A Flávia

Natalia Morais
outro lado
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3 min readJan 28, 2019

Flávia é uma das minhas melhores amigas. Hoje já não lembro há quanto tempo a conheço; deixei de contar depois da marca dos dez anos. Uma das coisas que mais gosto de lembrar da nossa infância é dela aparecendo com vários pontos na testa, e do quanto aquilo tinha me impressionado, pois eu só conseguia pensar na dor que ela devia ter sentido e a coragem que ela precisou pra passar por aquilo.

Flávia sempre me impressionou. A sua personalidade sempre me impressinou, a coragem de levar os pontos na testa me impressionou, o modo como ela se coloca desde o dia um me impressinou, falar o que ela pensa sem floreios sempre me impressinou, o modo como ela se expressa e é ela mesmo queira gostem ou não, sempre me cativou.

Com ela passei praticamente todas as minhas metamorfoses e foi com quem dividi muitas descobertas. E por isso por muitas vezes, confesso, quis ser como ela. Saímos do fundamental, e fomos para ensino médio, pro cursinho, pra faculdade, pro bar e pra vida adulta – a qual por sinal, ainda estamos tentando entender como funciona. Foi pra ela que contei que gostava também de meninas e não só de meninos, que tinha depressão, que tinha tomado a decisão de deixar a faculdade e ir morar em outro país. Com ela eu nunca precisei de floreios, sempre pude ser eu mesma, mesmo sabendo da pouca paciência que ela tem pra tudo. Eu, que sempre penso ser um inconveniente pra todo mundo, com ela nunca me senti desconfortável, nem para mandar um áudio de cinco minutos no WhatsApp pra falar de coisas sem sentido ignorando nosso trato de mandar no máximo três audios de um minuto cada, mas ela ainda que com ódio, sempre escuta tudo.

Hoje é 28 de Janeiro e a Flávia está fazendo 23 anos, e embora ainda seja muito nova, já viveu muito. Ela é uma mulher tão forte e tenho muito orgulho das coisas que ela conquistou até aqui. Não é fácil não estar com ela, mas mesmo assim a gente ainda divide tudo; até mesmo quando estamos em lugares publicos com uma dor de barriga horrorosa: “Eu to com dor de barriga e preciso ir ao banheiro, mas to presa no ônibus”.

Flávia é uma das pessoas que mais me encanta e mais admiro nessa vida. Quem a conhece sabe que por trás da personalidade durona dela, ela é uma pessoa que se importa muito. Flávia é muito amiga, defende os amigos que tem, da esporro quando precisa, e principalmente; ela os acolhe – ainda que às vezes não saiba o que dizer – ela vai faze-los companhia. As vezes vai mandar um meme, uma música, uma carta que seja, para distraí-los da bagunca que estão vivendo, ao mesmo tempo que por muitas vezes enfrenta suas proprias batalhas sozinha.

A Flávia é aquela amiga cheia de dons artísticos, ela toca violão e guitarra, canta – que voz bonita, minha gente -, que escreve e também ensina. A Flávia é aquela amiga que você quer ter por perto porque não precisa de muito, só a companhia dela basta. Eu sinto falta das nossas tardes vendo TV juntas, ou videos no YouTube, ou fazendo as unhas, fazendo um bolo, indo pro bar ou só sentadas na van a caminho da faculdade.

A Flávia é muito diferente de mim, eu choro por tudo e quero abraçar o mundo de um jeito que me faz perder o rumo – não que ela também não queira. A diferença é que ao contrário de mim, ela vê o mundo com os pés no chão. A gente vive todos os dias o outro lado do mesmo mundo, e eu não sei de muita coisa sobre o amanhã, mas sei que a amizade dela influência muito em quem sou, e o que quero ser nessa vida. A Flávia é a amiga que eu quero que todos conheçam e que também sejam amigos. A Flávia está fazendo aniversário e eu queria conseguir dizer o quanto a amo, o quanto ela faz falta e o quanto ela é querida. Tenho certeza, que não sou a única a vê-la dessa forma.

Flávia merece muitas coisas boas, ela é incrível.

Você merece o mundo, Flá.

Feliz Aniversário, eu te amo.

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Natalia Morais
outro lado

Pisciana, 27 anos de muitos "não entendi, me explica de novo?!" Sonha em ser escritora, mas pouco escreve e deixa textos pela metade no blocos de notas.