Você não quer saber

Jéssica Motta
Outro desabafo
Published in
4 min readSep 5, 2013

--

Tava observando o comportamento geral das pessoas ao longo da semana e é bem interessante.

Na realidade, todos os padrões comportamentais são muito interessantes pra mim. Só não fiz psicologia pro meu diploma não ser um atestado em escrito da minha insanidade mental. Já tenho atestados práticos aí, todos os dias.

Tem quem reclame de segunda a segunda. Tem quem não reclama nunca. Tem quem reclame em gráfico xy, de segunda-feira até a sexta, chegando ao total de 0 reclamações no final de semana.

Percebi que eu, primeiramente, reclamo o tempo inteiro. Fato. Mas minha reclamação faz parte de uma expressão que eu inventei pra exorcizar meus demônios. Minha relação com o que eu falo e como eu me sinto é extremamente direta. E na verdade ainda estou aprendendo a lidar com ela sem afastar todo mundo de mim, porque na realidade: porra ninguém é obrigado.

Daí percebi que eu, em segundo lugar, reclamo menos, ou de coisas menos importantes, durante a semana, e mais, no fim de semana. Por que? Explico.

Descobri que a minha vida é meio que separada em fases e categorias. Todo mundo deve ser assim, mas o blog é meu, e teoricamente blogs são feitos pra falar de si até não poder mais. Até porque, lê quem quer.

Cada fase que eu passo, levo os aprendizados que consigo; o máximo que eu puder carregar sem acabar com cãibra generalizada de tanto tentar abraçar o mundo com as pernas.

Aliás, coisa que adoro (tentar) fazer, mas toda vez que abro as pernas pra abraçar o mundo, ele leva na maldade e acaba me fodendo.

Vou passando pelas fases, cada vez mais lanhada, achando que não agüento a próxima, mas quando vê, a parte difícil passa, e eu começo outra fase, mais apaixonada pela vida. Não parece, mas eu amo a vida. Sou daquelas pessoas irritantes que reclama o tempo inteiro dela, mas na verdade ama. Tipo mãe de filho pré-adolescente.

Quando descobri as categorias da minha vida, ela ficou um pouco mais fácil de lidar. Como quando a gente descobre um bom programa pra separar as play lists do computador. Separando problemas, prós e contras, por categorias, é mais fácil resolver e aproveitar o que já se resolveu.

Tive essa sensação de que reclamo menos durante a semana, do nada. Observei isso e fiquei na espreita.

É tão engraçado a gente ir se descobrindo ao longo da vida. Esse pra mim é o teto mais teto de viver (e essa frase ganha aí o prêmio de mais bem construída do blog).

Descobri que reclamo menos, porque me sinto tão realizada academicamente e profissionalmente que vivo mais feliz durante a semana. Enquanto, no fim de semana, sou obrigada a lidar com partes muito mal resolvidas, como amor, amizade, vida social, família, minha dieta, ser bonita, ser magra, ser interessante, serzzzZZzzzZZZz.

Muito simples isso, mas pra mim foi doido me deparar com esse fato. Não que eu seja a pessoa mais bem sucedida do universo, eu simplesmente me achei na profissão, e a sensação é muito boa. Posso morrer de desgosto, mas de fome, jamais. Até porque levaria aí uns anos pra eu emagrecer tudo até morrer.

Agora, em categorias pessoais, o buraco é mais em baixo. Nem sei, às vezes prefiro não tentar entrar afundo no mérito, eu com meus botões, pra não me dar conta do quanto essa parte ta bagunçada. Como disse anteriormente, tento, mas não consigo, entro no mérito o tempo todo, principalmente, nos fim de semana.

A maior batalha da minha vida pessoal é decidir o que aceitar e o que lutar pra mudar. Pasmem, isso é muito difícil. Desistir das coisas pra mim é muito difícil. Me conformar, impossível praticamente. Essa coisa de foda-se na teoria é linda, mas se faz graduação pra isso ou o que? Não nasci sabendo.

Não me refiro só a amores e afins, amizades também, como são complicadas e não deveriam ser. Coisas gratuitas que eu olho e não entendo. Problemas em geral, graves ou não. Amigos que começam a namorar e já não podem fazer as mesmas coisas. Amigos que falam mais ou menos que a boca. Amigos que preciso manter, mesmo eles brigando entre si. Amigos que são e amigos que na verdade nunca foram.

Muita coisa doida acontecendo e eu crescendo, tentando tirar proveito de cada minuto. E sobra tempo pra reclamar, é claro.

Observando os comportamentos, vi que não sou igual a todo mundo. Nossa, sou muito diferente. E não na maneira bacana hype, idéias avançadas, evoluídas, de ser. Da maneira diferente mesmo, toda torta.

O universo me programou numa versão 1.0 de um Linux fundo de quintal. Eu cada dia atualizo o sistema, mas Windows eu nunca vou ser. E tá ótimo. Tem gente que acha Linux muito mais prático e genial (eu, por exemplo, mas não na minha analogia, na realidade mesmo), e tem gente que gosta de Windows. Por N motivos. Que eu não quero saber. Me interessa saber de quem prefere Linux. A esses, pode chegar mais, traz uma cerveja que papo é o que não vai faltar.

Eu reclamo, sim, pra me expandir. E você, sim, já pode reclamar que não queria saber.

--

--