Pandemia com rodízio de água

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3 min readJul 30, 2020

Compesa anuncia que Sítio dos Nunes, no Sertão, passará por períodos de desabastecimento. Moradores sem grandes reservatórios temem as dificuldades

Elizabeth tem pouco espaço para estocar água. Se precisar comprar, vai ter que desembolsar R$ 14 por tambor

Géssica Amorim (texto e fotos)

Na última semana, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) informou que o distrito de Sítio dos Nunes, em Flores, cidade do sertão pernambucano, passará a ser abastecido por rodízio. Serão dez dias com água na torneira — e três dias sem ela. Segundo a Compesa, a medida foi tomada pelo fato de o sistema que atende ao distrito não ter capacidade de fornecer água à sua cidade vizinha, Custódia, simultaneamente. Em um momento no qual lavar as mãos com ainda mais freqüência é uma obrigação por conta da pandemia, a medida causa preocupação na comunidade.

Parte do armazenamento de água na comunidade é realizada em tonéis e tambores de baixa capacidade

A decisão da Compesa se deu porque há uma baixa na vazão da bateria formada por quatro poços localizados em Vila de Fátima (outro distrito do município de Flores) e que atendem as duas localidades. A mudança na frequência do abastecimento, que inicialmente estava prevista para a última terça-feira (28/07), foi adiada por problemas técnicos na adutora que leva água até Custódia. A Compesa está ajustando o seu calendário para divulgar novas datas para o início do rodízio.

A medida preocupa moradores do distrito que não dispõem de uma grande capacidade de armazenamento de água para o uso durante o período em que não haverá fornecimento. É o caso de Elizabete da Silva Nascimento, 28 anos, que mora com o seu marido, Marco Matos do Nascimento, 24, e o seu filho de 3 anos, Marcos Vinícius, na travessa São João. Elizabete possui, além do reservatório do seu banheiro, dois tambores de pouco mais de 200 litros, cada, para guardar água para cozinhar, beber, lavar roupa, lavar louça, usar o banheiro e tomar banho.

Posto da Compesa em Sítio dos Nunes

“É muito ruim quando falta água. Principalmente com essa doença, agora. A caixa do banheiro num instante seca, que é pequena. Sem água subindo todo dia, fica ruim pra lavar roupa, cozinhar, tomar banho, lavar as roupas do meu filho. Quando falta água assim e não dá pra passar, a gente acaba comprando do pessoal que vem de fora vender aqui”. O tambor de água custa em média R$ 14.

Segundo a última atualização do boletim epidemiológico de Flores, divulgado na quarta-feira (29/07), na página oficial da prefeitura no Facebook, o município contabiliza 75 casos confirmados para a Covid-19, 48 casos recuperados, 26 casos suspeitos e 5 óbitos em decorrência do novo coronavírus. O distrito de Sítio dos Nunes segue com um caso confirmado.

A Travessa São João é uma das áreas atingidas pelo rodízio, causado pela baixa vazão da bateria nos poços locais

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projeto de extensão do Observatório da Vida Agreste (OVA), Curso de Comunicação Social da UFPE/Centro Acadêmico do Agreste (CAA)