Nova pesquisa do Observatório da Vida Agreste (OVA) analisa imagem e propõe novas visibilidades

OVA UFPE
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2 min readAug 23, 2022

Projeto nascido no curso de Comunicação Social da UFPE põe lupa sobre as representações midiáticas, analisa o Nordeste e quer propor pluralidade midiática

Foto: Aline Mariz (JC). Missa do vaqueiro, Serrita, Sertão pernambucano, 2017. Bandeira é erguida como forma de protesto ao crescente número de assassinatos da população LGBT na região.

Suscitar não só questionamentos, mas também mudanças: o projeto Mídia e subjetividade: uma análise sobre a manutenção do poder através da produção noticiosa e o fomento de estratégias insurgentes, é a mais nova pesquisa do Observatório da Vida Agreste (OVA). A pesquisa se volta para a análise de representações normalmente feitas de regiões e pessoas, com o Nordeste em destaque, e reúne oito pesquisadora/es estudantes do curso de Comunicação Social da UFPE, campus Caruaru.

O projeto é coordenado pela professora Fabiana Moraes e vai funcionar como um guarda-chuva para diversos estudos. Atualmente, três já estão sendo realizados: Espetáculo e apagamento no polo de confecções do Agreste: Cor, classe e invisibilidade no Festival de Jeans de Toritama (Ânily Santos); Reciclagem e gênero: Quando um trabalho desvalorizado é revolução na vida das mulheres (César Martins); Restaurando imagens, reconstruindo discursos: Redes sociais de artistas mulheres e novas visibilidades (Maryane Gomes).

A primeira pesquisa investiga a exclusão de mulheres negras, trabalhadoras das facções, no Festival do Jeans. Já a segunda traça paralelos entre falta de oportunidade, gênero, reciclagem, estigma e redes sociais, enquanto a terceira analisa como as redes sociais constroem novas oportunidades de representação não usual. Os projetos contam com o apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

Racismo, estereótipo e identidade são pautas frequentes na mídia, mas segundo a orientadora Moraes, o modo como a notícia é construída deve ser revista. “Me parece que, na comunicação e especificamente no jornalismo, ainda precisamos nos debruçar com mais atenção nessa imprensa que cresce e se profissionaliza”. Para isso, é preciso (re)pensar questões como representação, manutenção de poder, subjetividade, objetividade e mídia no campo do jornalismo.

Levantamento bibliográfico norteia esta discussão e passeia por nomes como Muniz Sodré, Rosane Borges, Márcia Veiga, Erick R. Torrico Villanueva. “Suas críticas ao cientificismo, ao pensamento binário e excludente, à dominação colonial/masculina e ao racismo, dentro do campo da comunicação e do jornalismo, trazem a ferida para o palco em lugar de desconsiderá-la ou amenizá-la”, acrescenta Moraes. “A correria do dia a dia, as pressões, a precarização do trabalho, são realidades e muitas vezes empecilhos para uma prática reflexiva, é verdade”, continua Moraes e aponta que o jornalismo e a comunicação precisam, por isso, estar dispostos a falar sobre o mundo que investiga e descreve com mais sensibilidade.

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A proposta do laboratório é, a partir do contexto sociocultural do Agreste Pernambuco, realizar atividades de pesquisa e extensão.