olhares mundo afora.

A estação de Klosters se tornou um destaque depois que o Príncipe William e Kate Middleton foram vistos esquiando por lá no início de seu relacionamento. Apesar disso, não deixa de ser um ótimo destino para quem quer se aventurar pela neve.

Davos é uma cidade que tem uma das maiores extensões esquiáveis dos Alpes, sendo dividida em 7 áreas: Parsenn, Gotschna, Jakobshorn, Pischa, Madrisa, Schatzalp e Rinerhorn.

A área mais popular é a de Parsenn, que é ligada à estação de Klosters, já que as cidades são vizinhas. Para quem pratica snowboard, a área de Jakobshorn é a mais indicada, por conta dos seus half-pipe e monster pipe.

A cidade de Davos é considerada uma das melhores estações do país, já que oferece condições de esqui tanto para iniciantes quanto para experts. Suas pistas são as mais altas da Europa, além de serem as mais antigas também.

Quem já tem prática e está no estágio avançado do esporte, pode encontrar as melhores descidas na base das montanhas em Davos , que são mais íngremes.

Estão a disposição mais de 300 km de pistas para snowboard, 750 km de pistas para esqui nórdico, 75 km de trilhas para os praticantes de cross-country, 2 ringues artificiais de patinação no gelo e 3 pistas de trenó. Também oferece o maior ringue de patinação no gelo natural da Europa.

Muito popular no inverno, é possível encontrar diversos pacotes de viagens que tem como foco a estação de Davos, já que existem diversas atividades além de esquiar. Assim, é possível fazer programação de dias para aproveitar tudo o que tem por lá.

Além das atividades no gelo, Davos também oferece um grande certo desportivo com piscina coberta, sauna e postas de atletismo, assim como um museu de esportes de inverno. Possui mais de 70 restaurantes, de todos os tipos e gostos, bares de jazz, nightclubs, discotecas, museus e cafés. Os teleféricos da cidade também são um show a parte.

Por sua vez, em Klosters mais de 30% de suas pistas são pretas, ou seja, para quem já domina o esporte ou para quem quer se arriscar um pouco mais. Há várias pistas longas, sendo a maior delas Weissfluhgipfel, com 12 km, de categoria vermelha e preta.

Se for um iniciante, intermediário ou não estiver seguro de suas habilidades como esquiador, o melhor é evitar essas pistas e ir acompanhado caso decida enfrentá-las.

A diferença entre as duas cidades é que enquanto Davos tem cara de cidade grande, Klosters costuma ser mais procurada por conta de sua aparência de vilarejo, sendo um lugar mais reservado e tendo acomodações luxuosas e restaurantes gourmet.

Ambas possuem os mesmos acessos de áreas, sendo que as pistas que vão para o vilarejo de Kloster são consideradas melhores por conta da quantidade de neve.

Além do esqui, as cidades possuem outras atividades, até mesmo para crianças. Em Davos, instrutores para iniciantes podem ensinar crianças a esquiar. Assim, é preciso passar mais de um dia nas estações para que seja possível aproveitar tudo o que tem a oferecer.

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Carolina Rodriguez
Outras matérias

28 anos, jornalista e técnica de museologia. Música e escritora de ficção nas horas vagas.