Jerome, Lizzo

Thiago Dantas
outroblog
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2 min readJul 11, 2019

De repente, não mais que de repente, Lizzo estava em todo lugar. Tudo que era publicação sobre música e todos que prestavam atenção ao que estava na “margem do pop” só falavam sobre ela. Era uma novidade, uma grande novidade — que, vish, nem era tão nova assim: o disco que empolgou todo mundo, Cuz I Love You, de abril de 2019, era o terceiro da cantora.

Mesmo assim, o álbum soava como algo novo porque os dois anteriores nem de perto chegaram a ser populares como este. E também soavam assim porque havia nele algo que falta na maioria das novidades que circulam por aí hoje em dia: alma.

Jerome, a quarta faixa do trabalho, é um exemplo dessa coisa tão abstrata que aqui se faz tão tangível: a alma. Mais do que isso, é um exemplo de uma canção-soul-perfeita.

Num ambiente sonoro e temático que dialoga com o desespero do soul que Jill Scott resgatou tão bem há uns anos, Lizzo pinta e borda nos vocais (repara só no gemido do comecinho que soa como algo que Michael Jackson em The Way You Make Me Feel) e com bom humor e ironia ela transforma o que poderia ser uma break-up-song em um “ô, acorda, vagabundo: saia da minha vida, infeliz!”.

O resultado é uma canção cheia de graça, raiva e alma — que confirma que todos os louros que a mocinha recebeu nos últimos meses não foi em vão. Ela merece, ela merece!

Jerome, presente no álbum Cuz I Love You, de 2019, da Lizzo.

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Thiago Dantas
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Uma espécie de Macabéa, só que mais trouxa. 31 anos, paulistano, comunicólogo e professor.