Sítio dos Nunes: pizza, sushi e delivery feito a pé

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OVA UFPE
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3 min readJul 3, 2020

Isolamento provoca criação de novos negócios no distrito de Flores, no Sertão

Gessica Amorim (texto e fotos)

Andreza sai para entregar tapiocas feitas pela mãe, Maria da Conceição: variedade foi meio de atrair clientes
Maria viu a venda das tapiocas cair mas não parou a produção: inventou mais sabores e aumentou o negócio

Não foi só nos grandes centros que o investimento e a procura pelo serviço de entrega em casa cresceram: em decorrência da pandemia da Covid-19, o distrito de Sítio dos Nunes (Flores, sertão de Pernambuco), também aderiu mais fortemente ao serviço. Sítio, que tem pouco mais de 4 mil habitantes e já tinha a opção de delivery de pizzas, agora conta com entrega de petiscos, salgados, churrascos, tapiocas e sushi.

As últimas entregas, além de serem novidade no distrito, são uma maneira de complementar a renda de quem oferece o serviço. Geralmente, as ofertas dos produtos e suas variações são feitas em diferentes dias da semana, o que diminui os riscos de prejuízos causados pela concorrência num lugar pequeno como o distrito. A assistente social Sabrina Kelly, 29 anos, que aprendeu a fazer comida japonesa durante a quarentena, produz e vende sushi aos domingos. Ela anuncia o produto durante toda a semana e, por trabalhar com uma quantidade limitada de ingredientes, recebe as encomendas até um pouco antes de iniciar a produção.

Sabrina e o cunhado Alessandro: produção de sushi feita a partir de agendamentos e dia específico de entrega

Sabrina trabalha com o seu marido, Aleanderson Francisco, 32, e o seu cunhado Alessandro Virgínio, 37, na montagem e entrega dos pedidos, que além de serem vendidos em Sítio dos Nunes, podem ser entregues em cidades vizinhas e, em alguns casos, na zona rural, dependendo da demanda. Sabrina enxerga de um modo positivo a escolha de dias diferentes para a venda de produtos variados. “A nossa população é pequena, mas acredito que tem espaço pra todo mundo. Sempre tem aqueles que gostam de uma coisa, mas não gostam de outra. E eu acho ótimo que as pessoas pensem assim, que cada um faça em um dia. Assim, as informações não se chocam em um dia só e, nesse momento, todo mundo ganha de alguma forma”.

Pelas dimensões do distrito, as entregas de comida podem ser feitas a pé. É o caso das tapiocas da pensionista Maria da Conceição da Silva, 64, que antes da pandemia já vendia tapiocas de coco e manteiga todos os dias de manhã pelas poucas ruas de Sítio dos Nunes. Sem poder sair de casa, por conta das determinações públicas de isolamento social, as vendas caíram e Maria, com sua filha Andreza Santos, 26, decidiram variar o cardápio (agora, entre as opções, tem charque, frango, linguiça calabresa e queijo coalho) e aderir ao serviço de delivery. Aos sábados, Maria da Conceição recebe os pedidos, faz as tapiocas e Andreza sai para fazer as entregas. Para a filha de Maria, os resultados têm sido positivos. “O nosso serviço tem poucas semanas, mas está melhor do que o esperado. Até agora, a gente teve uma boa procura e um bom número de pedidos”, diz.

Entrega de sushi em Malhada dos Bois, zona rural de Betânia, cidade vizinha a Flores

Segundo a última atualização do boletim epidemiológico de Flores, publicado ontem, o município contabiliza 42 casos confirmados para Covid-19, 34 recuperados, 121 descartados, 15 casos em investigação e 2 óbitos confirmados. O distrito de Sítio dos Nunes segue com 1 caso confirmado e nenhum suspeito.

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projeto de extensão do Observatório da Vida Agreste (OVA), Curso de Comunicação Social da UFPE/Centro Acadêmico do Agreste (CAA)